Jin Se

Capítulo 15 - Conspiração

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Tudo o que Shi Wuduan sabia era que o imperador era muito importante e que todos os plebeus tinham que ouvir suas ordens, mas ele não sabia que os imperadores deveriam ser respeitados e reverenciados, então ele não achava que ver o imperador era uma grande honra ou algo assim. Tudo o que ele sabia era que tinha uma comitiva muito grande, então ele deixou seu esconderijo e entrou na montanha Jiulu.

A visão o chocou profundamente – se aquele convidado era tão importante que todos os discípulos estavam se despedindo dele, além da enorme comoção nas montanhas, então por que ele não tinha visto seu shifu?

Ele também não tinha visto Kuruo-shishu. O coração de Shi Wuduan afundou enquanto ele lentamente voltava seu olhar para Bitan e Banya. Uma suposição sinistra começou a vir à tona em sua mente. Se seu shifu tinha desaparecido e todos os guardas da montanha estavam mortos, o que estes dois estavam fazendo, enviando orgulhosamente a carruagem imperial? Para que foi tudo isso?

Suas mãos e seus pés ficaram congelados quanto mais ele seguia aquela linha de pensamento.

Até mesmo o pássaro de Jade e o coelho pareciam ter sentido sua mudança de humor. Ambas as criaturas estúpidas se deitaram silenciosamente ao seu lado.

A comitiva que seguia a carruagem imperial era muito longa, mas muito ordeira. Porém, não importava o quanto marchassem ordenadamente, ainda assim, era uma ampla distração. Quando a longa carruagem passou na sua frente, ele usou uma cobertura para rastejar para fora dos arbustos. Ele tinha aprendido alguns feitiços de ocultação, embora não conseguisse se esconder completamente. O máximo que ele conseguiu foi fazer com que os olhos de alguém ficassem embaçados.

Ele pensou por um tempo, e depois recolheu um punhado de pedrinhas. Ele silenciosamente encantou o feitiço de ocultação e furtivamente deixou um rastro de pedrinhas em seu caminho.

Ele não estava apenas espalhando pedras para se divertir. Em segundos, a testa de Shi Wuduan estava coberta com o brilho do suor - esta era uma matriz muito simples mas muito complicada que ele havia aprendido com Jiang Hua, chamada matriz de camuflagem. Ela podia ser moldada usando qualquer objeto aleatório, mas exigia que o conjurador tivesse um profundo conhecimento de adivinhação. A colocação de cada objeto tinha que ser calculada com extrema precisão.

Shi Wuduan não podia tirar seu astrolábio para ajudá-lo a calcular, então ele só podia fazer isso de cor e ainda tinha que se certificar de que ele também permanecesse agachado entre a vegetação. Ele andou apenas uma dúzia de passos, mas para ele parecia que havia caminhado meia vida. Quando ele passou pelas defesas da Seita Xuan, suas roupas esfarrapadas já estavam ensopadas de suor.

Mesmo assim, ele não se atreveu a baixar a guarda. Ele estava agora a apenas três ou quatro metros de Bitan e Banya. Estes dois shishu eram cultivadores poderosos no nível de seu shifu. Sua habilidade e cultivo eram inimaginavelmente imensos. Embora a procissão imperial ainda não tivesse saído totalmente e a situação ainda fosse um pouco caótica, ele tentou ao máximo não fazer barulho enquanto respirava fundo e pressionava com força uma pedra contra o peito. Ele colocou a pedra em sua mão e recuou.

Ele havia amarrado o pássaro e o coelho à cintura. Muitos anos depois, quando Shi Wuduan contaria esta história a outros, quando o passado já era pó no vento e ele mesmo havia esquecido o sentimento de medo e terror que havia experimentado em sua juventude, ele contava a história durante o chá como uma anedota divertida, embora os ouvintes atentos ficassem sempre horrorizados.

Como uma criança como ele, protegida pelo mestre da seita nas profundezas das montanhas, que além de cultivar só sabia brincar e fazer travessuras, que nunca havia sequer vislumbrado a escuridão do coração humano, conseguiu manter sua compostura e agir tão racionalmente nesse tipo de situação?