Curious for you

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Cato estava inquieto durante toda a aula. A sua vontade era de simplesmente se erguer, tacar o foda-se e se retirar da sala de aula. Era final de período e ele já havia apresentado o seminário que o professor havia estabelecido como última parte da nota. No entanto, o seu professor deixou bem claro que, apesar de já terem apresentado o trabalho, uma parte da nota seria dar a devida atenção a apresentação de seus colegas de classe. E era aquela maldita regra valendo nota que estava mantendo ele alí, sentado no fundo da sala, enquanto via um de seus amigos apresentar o seminário, o último seminário.

A apresentação acabou e o professor indagou se alguém possuía alguma pergunta. Duas garotas ergueram as mãos. Cato as reconheceu apenas pelas pulseiras que usavam. Eram as insuportáveis da turma. Duas garotas cujo único propósito era babar o ovo dos professores fazendo questionamentos desnecessários noventa por cento do tempo. Ele apenas rolou os olhos e deixou a sua mente viajar mais uma vez, se lembrando da sensação quente que era sentir os lábios nos seus, gerando um calor estranho, porém gostoso. Enquanto o professor e as suas duas purgantes que viviam penduradas em seu saco faziam perguntar para o aluno que havia acabado de apresentar, o louro mantinha os olhos fixos na parede ao lado do aluno em análise se lembrando da maldita e, simultaneamente, boa, festa na casa de Johanna Mason, há três semanas atrás.

É. Exatamente isso. Ele estava havia três malditas semanas repassando aquele maldito beijo no final da festa. Os lábios quentes e úmidos de vodka dançavam com os seus enquanto suas línguas se tocavam em movimentos calmos e tranquilos para alguém com o coração tão acelerado pela ansiedade. Talvez fosse a calmaria do outro lado que ditava o ritmo suave. Aquela sensação não deixava a sua mente em paz por dias.

O Hadley suspirou puxando o celular do bolso e abrindo uma conversa no telegram com uma de suas amigas de ensino médio, que estudava na mesma faculdade. Assim que o chamado fora respondido por outra mensagem, Cato a questionou se ela estava livre. Ela confirmou. Ele, então, perguntou se ela estaria afim de um café após a sua aula.

Café?! Eu estou evitando tomar cafeína por uns dias. Tenho tomado muito café e energético para terminar os trabalhos do estágio.

Ela respondeu enquanto ele ainda digitava.

Tenho que te contar uma coisa e preciso de sua ajuda.

Ele enviou antes de ler a mensagem dela. A frustração lhe tomou assim que leu a mensagem. A cafeteria em frente ao parque da universidade era o melhor lugar para se conversar em privacidade. E o assunto que ele queria tratar com a sua amiga era bem particular. Seria a primeira vez que falaria com alguém sobre a festa de Johanna. A primeira vez que falaria tudo o que aconteceu na festa. Antes que, se quer pudesse começar a digitar algo, outra mensagem chegou logo em seguida, com letras maiúsculas, dizendo que estaria na cafeteria em três minutos.

Cato riu.

- desgraçada! – resmungou com um sorriso de canto.

- disse algo, senhor Hadley? – inquiriu o professor e o louro se engasgou, surpreso, negando com a cabeça logo em seguida.

- certo, então. Estão liberados. As notas de vocês estarão no sistema em breve. Lembrem de dar uma olhada. Qualquer dúvida, me mandem um e-mail. Isso é tudo – ditou o homem de camisa social e gravata observando, logo em seguida, todos os alunos se erguerem e começarem a sair da sala.

Cato, com os seus um e oitenta e oito de altura saiu correndo pela porta como um animal em uma caçada, chamando a atenção em meio aos colegas de classe, que ainda estavam guardando os seus materiais. Até mesmo quem não havia apresentado o seminário naquele dia havia tirado algo da mochila que precisou guardar. Mas Cato estava desesperado e já havia guardado tudo há dez minutos atrás. Ele estava ansioso para alcançar o ponto de encontro. Chegar a cafeteria não seria um trabalho difícil. A sua última aula era bem perto. O que seria, realmente difícil, seria fugir de Glimmer no processo. A mulher e suas amigas estavam praticamente fazendo uma ronda no prédio, a sua procura. A loura estava louca atrás de di fazia alguns bons dias. E ele já não aguentava mais aquilo. O louro teve que se esconder em uma sala, ao perceber Glimmer há alguns bons metros de distância, junto com as amigas, procurando por ele em meio aos outros alunos. Ele praguejou baixinho enquanto pensava em como alcançar as escadas, que estavam logo ao lado do grupo de mulheres. De repente, ele sentiu uma mão em seu braço, lhe assustando. Quando se virou, deu de cara com uma mulher baixa. Com apenas seus um e cinquenta e oito metros de altura, Rue lhe lançava um sorriso engraçado.

- desculpa. Eu não queria te assustar –

- Jesus! – exclamou o louro, aliviado.

- fugindo da Glimmer? – inquiriu a baixinha vendo o louro, envergonhado, menear com um sorriso constrangido.

- vem comigo – disse puxando o mais velho pelo pulso até o fundo da sala, subindo as escadas sendo observada pelo maior parte de seus colegas de turma, que não estavam acostumados com a presença de um dos jogadores de futebol americano da faculdade.

Ele pararam diante de um rapaz magro de cabelos escuros e olhos claros. Ela sorriu gentil na direção do colega, que lhe encarava, a espera de sua pronúncia.

- hey, Ian. Pode me emprestar o seu boné? Eu tenho que ajudar o meu amigo aqui a sair do prédio sem umas putinhas vejam ele –

O moreno a encarou com um sorriso divertido, antes de negar com a cabeça e lhe entregar o boné.

- claro! Me devolve na noite do RPG – disse entregando o objeto para a mulher, que sorriu de canto e lhe lançou uma piscadela.

- pode deixar. –

Ela se virou para o homem trinta centímetros mais alto e empurrou a vestimenta na direção dele.

