capítulo 12

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Doze

Nunca vi Ally tão aparvalhada.

- Ela sabe todos os seus segredos? - Ela está
me olhando como se eu tivesse acabado de informar, com orgulho, que vou sair com uma assassina em série.

- O que você quer dizer com isso?

- Eu me sentei perto dela num avião e contei tudo sobre mim.

Franzo a testa para o reflexo no espelho e arranco outro fio de sobrancelha. São sete horas, eu tomei um banho, sequei o cabelo e agora estou fazendo a maquiagem.

- E agora ela convidou Camila para sair - comenta Dinah, abraçando os joelhos. - Não é romântico?

- Você está brincando, não está? - Ally está pasma. - Diga que isso é uma piada.

- Claro que não estou brincando! Qual é o problema?

- Você vai sair com uma mulher que sabe tudo sobre você.

- É.

- E está perguntando qual é o problema? - Sua voz cresce, incrédula. - Está maluca?

- Claro que não estou maluca! -

Eu sabia que você estava a fim dela - gaba-se Dinah, pela milionésima vez. - Eu sabia. Desde o momento em que você começou a falar dela, meu gaydar apitou. - Ela olha para o meu reflexo. - Eu deixaria essa sobrancelha em paz agora.

- Verdade? - Olho o meu rosto.

- Camila, a gente não fala para a pessoa que estamos afim sobre a gente! A gente tem de guardar alguma coisa! Mamãe sempre me disse que nosso parceiro, no seu caso parceira, nunca deve ver o conteúdo da bolsa da mulher.

- Bem, é tarde demais - eu a desafio. - Ela já viu
tudo.

- Então isso nunca vai dar certo. Ela nunca vai respeitar você.

- Vai sim.

- Camila - insiste Ally, quase com pena. - Você não entende? Você já perdeu!

- Eu não perdi!

Algumas vezes acho que Ally não vê cônjuges como pessoas, mas como robôs alienígenas que devem ser dominados por qualquer meio
possível.

- Você não está ajudando muito, Jemina - intervém Dinah - Qual é, você já teve um monte de encontros com empresários ricos. Você deve ter algum conselho bom!

- Certo. - Ally suspira e pousa sua bolsa. - É uma causa sem solução, mas vou fazer o melhor possível. - Ela começa a contar nos dedos. - A primeira coisa é estar impecável.

- Por que você acha que eu estou fazendo as
sobrancelhas? - rebato, com uma careta.

- Ótimo. Certo, outra é mostrar interesse pelos passatempos dela. De que ela gosta?

- Não sei. Carros, eu acho. Parece que ela tem um monte de carros antigos no rancho.

- Muito bem! - Ally fica animada. - Isso é bom. Finja que você gosta de carros, sugira
visitarem uma exposição de carros. Você poderia folhear uma revista de carros no caminho para lá.

- Não posso - respondo, tomando um gole relaxante, pré-encontro, de Harvey's
Bristol Cream. - Eu disse a ela no avião que odeio carros antigos.

- Você fez o quê? - Ally parece a ponto de me dar um soco. - Você contou a mulher com
quem vai se encontrar que odeia o passatempo predileto dela?

- Eu não sabia que ia me encontrar com ela, sabia? - digo na defensiva, pegando minha base. - E, de qualquer modo, é verdade. Eu odeio carros antigos. As pessoas que andam
neles sempre parecem metidas a bestas e satisfeitas consigo mesmas.

Os Segredos de Camila CabelloOnde histórias criam vida. Descubra agora