capítulo 5: descobertas e decepções

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    Confesso que estou feliz por estar tendo um motivo levantar todas as manhãs, conversar com a pessoa desconhecida sobre um livro de suspense, também admito que seria muito mais fácil conversar pessoalmente ou por qualquer rede social, mas acaba tirando a magia da coisa toda (eu sei que você lembrou que eu agora vivo num mundo de magia mas você entendeu o contexto) e outro motivo bem plausível é que é meio como atirar no escuro você colocar seu número de telefone num livro em um espaço público. Infelizmente hoje a biblioteca está fechada por ser dia da limpeza.
    Vou ter uma aula daqui a alguns minutos de luta e digamos que estou nervosa pelo simples fato de que eu nunca tive esse tipo de aula e porque não curto muito (na verdade nada) sobre atividades físicas.
    O espaço da aula é em uma parte do parque em que falei com Martín e por isso ele sussurra uma piadinha sobre já conhecermos o lugar e me seguro para não demonstrar que estou arrepiada com seu hálito em minha nuca e orelha.
    Me saio melhor do que imaginava mas realmente caí muitas vezes. Tipo muitas mesmo. Não gosto da prática de lutar por mais que goste da teoria, você tem que prever e desviar ou rebater os movimentos do seu adversário e tudo isso a tempo o bastante para evitar um soco na boca. Prefiro muito mais tentar saber quem foi a pessoa que já assassinou alguém do que evitar que alguém seja essa pessoa e me mate.
    Depois da aula cansativa, vou lanchar no parque com Poppy e Martín. Colocamos uma toalha de piquenique, sentamos e rimos como se fôssemos amigos desde a infância. Poderia ser coisa da minha cabeça mas sentia que Martín sempre arranjava algum jeito de me tocar, como da vez que eu estava com a perna esticada e ele fazendo carinho com o dedo polegar como se ele não estivesse fazendo nada, ou da vez que ele me fez cócegas e termos parado um encima do outro na grama.
    Quando terminamos, Poppy me pede para ir com ela no quarto da irmã dela para pegarmos um caderno que ela certa vez deixou lá depois de estudar. Chegamos no quarto e tive que piscar algumas vezes para entender que aquilo era real. Quem eu estava vendo na minha frente atendendo a porta e falando com minha nova melhor amiga e aparentemente irmã dela era a moça misteriosa gótica na moto voadora.
    -Mana, já falei pra você não trazer pessoas que eu não conheço para o meu quarto.- Ela diz com voz de que falou aquilo literalmente um milhão de vezes.
    -Celine sempre mal educada com as visitas, vim pegar o caderno amarelo que deixei aí na última vez que vim.- Poppy tenta amenizar a grosseria da irmã com um jeito de pedir desculpas para mim disfarçadamente.
    Penso em falar que já vi ela chegando com a moto mas isso parece muito mais stalker depois que formulo a frase na minha cabeça.
    -Em falar em visita, cabeção, essa é a Akemi, ela veio do mundo dos humanos.- Sinto como se ela estivesse falando e eu não estivesse ali.
    -Ah oi, legal você ter vindo.- Celine diz procurando em um armário e não me olha enquanto fala.- E aqui está seu caderno viu.
    Nós saímos e fiquei um pouco decepcionada com a atitude dela que provavelmente foi causada por um dia ruim mas ainda sim é grosseiro.
Poppy me contou a caminho do quarto que amanhã vai ter uma festa de solstício de inverno na balada perto da escola e que ela queria que eu fosse porque normalmente todos ou alunos vão.
-Você sabe que eu não sou do tipo de pessoa que curte festa né amiga.- Falo querendo que ela me entenda.
-Pensa comigo, você entrou na escola a pouco tempo então vai uma ótima oportunidade de conhecer pessoas novas ein.- Ela diz com aquela voz que consegue convencer qualquer um a fazer qualquer coisa.
Acabo aceitando a proposta mesmo que isso signifique que eu vá ficar sozinha, sentada e olhando para as pessoas igual um gato desconfiado.

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