- agora coloca isso, veste o seu casaco e coloca a sua mochila pra frente – ordenou deixando o homem confuso.

- esse é o seu plano, Rue?! – perguntou, incrédulo. – a Glimmer não é tão burra -

- confie em mim. As vezes, os neurônios daquelas lá tiram férias – disse ajustando a própria mochila, enquanto Cato seguia as suas ordens.

- tá. Mas e agora? Eu não mudei quase nada! –

- agora, você pega essa tela grande e me ajuda a chegar até o meu carro – falou apontando para uma tela com uma pintura que se encontrava apoiada na parede.

E então Cato compreendeu.

- Rue, você! É! Perfeita! – exclamou pegando a pintura feita pela sua amiga e a erguendo até cobrir o seu rosto.

A mulher sorriu e abriu a porta, permitindo que o homem passasse com a sua tela. Os dois caminharam na direção das escadas com tranquilidade. E Cato se surpreendeu com o efeito do disfarce sobre o grupo de amigas. Eles se aproximaram as escadas com tranquilidade. Alcançaram os degraus e começaram a descer. Quando se colocou de lado para Glimmer, Cato moveu o quadro, de forma a esconder o seu rosto e abria caminho para enxergar os degraus. Glimmer estranhou a enorme dela em meio as escadas assim que a pintura ficou de fronte para si. Ele olhou para Rue logo ao lado da tela e pensou por um instante, analisando o quadro.

- Hey, Rue! – exclamou a loura, chamando pela morena, que ergueu a cabeça, ao alcançar o segundo lance de escadas.

Caro gelou e, ao alcançar o segundo lance, moveu o quadro para cima, tentando se esconder abaixo da enorme tela.

- gostei do quadro – elogiou vendo a mais baixa sorrir e agradecer.

- obrigada. O seu cabelo está ótimo, hoje – Rua sorriu uma última vez e seguiu descendo a escada.

- eu quase infartei! – exclamou o louro em um sussurro, assim que saíram do alcance da visão de Glimmer e suas amigas.


Rue gargalhou.

- eu disse que ia funcionar – eles conseguiram sair do prédio sem problemas.

Alcançaram o carro de Rue e  Cato colocou a tela no banco de trás, como pedido pela mulher. Ele devolveu o boné para que ela o devolvesse para o colega de classe e se despediram. Cato agradeceu, mais uma vez, e se virou para sair enquanto Rue dava a partida no carro. De última hora, ele se virou para a amiga e se abaixou para poder colocar o rosto na altura da janela do veículo.

- hey, Rue. Você foi para a festa da Johanna? – perguntou o louro vendo a amiga engatar a primeira marcha e lhe encarar pela janela.

- A fantasia? –

- essa mesmo –

- não. Eu adoeci e foquei em casa. Por que? – respondeu, curiosa com a pergunta.

- não, nada. Só curiosidade –

- mas eu fiquei sabendo que foi loucura. O Marvel realmente nadou pelado na piscina da Johanna?! –

Cato riu, se lembrando da aposta que Marvel e Finnick fizeram.

- sim. Ele que começou a aposta e ele perdeu –

- Jesus! –

- enfim, valeu pela ajuda –

- de nada! Qualquer dia desse vou visitar sua mãe –

- não vou nem falar, porque ela vai cobrar –

A mulher riu e acelerou, mandando um beijo para o louro.

Quando alcançou a cafeteria, ele procurou pela mesma mesa de sempre, a vendo recheada de pessoas desconhecidas. Suspirando, ele passou a procurar pela amiga pelas outras mesas, encontrando um cabelo ruivo singular em meio aos universitários. Ele se aproximou por suas costas e se colocou sentado diante da mulher, que apenas ergueu um olhar analítico para si, antes de voltar a abaixar o olhar para o livro a sua frente.

- nossa! Que recepção calorosa! – exclamou o louro vendo a ruiva franzir o cenho em sua direção.

-  quer calor, se joga na fogueira, varapau! –

- cara de raposa velha – ralhou vendo a amiga erguer o dedo do meio para si.

- fala logo, desgraça. O que está rolando? – perguntou a mulher com o olhar fixo em seu livro, mas os ouvidos atentos ao amigo.

E Cato sabia que ela estava lhe dando a atenção. Ele a conhecia há anos. Suas famílias eram amigas. Ele sabia quando a amiga estava lhe dando atenção e quando estava lhe ignorando. Passaram muito tempo juntos, o que gerou esse reconhecimento mútuo entre eles. O louro suspirou, procurando coragem para falar. Ele estava desesperado e havia decidido pedir ajuda a sua amiga Finch, mas, agora que estava ali, ele sentia o rubor tomar conta do seu rosto e o receio surgir em si. Finch, também conhecida por si como Foxface, apenas ergueu uma das mãos para pegar o café que se encontrava entre eles.

Em mais um suspiro, Cato decidiu colocar as palavras para fora.

- é que... Aconteceu uma coisa na festa da Johanna – disse ele, chamando um pouco mais da atenção da amiga.

- a festa que eu queria muito ir mas não pude? – comentou ela, visivelmente chateada. Cato não respondeu a sua pergunta retórica.

- tipo, aquilo nunca foi como imaginei – comentou, começando a refletir sobre a festa, tentando achar um jeito de contar aquilo para Finch.

- é. Eu fiquei sabendo que foi uma loucura. Gente nadando pelada, fazendo striptease no telhado. Fiquei sabendo também que jogaram um carro na piscina e um urso de pelúcia no microondas. Ah, e também que vomitaram em um jarro caríssimo da mae dela-  comentou a ruiva, completamente desinteressada na festa que ela queria muito ir, mas não pôde por motivos de trabalho atrasado.

- tipo, não era a minha intenção. Sabe? Ali! Na festa!

- acontece, Cato! –

- sim. Foi... Sabe? A coragem brotou do nada! A bebida estava na mão. E só... Sabe? Queria testar. Fiquei curioso. Disseram: vai? E eu só fui – o louro, envergonhado e um tanto ansioso apenas começou a falar enquanto jogava a sua mochila ao seu lado e abaixava a cabeça, encarando a mesa, brincando xom o indicador sobre a superfície.

