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O amor é para poucos

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O amor é para poucos.

Eu soube disso há tempos, quando ainda era uma criança e minha mãe, uma prostituta de um bordel barato em Londres, acabou deixando-me sob os cuidados de meu progenitor, o homem que me dera mais do que apenas seu sobrenome.

Ele me dera um lar.

Apesar de minhas origens, papai sempre me instruiu a ser e demonstrar o meu melhor, mas por mais que me esforçasse para ser como ele, nunca obtinha resultados porque, infelizmente, éramos diferentes demais.

E não somente fisicamente.

Éramos polos opostos.

Onde ele era racional, eu era intuitiva. Onde era educado, eu era grotesca e, sobretudo, onde ele era gentil, eu era fútil.

Papai sempre me disse que nossa nítida diferença se dava por eu ser detentora de um gênio forte, mas eu sempre soube que ele estava mentindo para amenizar a situação.

A verdade era que, apesar de possuir sangue nobre em minhas veias, minhas verdadeiras origens sempre pareciam sobressair-se a todo o restante de minha personalidade.

E isso se dava justamente por eu ser mais parecida com ela, do que gostaria de admitir.

Era estranho parecer tanto com alguém que nem mesmo conhecia, mas era o que meu pai me dizia, a cada vez que colocava seus belos olhos acinzentados sobre mim.

"Você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida", ele dizia.

Até que passou a usar essas mesmas palavras à Georgina Winchester, a mulher com a qual se casou, tendo, como resultando, Catherine Anne- Thompson, minha irmã caçula.

A partir dali, tudo mudou.

Passei de filha única à bastarda em pouquíssimo tempo e aos poucos, acabei tornando-me uma completa estranha no lugar que, há pouco, costumava chamar de lar.

Com o passar dos anos, tudo foi se tornando ainda pior à medida em que Catherine crescia, assemelhando-se cada vez mais ao nosso pai e me via gradativamente mais deslocada dentre aquela família.

Catherine tinha os belos olhos azuis-acinzentados de nosso pai, unidos àqueles estonteantes cabelos castanhos que herdara de sua mãe e, até nisso, não podia deixar de invejá-la.

Assim como ela, eu também herdara o tom de cabelo de minha mãe.

Diferentemente de Georgina, Catherine e meu pai, que era loiro, eu tinha cabelos ruivos na cor de labaredas pelos quais não podia deixar de envergonhar-me, porque chamavam atenção por onde quer que eu passasse.

Não era segredo algum que mulheres como eu – ruivas – haviam sido atiradas em fogueiras, acusadas de bruxaria e a julgar pela forma como Lady Georgina fitava-me, podia apostar que ela pensava exatamente o mesmo.

O Amor Não É Para TodosOnde histórias criam vida. Descubra agora