- Um; A criminal and his best friend -

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Adrien sabia que era arriscado. Sabia que viver uma vida dupla, sendo um modelo conhecido da marca do pai e um streamer famoso da Twitch, não era a melhor ideia. Sabia que se Gabriel descobrisse certamente passaria o resto da vida de castigo.

Mas ele gostava de ser Chat Noir, onde ninguém sabia que ele era o grande modelo teen; Adrien Agreste, onde ele poderia ser quem quisesse.

E não demorou muito para que o gatuno das lives se tornasse famoso. Chat era divertido, engraçadinho, soltava piadas constantes e falava muito palavrão. Extremamente diferente de Adrien como modelo, sempre simpático e sorridente, as vezes sério, mas sempre se comportava como um verdadeiro príncipe intocável.

A vida era boa, ele admitia. Conseguia conciliar as sessões de fotos e as gameplays na Twitch sem que ninguém desconfiasse quem ele realmente era.

Mas ele não estava verdadeiramente preocupado em ser descoberto pelo pai ou até pelas outras pessoas.

Oh, certamente não.

Adrien sabia se esconder. Sabia que nunca seria pego se tomasse cuidado.

Mas a sua maior preocupação tinha nome e sobrenome, e não era Gabriel Agreste, ele poderia lidar com o pai, convencê-lo. Contudo sabia que não poderia lidar com Marinette Dupain-Cheng; a melhor pessoa que ele já havia conhecido, melhor amiga de infância e secretamente sua paixão desde os dez anos de idade.

Marinette detestava Chat Noir.

E sentado de frente para ela no intervalo, na mesa do refeitório ele so queria poder sumir.

— Ah, Marinette! Fala sério. Ele é legal e super divertido. Você que é muito enjoada.

Adrien observou Alya defendê-lo sem saber disso e balançar a cabeça em negação para as afirmações da Dupain-Cheng.

— Fala sério você, Alya. Ele é muito desbocado, esconde o rosto nas lives, tá sempre com o mesmo moletom preto de capuz e a câmera só pega o nariz pra baixo. - gesticulou. - O que esse cara esconde?! Como é que eu vou gostar de alguém que esconde o próprio rosto?! E outra, e se ele faz isso por que, sei lá, é um criminoso? Ou um fugitivo?

Adrien tossiu engasgando com o suco de laranja que tomava quando Marinette terminou sua fala. Nino ao seu lado bateu em suas costas para lhe ajudar. Logo o amigo lhe encarou como se pedisse para ele se controlar.

Um criminoso? Um fugitivo?

Sério?! Sério, mesmo Marinette?!

Ele admirava a criatividade da franco-chinesa, mas para tudo havia limite.

— Não acha que tá exagerando um pouco, Marin?! - o Agreste a questionou brincando com o canudo de papel do suco.

Ela olhou para ele, piscando diversas vezes como se desse conta, naquele momento, que ele estava ali. Pigarreou.

— Você acha? - ela o questionou tímida e Adrien balançou a cabeça levemente encarando os olhos azuis tempestuosos da garota. - Tudo bem, talvez, só talvez, eu esteja exagerando um pouquinho. Mas será que sou a única que acha estranho ele fazer questão de se esconder tanto?!

— Ele ficou famoso muito rápido, talvez ele não queira essa fama toda. Talvez, ele só queria sentar e jogar sem ter que ser reconhecido na rua. - o Lahiffe saiu em defesa do streamer, olhando de relance para o Agreste.

"Ou porque ele já é famoso o suficiente na vida real pra querer ser mais." - o loiro pensou.

— Nino tem razão, Marinette. E olha pro Adrien, ele é a prova viva disso. Um modelo famoso que não pode colocar os pés pra fora de casa sem ser assediado pela mídia.

— Tá bom, Aly. Eu entendi, mas isso não faz dele alguém confiável pra ficar seguindo, querendo ou não, ele influencia muita gente e ninguém sabe como é o rosto dele.

— Bom, a gente sabe como é o nariz, a boca e o maxilar dele, e ainda sabemos que ele é loiro, não é suficiente?! - a caucasiana pontuou com um sorrisinho zombeteiro vendo a Dupain-Cheng arregalar os olhos.

— Sério, Alya?!

— Ah, Marinette. Por favor, vai me dizer que nunca reparou no quanto ele é bonito?! - bufou - Marin, Chat Noir é literalmente um tremendo de um gato com aquele sorriso matador que ele tem.

— Aly! - Nino chamou a atenção da garota para si, como se a lembrasse que ele estava ali.

Adrien escorregou na cadeira, envergonhado com o comentário da Césaire. Se aquela conversa continuasse ele certamente ficaria vermelho como um tomate.

— Desculpa, meu amor! - ela se aproximou do namorado. - Mas eu não sou cega. Além disso, ele não faz meu tipo. - deu um selinho rápido no menino.

Marinette desviou o olhar e mordeu o lábio inferior. Adrien reparou nas bochechas ruborizadas da menina. Ele não entendeu o porquê ela parecia um tanto constrangida. Talvez, estivesse vermelha de raiva pelas insinuações de Alya.

O garoto suspirou. Marinette o detestava sem saber. Como ele poderia conquistá-la se ela odiava uma outra parte de quem era?

Não teve tempo para pensar em uma resposta. O sinal para a aula havia tocado. Adrien se levantou pensando que poderia ir para sala ao lado de Marinette, mas a melhor amiga já havia sumido junto de Alya para algum canto do colégio.

— Um dia você vai ter que contar pra ela. - Nino bateu levemente em seu ombro.

O Lahiffe era o único que sabia de seu segredo.

Os dois caminhavam lado a lado até a sala de Artes no segundo andar.

— Eu sei disso, mas...ela detesta o Chat Noir, como eu posso contar pra ela? - pararam em frente à porta ainda trancada da sala.

— E você é apaixonado por ela. Acha mesmo que se ela descobrir vai se afastar de você?! - encostou as costas na porta ficando de frente para Adrien.

— Eu não sei...eu só não quero arriscar. Não quero arriscar nada do que eu tenho com a Marinette por alguma coisa que eu não sei se tem futuro. - gesticulou e a expressão se contorceu em dúvida.

— Se você gosta mesmo dela vai ter que se arriscar. Ou você vai querer o posto de melhor amigo pra sempre?! - Nino cruzou os braços e maneou a cabeça.

Adrien virou apoiando os braços na grade observando o pátio abaixo dele, vendo Marinette de braço dado com Alya. As duas conversavam sobre algo que ele não saberia dizer o que era, mas a Dupain-Cheng mantinha uma expressão mimada no rosto, um biquinho ornava os lábios e as bochechas eram pintadas por um vermelho vivo.

Ela era adorável.

E se quisesse desfazer aquele biquinho com os próprios lábios como sempre quis fazer, ele precisava agir.

Ou talvez, ele não precisasse de tamanho esforço.

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What F*ck...?Onde histórias criam vida. Descubra agora