- pois é! Quem nunca? Não é mesmo? – comentou a ruiva não realmente prestando tanta atenção quanto o amigo jurava que ela estava fazendo.

- eu beijei um cara e eu gostei – ditou com a voz nivelada, tendo a certeza de não ter chamado a atenção, não percebendo que a amiga continuava o que estava fazendo.

Segundos depois, sua amiga Foxface parou tudo o que fazia. Ela ergueu os olhos do livro, analisando a imagem do homem a sua frente. Cato a encarou, receoso, como uma criança que tenta esconder a artimanha diante de uma pessoa mais experiente. Ela riu baixinho, negando com a cabeça.

- gostou do brilho labial de cereja? – inquiriu, irônica, voltando a sua atenção para o livro, não notando a expressão confusa do louro.

- brilho labial? Fynch, você está me ouvindo?! Eu... Beijei um cara! – exclamou o louro antes de abaixar o tom de voz, o mudando para um sussurro.

- é. Eu sei. Para experimentar, não? Vamos torcer para a sua namorada não se importar – a ruiva e o homem franziu o cenho

- do que caralhos você está falando?! Glimmer e eu terminamos faz dois meses! – exclamou o Hadley, indignado, vendo a amiga sorrir, erguendo o café.

- achou mesmo que eu não iria perceber Katy Perry?! – perguntou folheando o seu livro, ainda sem encarar o amigo.

Cato se debruçou sobre a mesa, fechando o livro da amiga e  o colocando sobre a mesa. A ruiva, indignada, finalmente voltou a lhe dirigir o olhar, encontrando os seus olhos irritados. Ele estava puto! Uma de suas melhores a migas, a única com quem podia contar naquele momento, estava lhe ignorando quase que completamente enquanto ele estava em meio a uma crise de identidade. Ele esta a surtando enquanto sua amiga relaxava com um café e um livro, se quer lhe olhando na cara.

- que mané Katy Perry! Você tá louca, porra?! – ralhou, irritado, cruzando os braços.

Fynch franziu o cenho, estranhando a atitude do amigo.  Cato não era o tipo de homem que perdia a linha por ter uma pegadinha descoberta pelos amigos. Ele, normalmente iria sorrir e choramingar por ter sido descoberto, alegando possuir amigos chatos e insuportáveis.

- espera... Você... Você está falando sério?! – exclamou a mulher, pegando o livro com uma mão e o colocando sobre o colo, para que o objeto não tivesse a capa arranjada.

- é claro que eu estou,  Foxface! –

O espanto perdurou na face da ruiva por alguns segundos, antes de um sorriso ser somado ao choque, criando a sua cômica expressão de animação. Cato franziu o cenho. A mulher bateu na mesa com a palma das mãos algumas vezes, animada. Fynch se debruçou minimamente sobre a mesa, com o intuito de poder abaixarem o tom de voz.

- como diabos?! Quando?! Por que?! Gostou mesmo?! Me conta tudo! –

Cato suspirou, antes de coçar o queixo, onde a barba já dava sinais de estar voltando a crescer. Ele abaixou o olhar, ainda um tanto envergonhado antes de o garçom se aproximar com o bloco de notas em mãos, em um questionamento silencioso enquanto encarava o louro. O Hadley pediu um café preto forte e um cupcake de morango. O garçom apenas anotou e se retirou.

- vai, me conta! – pediu a ruiva se debruçando e agarrando o pulso do amigo com a não, chamando a sua atenção.

- tudo começou quando Glimmer e eu terminamos – disse o louro vendo a amiga franzir o cenho, pensativa

- o que a mimada tem a ver? –

- você sabe como ela é ciumenta. E ela não aceitou bem o término do namoro –

- é. Eu sei. Ela fez todo um escândalo – resmungou fechando a cara ao se lembrar de todos os dramas que presenciou a loirinha mimada fazer.

--e ela adora fazer posse da influência do pai dela para conseguir o que quer – resmungou o louro ouvindo a amiga suspirar.

- pois é. Eu conheço o jeitinho dela – resmungou rolando os olhos.

- então, já que não estava conseguindo me convencer a voltar a namorar ela. A Glimmer resolveu ameaçar as mulheres do campus. Se ela visse ou soubesse que alguma delas ficou comigo, ela iria destruir a vida delas. E, bem, a festa da Johanna teve, praticamente, apenas o nosso campus como convidados. Havia apenas umas poucas pessoas de fora – o louro resmungou brincando com a chave de seu carro sobre a mesa.

- espera. A chantagem dela deu certo?! – indagou, perplexa.

- sim. Eu tentei, mas todas as garotas da festa me evitaram. E eu fui para essa festa justamente com o intuito de pegar alguém – respondeu, chateado, vendo a amiga lhe encarar com descrença.

- que vadia! Então, sem ter como marcar, você simplesmente resolveu fazer gol contra?  Do nada? – argumentou Fynch, erguendo as mãos, antes de voltar a abaixá-las sobre a mesa.

- não! A parada teve todo um contexto! – exclamou sorrindo de canto com a amiga, antes de suspirar, pensando em como começar.





Ele estava puto!

Estava frustrado e o álcool em seu corpo apenas fazia a sua raiva queimar mais ainda, como se estivesse jogando gasolina na fogueira. Cato sentia toda a sua raiva e frustração se concentrar em seus braços e ele socou a parede da casa de Johanna. A festa já estava perto do fim e o movimento havia, surpreendentemente, diminuído. O espaço entrar as pessoas havia se tornado fácil de fazer passagem. O movimento no andar de cima era feito apenas por casais que estavam procurando um lugar mais reservado, ou por pessoas que queriam se afastar um pouco da música alta do andar de baixo para poderem conversar melhor.

