Stargazing

O Estranho

O avião de Sarah pousou no aeroporto internacional de Dubai às 23:30 da noite. Suas malas já haviam sido enviadas para o destino final, então ela estava em posse apenas de uma bolsa e uma mala de mão. Ao entrar no sala de espera das conexões, Sarah foi se acomodar.

Tinham algumas outras pessoas sentadas logo perto da entrada, então ela foi até o fundo da sala, onde havia apenas um homem loiro sentado. Ela se sentou a uma poltrona de distância dele, colocando os pertences ao seu lado, abrindo a bolsa de mão e pegando seu notebook para assistir à um episódio de Scandal enquanto esperava.

Um episódio e meio depois, Sarah notou que havia passado quinze minutos do horário previsto para seu vôo e no mesmo instante, uma atendente da companhia aérea entrou na sala e disse:

— Boa noite, senhores. Quem aqui está esperando pelo vôo F8053 com destino à Tokyo?

Aquele era o vôo de Sarah, então ela levantou a mão. O homem perto dela também levantou a dele.

— Eu estou. — eles disseram juntos. Os dois se olharam rapidamente num impulso antes de focarem novamente os olhos para a atendente.

— Nós estamos enfrentando alguns problemas com uma mudança drástica no clima da cidade. Vim anunciar para que os senhores haverá um delay de duas horas. Em nome de toda a companhia, eu peço desculpas pelo transtorno e agradeço pela compreensão dos senhores. — ela disse, com uma voz nasalada.

Sarah respirou fundo e tentou dizer para si mesma que estava tudo bem em aguardar mais duas hora, mas não acreditou muito nas próprias palavras. Ela já sentia-se muito cansada, não tinha conseguido dormir direito durante o longo vôo de Los Angeles até ali. Também se sentia levemente arrependida de ter saído para correr na manhã da viagem. Estava há meses sem se exercitar e foi correr justamente naquele dia, na tentativa frustrada de ganhar o sono pelo cansaço durante a viagem.

Sarah teve suas reclamações mentais interrompidas quando uma voz desconhecida soou perto dela:

— Que saco, né? — disse o homem sentado perto dela, o qual ela havia sentado à uma poltrona de distância.

— Siimm. — Sarah afirmou, por educação. — Um saaco.

Um silêncio de cinco segundos pairou no ar, até que o estranho falou novamente:

— Você é de L.A.?

Sarah deu um risinho rápido antes de responder:

— Sou. — disse, tentando explicitar um tom impaciente na voz. — Como você soube?

— O sotaque. — o estranho sorria. — O jeito como você disse "siim". As meninas de L.A. sempre falam desse jeito arrastado.

Sarah não respondeu nada. Apenas arqueou as sobrancelhas, deu um riso falso e voltou os olhos para a tela do notebook.

O estranho soltou mais uma frase no ar:

— E também estão sempre de mal-humor.

— Desculpa?! — Sarah agora estava, de fato, ficando de mal-humor e respirou fundo antes de concluir.— Eu estou muuito longe de casa, no meio da madrugada, cansada após um vôo de quinze horas e acabei de receber a notícia de que meu próximo vôo está atrasado. Desculpe se estou de mal humor. — e voltou novamente o rosto para o notebook.

— Poxa, que pena. — o estranho disse, com um tom simpático. — Acredita que o mesmo aconteceu comigo?

Enquanto ele falava, Sarah realizou que, realmente, não havia sido muito educada enquanto falava com o cara. E não podia deixar de considerar que, independente de qualquer coisa, ele estava na mesma situação estressante que ela. Ela se virou para o homem, dessa vez de uma forma mais tranquila e disse: