Vida, Morte e Amor

Não é uma despedida, e sim um "Te vejo em breve"

No meio de tantas caixas marrons, encontraram um vídeo vhs, nele havia um cartão com uma única palavra grudada: o nome de Tarble escrito com uma letra feminina e bela, logo Vegeta e Bulma decidiu assistir bem antes do menino souber de sua existência. Uma precaução necessária.

Não foi uma escolha muito legal, mas tinham que ter certeza do que se tratava. No final, se tratava de uma mensagem de Lettuce, uma mensagem importante para o segundo filho.

Mais tarde, Tarble soube da existência do vídeo cassete e pediu, cheio de determinação, para que sua nova família estivesse presente quando o visse pela primeira vez, porque sabia que iria fugir caso o medo o dominasse. Estava tão ansioso e tão nervoso de expectativa.

Iria finalmente conhecer a voz dela.

Acataram o seu desejo. Panchy apagou as luzes e sentou ao lado do Sr. Briefs. Tarble ficou no meio entre Vegeta e Bulma, ansioso de tanto transpirar. Como era a ação de respirar, de qualquer maneira?

O irmão mais velho também estava ansioso para assistir novamente e desta vez daria mais atenção. Já tinha visto e só uma vez, porém, parecia estar numa nuvem e a essa nuvem o entorpeceu e o fez ficar perdido. Não se lembrava de maneira clara a mensagem e precisava urgentemente se recordar da voz dela.

No fim, os Briefs e os garotos iam assistir aquela mensagem de treze anos atrás. E, caramba, fazia tudo isso de tempo? O primeiro filho dela realmente não se lembrava de tantos detalhes para se recordar da mãe trabalhando num vídeo para o mais novo. Ao passar dos anos as lembranças com a mãe ficavam mais nebulosas.

Como a duração é de dez minutos, deveria ser mais fácil de assistir. Mas nunca seria fácil.

Bulma não sabia como o caçula iria reagir e torcia para que ficasse bem e aceitasse com carinho. Ela deu um sorriso para o adolescente e segurou a mão dele, e também esperou até o namorado fazer o mesmo gesto.

Bulma e Vegeta seguraram a mão de Tarble, dando o máximo de apoio possível e a gravação começou.

A tela se sincroniza ao aparelho antigo.

Tudo começou com uma mulher encarando a câmera. Ela mesmo a segurava, apontando-a para o próprio rosto. E acenou.

— Oi, Tarble. É a... sua mãe.

Então ela baixou a câmera e todos conseguiram ver uma barriga saliente, um vestido branco com detalhes dourados e um quarto de casal. Era o quarto dela e do marido.

Lettuce sentou-se na cama.

— Vou me apresentar corretamente. Com certeza você já me viu em centenas de fotos pela sala de estar ou seu pai falou em como eu vivo no mundo da lua. Então, eu espero atender às suas expectativas. Espero ser tudo o que você sempre sonhou... Enfim, eu me chamo Lettuce, hoje tenho vinte e sete anos e estou gravida de você, Tarble.

A tela tremeu com uma filmagem ficando borrada, mas ela se recuperou.

No presente, Vegeta ficou em choque. Não esperava que nenhuma das imagens o mostrasse em sua idade pueril; eventos preciosos e perdidos nas recordações com a mãe, e bem antes do caçula ascender a este mundo.

— Vou te contar um segredo: eu sempre quis ser mãe. Estou até com vergonha de lhe contar isso. Bem, você será o meu segundo filho, e isso me traz uma sensação real de satisfação. Veja bem, eu sou esse tipo de mulher. Sempre quis uma família com muitos filhos. E sonhava com um bom marido e bebês gordinhos e lindos.

Lettuce se levantou e mostrou a casa. O quarto do segundo andar tinha um berço e uma cama de solteiro.

— Você vai compartilhar o quarto com o seu irmão, Vegeta. Tudo ok, né? Lembre-se, Tarble, que quando estiver em algum momento difícil da vida, conte com o seu irmão, afinal, ele vai te proteger. Eu sei que sim.