Ou faziam como Cato, que apenas procurava paz e se afastar das pessoas para não acabar descendo a mão em alguém e começando uma briga totalmente desnecessária. Ele sabia que estava um pouco alto. Não o suficiente para nós saber o que estava fazendo ou esquecer toda a noite ba manhã seguinte. Mas ele estava alto o suficiente para se deixar levar pela emoção e ansiedade. E a sua emoção de raiva estava explodindo no peito, e agora, nas parede de Johanna.

Ela não podia fazer aquilo consigo. Ela não tinha o direito de afastar as pessoas de si. Havia tentado se aproximar de algumas mulheres naquela noite. Mulheres estas que, ao reconhecerem o Hadley naquela fantasia de Jason Vohrees, faziam questão de se afastar, temendo pelo castigo que poderiam sofrer por parte de Glimmer.

A loura insistia que eram o casal perfeito da cidade, e que deveriam seguir com o relacionamento.

O principal motivo para Cato terminar com Glimmer Pryde fora essa mania que a mulher tinha de querer ser perfeita, não importando o preço. O modo como ela exigia que o mundo a sua volta girasse como ela bem entendesse, não importando o que tivesse que fazer e muito menos o que alguém poderia acabar perdendo com aquilo. Não sendo ela a sair perdendo, seria sempre uma vitória.

E agora, lá estava ele, completamente frustrado e indignado. Estava tão ansioso por aquela festa desde que Johanna anunciou a mesma. Ele queria beber, dançar e beijar na boca. Era a primeira festa que ia depois do término. Mas, a sua ex-namorada conseguiu estragar tudo. A verdade era que Glimmer estava infernizando a sua vida desde que terminaram. Primeiro, fotam os escândalos tanto privados quanto em público. Depois bieram as perseguições. Não importava onde Cato fosse, Glimmer ou uma de suas amigas Channel estariam lá.

As insuportáveis Channel, como foram apelidadas.

Eram sombras de Glimmer, garotas que se encantavam pela vida que a garota levava devido ao seu poder econômico, e faziam de tudo para sempre estarem com elas. Três desmioladas sem caráter, era assim que Cato as via. Mulheres tão vazias quanto Glimmer Pryde.

- não vai dar certo – uma voz grave lhe surpreendeu, chamando a sua atenção.

O louro com a máscara do assassino sobre os cabelos se virou, encontrando um rapaz louro de estatura baixa e rosto quadrado atrás pilantras atrás de si. Pela posição em que se encontrava, o estranho com uma roupa azul com uma máscara sobre os olhos estava imperceptível para o mais alto, o que explica a surpresa . Aquilo que ele estava vestindo era um roupão? Ou uma daquelas roupas japonesas? Ele não sabia dizer. O estilo da roupa parecia muito. A julgar pela localização e posição do outro, Cato sabia que ele estava ali há mais tempo que si e que não o havia visto devido a raiva e a coluna da casa.

- o quê? – inquiriu, confuso.

- Jason quebrou uma parede de velha de madeira, não uma de tijolos, cimento e mármore – comentou o louro de vestes azuis vendo o mais alto lhe encarar confuso.

- eu não estou recriando a cena! – exclamou o Hadley, irritado.

- eu sei. Só estava tentando lhe distrair da raiva – ele respondeu sorrindo de canto, voltando a lhe dar as costas para se manter apoiado na pilastra.

- valeu – foi tudo o que o mais alto disse, antes de voltar a se focar na parede, desta vez sem a agressividade.

- o que aconteceu que te deixou tão furioso? Se é que eu posso perguntar – indagou o mais baixo, com calma, ainda sem lhe encarar.

- a minha ex. Ela está conseguindo estragar a minha noite –

- e o que ela fez, exatamente? –

Cato suspirou e se virou para a pilastra.

- ela é bem influente, sabe? É Glimmer Pryde, conhece? – inquiriu vendo o mascarado lhe fitar por sobre os ombros.

- a filha do empresário Isaiah Pryde? –

- é. Essa daí. Ela usa o nome do pai para poder conseguir o que quer. Inclusive ameaçar qualquer mulher da universidade que se aproxime de mim –

- entendo. Realmente, a senhorita Pryde aparenta ter esse tipo de comportamento – comentou, curioso.

-  e já faz dois meses que terminei com ela. Mas ela insiste em não aceitar essa porra! E eu estava todo animado para essa festa. Eu queria beber, dançar e pegar alguém. Mas toda mulher que me reconhece, na mesma hora, se afasta. Ela conseguiu foder com tudo! –

- e você vai dar esse poder a ela? – a pergunta lhe surpreendeu.

O loiro mais alto franziu o cenho, vendo o outro se movimentar um pouco para se ajustar melhor contra a pilastra.

- como? –

- vai deixar que ela faça isso com você? –

- bom. Eu não tenho muita escolha, certo? +

- então pretende voltar com ela? –

- não. Claro que não! –

- então? –

- bom – o mais alto tentou se explicar, mas se viu perdido em meio aos argumentos. – então o que você faria no meu lugar? –

O outro riu malicioso e Cato estranhou.

- vamos ver... Eu começaria indo até ela e virando um grande copo da bebida mais colorida que tiver encima dela. Ela é bem orgulhosa, pelo que vi, e odiaria que estragassem a sua aparência em um evento social – Cato crispou os lábios.

Não era uma ideia ruim. Mas havia um problema.

- ela já foi embora... Com o Marvel –

- hm.... Nesse caso, estabelecer dominância sobre si mesmo. Mostra que rla não manda em você –

- e como diabos? –

- vai lá e beije alguém –  a resposta gerou um rolar de olhos no homem vestido de Jason.

- que parte de: garotas estão me evitando você esqueceu? – perguntou cruzando ao braços.

- eu não disse se precisava ser uma garota ou não – respondeu dando de ombros.

Cato fora surpreendido pela resposta, o que lhe gerou um engasgo com saliva.

- como é?! – questionou, perplexo.

- ah, você sabe! Quem não tem cão, caça com gato. Se as mulheres estão fora do seu alcance, tente com os homens – o mais baixo soltou com naturalidade, dando de ombros

O Hadley piscou os olhos surpreso, antes de ver o outro olhar por sobre os ombros, com certa surpresa nos olhos atrás da máscara.

