Ao meu amado espantalho

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Vou deixar claro algumas coisas antes que comecem a ler, caso não tenham visto as tags, trata-se de uma carte de despedida, de suicídio, fiz todos os avisos que consegui e agora aqui.


Caso não se sinta confortável com esse tema, por favor, não leia.


É uma mistura de desabafo pessoal durante uma crise de ansiedade, com minha paixão por angst, com songfic, pois faço citação a música "Depressão do VMZ" (colocarei o link no final).


Caso não esteja bem, procure ajuda, meu querides, amo vocês.


Para quem decidiu se arriscar, boa leitura!



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"Ao meu amado espantalho


Peço desculpas por partir assim, mas não aguentava mais. Sentir as coisas com tanta intensidade é demais para que eu possa suportar. A culpa, o remorso, o arrependimento me consumiram e eu me afoguei nesse mar de emoções sem conseguir sair e por fim, deixei as ondas me levarem para o mar aberto, sem nenhum colete salva-vidas, sem nenhum barco ou um tronco flutuante para que pudesse me manter acima das águas turbulentas.

Sabe, você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida e os momentos que passamos juntos foram os mais felizes, mas ultimamente eu sinto que tudo que faço é uma perda de tempo, que estou destruindo o meu legado, aquilo que lutei para construir.

Eu não aguento mais ouvir as pessoas me dizendo que preciso ser forte, continuar, não desistir, mas eu sempre vou para o outro lado, remando contra a maré.

Eu vivo... eu sobrevivo a cada dia, fingindo que estou bem. Estava vivo por fora enquanto por dentro eu já estava morto. A vida é um livro de dor e sofrimento, não um conto de fadas. A vida é um mar de rosas, mas daquelas cheias de espinhos que rasgam a pele e pintam o mar azul de vermelho.

Me sentia preso a um pesadelo, daqueles em que quanto mais você corre mais lento você fica e o que você tentava evitar chega cada vez mais perto. Cansei de correr.

Eu possuo uma ferida aberta, que não cicatriza, não fecha, não cura. Quem dera fosse uma ferida física, seria bem mais fácil de lidar, bastava colocar um curativo e esperar um tempo que ela sumiria, deixando talvez apenas uma pequena marca em meu corpo. Mas a minha não é assim, ela nunca vai fechar, ela já consumiu 99% do meu ser e os remédios que tomo na tentativa de salvar o meu 1% não fazem mais efeitos.

Eu queria mudar quem eu sou, mas não posso, eu sou um monstro, alguém que não merece estar aqui. Sinto que corro contra um relógio parado, buscando tempo que não tenho, para corrigir o que não pode ser corrigido.

Eu escrevo-lhe por não ser forte o suficiente para lhe encarar pessoalmente e olhar em seus olhos e dizer a verdade, contar toda a verdade. Eu sou um covarde.

Hoje eu acordei sabendo que seria meu último dia aqui. Passei a noite em claro chorando, na esperança de aliviar todo o peso que carrego, mas foi em vão. Desde que eu descobri a verdade, desde o momento que descobri que ele era seu irmão, todo o esforço que fiz para superar o que aconteceu foi por água abaixo.

Ao meu amado espantalhoOnde histórias criam vida. Descubra agora