- ow! Bem, você pode ser hétero. Esqueci disso. Estou um pouco tagarela pela bebida. Como não conhecia muita gente, decidi encher a cara ao invés de bater boca – o homem mais baixo ergueu a mão direita, revelando um copo que o outro não havia notado até agora.

Cato riu brevemente, negando com a cabeça.

- ainda tem? – inquiriu e o mais baixo ergueu a mão esquerda, revelando uma garrafa de vinho.

- com certeza! – o mais alto se aproximou e estendeu a mão para o baixinho.

- posso tomar um pouco? –

- claro! – respondeu lhe entregando a garrafa.

Cato virou um bom gole da bebida, antes de se oferecer para encher o copo do outro, que apenas estendeu o copo. O Hadley analisou o outro, agora que se encontravam de frente, notando melhor a fantasia do mesmo. O outro vestia uma máscara de algum animal branco com linhas tribais vermelhas que lhe cobria do nariz até a testa. O kimono era azul com detalhes também em vermelho, surpreendentemente fino para uma fantasia. A parte de cima estava entreaberta, rebelando o abdômen um tanto trabalhado do outro. Sua calça era larga e, aparentemente, tão fina quanto o torso. Entre as pernas do mais baixo, Cato notou uma cauda felpuda falsa.

- você está de quê? – perguntou, curioso.

- ah, isso aqui? Estou de Kitsune – respondeu tomando um gole do vinho em seu copo.

-  kitsune? Está aí uma que não se vê todo dia – comentou observando o mais baixo sorrir.

- desculpa se te ofendi mais cedo. Não é bom deixar um cara meio bêbado mais irritado do que ele já está –  Cato tomou mais um gole do vinho.

- relaxa. Não me ofendi. A sua ideia foi... Boa. Não nego. Glimmer ficaria puta se soubesse que seus esforços são inúteis – respondeu se colocando ao lado do rapaz com máscara de raposa - mas, por outro lado, eu nunca fiquei com um cara antes. E, confesso, que fiquei curioso. Mas não consigo pensar em ninguém que tope isso, agora. Conheço praticamente todo mundo que sobrou na festa, o que é outra coisa que me incomoda – finalizou voltando a beber um pouco, direto da garrafa.

- o que, exatamente, te incomoda nessa gente? – questionou finalizando a bebida em seu copo, e estendendo a mão para que Cato voltasse a encher o seu copo.

- bom. Eu conheço quase todo mundo, e eu, sei lá, não queria que as pessoas soubessem dessa... Pequena experiência – proferiu, um tanto envergonhado por estar se abrindo assim para um completo estranho.

O mais baixo riu, dando um gole no copo quase cheio.

- não tiro a sua razão –

- e, para finalizar, não conheço nenhum cara que toparia fazer isso – comentou dando de ombros e voltando a beber, percebendo que a garrafa já estava no fim.

Um sorriso de canto surgiu nos lábios alheios, junto de um som presunçoso.

- eu não me importaria de ajudar em seu experimento – Cato se engasgou com o vinho e o outro gargalhou.

- você... Está falando sério? – inquiriu o Hadley, surpreso. O mais baixo deu de ombros.

- por que não? Eu gosto tanto de mulheres quanto de homens. E nós não nos conhecemos. Os seus dois problemas resolvidos de uma única vez – respondeu voltando a beber.

Cato franziu o cenho.

Era um fato. Não sabia quem era aquele cara. Mas, por outro lado, ele também não sabia se ele era confiável. Cato não conhecia nenhum cara louro daquele tamanho no campus da faculdade. E, como um dos titulares do time de futebol americano, ele conhecia muita gente, dos mais variados cursos. Mas aí surgia um novo problema. Cato Hadley era popular e não queria que sua nova experiência fosse descoberta. Principalmente se ele não gostasse do resultado. Seria aquele estranho mascarado e, aparentemente, legal, confiável?

- tem razão. Eu não te conheço. E você disse que não conhecia a maioria das pessoas. Como posso saber se posso confiar em você? –

O mais baixo deu de ombros.

- é um risco que você deve escolher se corre ou não. Mas, se te serve de consolo, uma amiga que me arrastou para a festa. Conhece Primrose? –

- Everdeen? –

- essa daí mesmo. Nos conhecemos há alguns anos. E ela insistiu que eu estaria nessa festa, ou ela mudaria de nome –

De fato, Cato a conhecia. Era a irmã da namorada de Johanna. Ele conhecia ela o suficiente para saber que a mulher adorava evitar pessoas em quem não confiava. Se Primrose era tão próxima daquele cara para o arrastar até uma festa da maluca da Johanna, então ela confiava nele.

- é. Eu acho que você é confiável – comentou, engolindo em seco, nervoso.

- e sou mesmo –

Cato coçou a garganta e deu mais um gole no pouco vinho que restara. Ao suspirar após a deglutição, o louro mais alto deu um passo a frente, se virando para o mais baixo. O mascarado lhe lançou um olhar confuso, antes de arregalar brevemente os olhos.

- ow! Você vai fazer?! – indagou, surpreso, vendo o outro se surpreender também e corar, dando um passo para trás.

- n-não... não estava falando sério? - inquiriu, nervoso e envergonhado.

- eu tava, eu tava.. Eu só... Não esperava que você fosse aceitar tão rápido – comentou ainda surpreso, antes de ele se aproximar do outro, tomando a iniciativa, desta vez, vendo o mais alto dar de ombros.

- só se vive uma vez. Tem mais é que experimentar – argumentou abaixando um pouco devido a diferença de tamanho evidente entre eles dois.

Cato riu um pouco ao perceber o outro se colocar nas pontas dos pés para lhe alcançar os lábios. O próprio mascarado riu, antes de o Hadley permitir que seus lábios entrassem em contado. O beijo fora calmo,. Normal para duas que acabaram de se conhecer e uma delas se encontrava nervosa. O mascarado pediu passagem com a língua, que fora cedida quase que prontamente. Quando o mais baixo passou a conduzir o beijo, Cato suspirou. O louro de kimono deslizou uma das mãos pelo ombro do mais alto, a guiando para a nuca do outro. As pontas frias dos dedos alheios arrancaram outro suspiro do Hadley, que levou a sua mão livre para a cintura do mais baixo, sentindo o quão fino, realmente, era o tecido que lhe cobria o torso. Eles encerraram o beijo, recuperando o ar, mas sem se afastar, antes de Cato iniciar o segundo beijo, agora com mais urgência. O outro rou brevemente contra o seus lábios, antes que Cato pedisse passagem com a língua. Assim que o baixinho permitiu a passagem, os dois acabaram desequilibrando e cambaleando até que o jogador pressionasse o mais baixo contra a pilastra em que antes o outro estava escondido.

Os dois caíram na risada. Cato com a cabeça baixa, tentando encarar o mais baixo, e o mascarado com a cabeça erguida ao teto, apenas gargalhando alto.

- acho que já bebi demais por hoje – comentou o Hadley, se afastando minimamente, apenas para não pressionar o outro.

- eu não posso julgar – respondeu sentindo a mão livre do outro puxar, suavemente o seu queixo, para que pudesse lhe beijar mais uma vez.

Ele sorriu

- pelo visto, você gostou da experiência – comentou, travesso, levando sua mão livre para o pescoço alheio mais uma vez, antes de emaranhar os seus dedos em meio aos fios dourados.

- com certeza. Você beija bem para caralho! – sussurrou contra a boca alheia, antes de voltar a beijá-la.

Eles ficaram aos beijos, na varanda do andar de cima da casa de Johanna, de forma despreocupada. Quando um toque de celular ecoou pelo ambiente, os dois homens se sobressaltaram, assustados. Cato se afastou do mais baixo em um pulo, enquanto que o outro gargalhava, levando a mão para o interior do torso da fantasia.

- tenha calma, Jason. Não vai me meter a faca apenas por um celular – brincou o mais baixo vendo o mais alto rir, constrangido.

- foi mal – murmurou um tanto nervoso, olhando ao redor.

- ah, merda! – murmurou o mascarado, chamando a atenção do homem fantasiado do clássico assassino.

- o quê? –

- eu tenho que ir – reclamou o mascarado voltando a colocar o celular no bolso interior do kimono.

Cato se sentiu frustrado.

- já? – reclamou chateado vendo o mascarado sorrir minimamente.

- é... É um saco, mas eu realmente tenho que ir. Eu tenho um compromisso amanhã... No caso hoje. E o Sol nem nasceu e o dia já está me dando problemas –

- ah... Ok. Se você realmente precisa... – comentou o louro mais alto, ainda chateado, observando o mais baixo se aproximar de si e lhd puxar para um último beijo rápido.

- foi um prazer ajudar você – murmurou o baixinho contra os seus lábios.

- até qualquer dia? – o Hadley indagou vendo o baixinho sorrir de canto.

- até qualquer dia -

Cato sorriu antes de morder o lábio inferior do mascarado, antes de permitir que ele se afastasse. Quando o homem vestido de kimono lhe deu as costas, o Hadley passou a observar o mesmo se afastar, normalmente. Ele virou o resto da garrafa de vinho em sua mão, admirando o balançar da cauda postiça, enquanto refletia sobre os beijos que haviam trocado. Ele havia gostado para caramba. Ele nunca pensou, enquanto se vestia para aquela noite, que iria acabar se envolvendo com um cara que mal havia acabado de conhecer. Mas aquele cara havia valido a pena. Ele pensava. Ele queria poder se ficar um pouco mais com... Ele? E só agora Cato percebeu que se quer se apresentaram.

- HEY! – o homem vestido de Jason chamou, vendo o homem raposa se virar brevemente, em um giro – eu... Não sei como te chamar – ele informou, esperando que o outro se apresentasse.

- meus amigos me chama de Snake, Jason – o louro baixinho ergueu a mão em uma despedida, antes de se virar e correr para o andar de baixo.

- eu nem disse o meu nome – murmurou, chateado, antes de virar a garrafa, percebendo que a mesma estava vazia.

Ele praguejou, antes de encarar a garrafa.

- já está bom, Cato. Você já danço, já curtiu, já bebeu, já beijou. Já compleotu a noite. E quase caiu beijando. É a famosa hora de parar – murmurou consigo mesmo, se abaixando para colocar a garrafa em pé, ao lado da pilastra, quando notou algo ali.

Uma pulseira preta, com pecas redondas na cor preta, com símbolos estranhos em dourado. Ele franziu o cenho. Aquilo lhe parecia estranhamente familiar, de certa forma. E então ele se recordou do beijo. Quando o mascarado emaranhou os dedos em seus cabelos, o Hadley sentiu, em sua nuca, pequenas esferas geladas girarem sobre sua pele, lhe gerando uma massagem gostosa na região.








- e agora, eu estou querendo ver esse cara de novo, mas tudo o que eu tenho é um apelido e essa pulseira – resmungou colocando a pulseira sobre a mesa.

Finch acolheu o acessório em mãos e passou a analisar ele.

- olha, particularmente falando, eu não conheço nenhum cara com o apelido de Snake – comentou a ruiva focada na pulseira em suas mãos.

- eu já tentei procurar no facebook, no instagram, no telegram, até na porra do Snake. Procurei em postagens de quase todo mundo que eu conheço no campus. Nada! E também tentei procurar a loja que vende essas pulseiras na internet. Mas todas são apenas parecidas. Nenhuma é como essa – o louro protestou, frustrado, cruzando os braços sobre a mesa e apoiando o torso nos membros.

- é claro que não vai achar! Isso aqui é artesanato puro. E muito bem feito  muito provavelmente foi ele ou algum amigo que fez. Eu acho mais provável ser ele – argumentou a ruiva encarando o amigo.

- você acha? – soou curioso.

- é. Se você olhar em uma das bolinhas, você vai ver uma letra S. Bem discreta, mas tem – respondej devolvendo o acessório ao amigo, segurando pela bolinha específica.

Cato se viu surpreso. Era tão camuflado na pintura da madeira, que ele jamais teria visto se não fosse por Finch.

- e então? O que pretende fazer? Você se quer sabe como é o rosto dele – comentou a ruiva vendo o louro suspirar.

- é por isso que eu preciso de você –

- eu?! Eu nem na festa fui! Como diabos eu iria encontrar esse cara. Nem o nome dele você tem! – exclamou a ruiva, indignada.

- mas você pode falar com o Primrose – argumentou o louro, calmamente.

- a Prim? – ela franziu o cenho.

- é. Ele é um amigo próximo dela. Garanto que você pode arranjar o número dele com ela para mim – respondeu com um sorriso largo, vendo a mulher estreitar o olhar, desconfiada.

- e por que diabos você não pede?! Somos todos amigos, não? – inquiriu, desconfiada.

Cato sorriu, envergonhado.

- bom. É que eu queria uma abordagem mais... Discreta, sabe? – o homem coçou o queixo enquanto tentava não desviar o olhar da amiga.

- ah, você quer descrição? – perguntou vendo o mais alto menear positivamente, murmurando um “por favor”.

A ruiva então desviou o olhar para a direita, um pouco atrás do amigo de cabelos penteados em um topete bagunçado.

- OH, PRIM! – a ruiva berrou, assustando Cato e surpreendendo aos demais presentes – COLA AQUI, GAROTA! -. Finch voltou a gritar e Cato olhou para trás, se surpreendendo ao ver Primrose em frente a porta do café.

Ela havia acabado de entrar no estabelecimento, e já fora recebida aos berros por Finch. A loura sorriu gentil, tentando conter o riso após o surto que levara. Cato se virou para a ruiva, a encarando com pânico.

- para, porra! Para, Foxface! Era para você falar com ela num particular! – ralhou o Hadley, nervoso e envergonhado.

- ah, relaxa! Essa daí adora uma história de dois caras se pegando. Esqueceu que ela faz artes plásticas? Vi um dos cadernos dela! Até encomendei um do meu ex com o melhor amigo dele – murmurou Finch e se virou para sorrir na direção de Primrose, que já se aproximava da mesa.

- e aí, esquilo? – a ruiva cumprimentou a Everdeen.

- oi, raposinha. Oi, grandão – a Everdeen os cumprimentou gentilmente fazendo uso dos apelidos dados pela irmã aos amigos dela.

- está com muitos pedidos de trabalho? – indagou a ruiva vendo a mais nova sorrir, negando com a cabeça.

- na verdade, não. Agora que estou terminando a última onda de pedidos. Vim, justamente para entregar um dos últimos – respondeu erguendo a mão direita, onde jazia uma pequena bolsa com uma caixa dentro.

- ah! E o que é? –

- um pedido de um cara daqui do campus. Ele joga RPF de mesa com os amigos e me pediu para produzir alguns dos monstros que ele vai usar na campanha –

- ih, os nerds te adoram, né? –

- ah! É porque eu sou um pouco nerd também. Quando eu elogiei a criatividade, disse que queria que meu mestre de mesa fosse tão criativo. Então ele me chamou para jogar na próxima campanha – respondeu a Everdeen, sorrindo doce.

Primrose era uma mulher um pouco mais baixa que a irmã mais velha, Katniss. Era uma pessoa muito gentil e tímida, mas que se tornava uma ótima companhia quando pegava intimidade com as pessoas. A ruiva arregalou os olhos, surpresa.

- ih! Você joga essas coisas?! –

- sim.  É um jogo muito interessante quando você começa a jogar, sabe? É como interpretar uma peça ou atuar em um filme, mas s um roteiro fixo. Eu gosto bastante –

- sério?! Que legal mas, se liga, quando você tiver vaga para pedido, me avisa. Que eu tenho um trabalho perfeito para você, quero saber se você vai poder dar conta. Estou ajudando um amigo do meu pai a planejar um venero social, e ele queria uma escultura para expor no Hall de entrada, mas ele é meio excêntrico e não queria alguém já famoso trabalhando nisso –

- ah, meu Deus. Fico até nervosa – exclamou apoiando a mão na mesa.

- zenta aí, que temos muito o que conversar. Mas, primeiro, eu preciso de sua ajuda em outra coisa – falou a ruiva abrindo espaço para a loura se sentar ao seu lado.

Cato corou, desviando o olhar.

- se eu puder ajudar –

- na verdade, só você pode – o argumento de Finch lhe despertou a atenção – você conhece isso daqui? – ela inquiriu puxando a pulseira da mão de Cato, que evitava olhar diretamente nos olhos de Prim.

A Everdeen analisou a pulseira com cuidado, sorrindo minimamente. Ela foi, diretamente, na bolinha de madeira com a gravura de S. A mais nova riu e ergueu um sorriso para os dois amigos.

- vocês acharam! – exclamou animada.

Cato se viu atento.

- achamos? – inquiriu, nervoso.

- sim. Meu amigo perdeu isso aqui na festa da Johanna. Ele fez ela procurar pela casa toda. Deu muito trabalho para fazer as quatro. Ele perdeu uma das das mãos na festa e ficou puto por isso – explicou divertida jogando a pulseira para cima e a pegando logo em seguida.

- então você conhece mesmo o dono –

- sim, conheço. Eu posso entregar para ele –

- na verdade, a gente queria saber se você pode apresentar ele para a gente – disse Finch com um sorriso travesso no rosto.

- apresentar? Bem.. eu posso. Mas posso saber o interesse nisso? – indagou observando a ruiva lancar um olhar predatório para o homem da mesa

- acontece que

- eu achei o cara legal! – Cato respondeu, de repente, chamando a atenção para si – a gente conversou na festa. Mas ele não me disse o nome bem nada. Só o apelido dele – Prim meneou em compreensão, sorrindo.

- é. O Snake é um pouco desastrado, as vezes. É engraçado quando você percebe quão... Contrastante ele pode ser. A mão dele se quer treme para fazer arte ou confeitaria. Mas ele cai sozinho amarrando o próprio cadarço – comentou a baixinha rindo fraco.

- então pode apresentar ele para gente. Eu também quero conhecer esse... Cara legal – a ruiva provocou, recebendo um chute na canela como resposta.

- para, cara de raposa! – Cato ralhou em sibilo e o garçom chegou com os pedidos.

- claro. Posso apresentar agora, se quiserem – disse a loura, surpreendendo os dois.

- sério?! – perguntaram, perplexos com a velocidade e o garçom colocou uma xícara de café com creme na frente da loura, com um cupcake de cereja para acompanhar.

- aí, Snake. Olha o que os meus amigos acharam!v– disse a loura erguendo o olhar para o garçom baixinho, enquanto exibia a pulseira na palma aberta.

Cato engoliu em seco, lançando um olhar perplexo para o garçom baixinho. O homem louro de cabelos presos com uma bandana e avental, sorriu gentil para a dupla, erguendo a mão em um cumprimento mudo. O Hadley se viu surpreso ao ver o mais baixa descer o olhar para a palma de Prim e um olhar de surpresa dominar a face alheia.

- mentira! Eu já estava para guardar as outras três no baú e só tirar quando tivesse paciência de fazer outra! – exclamou, animado, pegando a pulseira e a analisando, procurando por sua assinatura.

- é! Eu também fiquei surpresa. Não lembro de ver a Finch na festa –

- ele que encontrou – disse a ruiva apoiando o queixo na mão, lançando um olhar divertido para o amigo envergonhado.

- onde estava? –indagou Prim, curiosa, e o Hadley corou.

Ele fazia uma ideia de como a pulseira havia caído.

- estava no chão... Do lado da pilasta. da varanda no andar de cima – respondeu levando o café aos lábios, encarando o garçom.

- e como diabos você não sentiu isso caindo, Peet? É pesado! – exclamou a loura, surpresa.

Peet?

Cato viu o mais baixo sorrir de canto. Ele sentiu a vermelhidão no rosto aumentar, principalmente quando o outro lambeu os lábios, tentando conter o sorriso.

- eu tropecei. Deve ter sido nessa hora que ela caiu. – comentou antes de direcionar o olhar para o louro sentado a mesa – obrigado por me devolver, Jason –

--de nada – o Hadley sorriu ao ser chamado pelo nome de sua fantasia.

- Jason? – perguntaram as duas, confusas.

- ele estava fantasiado de Jason, na festa - respondeu o baixinho vendo as duas menearem em compreensão.

- ah, sim. Estes são Cato Hadley e Finch McGorgon. Cato, Finch, este é Peeta Mellark -  a Everdeen os apresentou devidamente, vendo o Mellark estender a mão para a ruiva.

- e por que te chamam de Snake, se me permite perguntar? – inquiriu a McGorgon observando o outro erguer a manga comprida da camisa que vestia, revelando uma tatuagem de cobra em seu braço.

- só por uma tatuagem? – perguntou, descrente.

- uma tatuagem que alcança o corpo todo dele – respondeu Prim sorrindo travessa

- o corpo todo? –

- corpo todo. A tatuagem, na verdade, é uma hidra. Começa nas costas, e então cada cabeça se espalha até alguma parte do corpo -  explicou Prim com um sorriso de canto.

- cada cabeça para cada parte do corpo? – indagou Finch, com segundas intenções em suas palavras.

- Ca-da – respondeu a loura e o seu sorriso se tornou travesso nos lábios.

- e quantas cabeças tem essa... Cobra? –

- sete – respondeu o baixinho, chamando a atenção para si.

- sete?! – exclamou, surpresa.

- uma em cada braço, uma em cada...

- EH! Informação demais! – exclamou o baixinho, antes de observar mais um grupo de estudantes adentrar o estabelecimento – eu tenho que ir – disse o rapaz colocando a bandeja atrás do corpo com um braço, e desfilando por entre as mesas até a mesa escolhida pelos novos clientes.

- mas já?! – inquiriu Finch, surpresa.

- ele está um pouco atarefado aqui depois que alguns dos outros funcionários saíram por já terem se formado – explicou a Everdeen observando o amigo sorri gentil na direção dos clientes.

- ele trabalha aqui sozinho, agora? – inquiriu Cato vendo o motivo de sua inquietude mental dos últimos se virar com um ar ameno ao seu redor.

- não, não. A cafeteria é um ponto onde estudantes podem fazer, uma renda, enquanto outros podem passar o tempo. A cafeteria foi uma ideia de um irmão mais velho dele, que estudou aqui antes dele. Os pais gostaram da ideia, falaram com a reitoria para conseguir permissão da universidade e criaram essa cafeteria. Eu não sei ao certo o acordo, mas parte da renda vai para a faculdade – respondeu a loura antes de ver um certo rapaz adentrar o local – eu tenho que ir, gente. Beijos & e ela se ergueu com o seu produto em mãos e se retirou.

Finch suspirou, voltando a sua atenção para o seu livro.

- e então? O que pretende fazer? – indagou a ruiva com naturalidade.

- eu não sei. Acho que... Vou ficar por aqui – respondeu dando de ombros e puxando o celular do bolso.

Foxface sorriu de canto e se ergueu.

- bem. A minha parte eu fiz. Agora é com você – a mulher lhe apertou o ombro e se retirou.

O louro passou alguns minutos ali, apenas existindo. Vez ou outra ele usava o celular, fazendo notações e enviando mensagens para alguns amigos. Estava organizando algumas coisas que vinha planejando há algum tempo. Ou pelo menos vinha tentando. Já que o maldito teor misterioso de sua situação com o seu benfeitor desconhecido na festa de Johanna lhe distraia na maior parte do seu tempo. Após algumas horas ali, sentado, uma garota morena, de cabelos curtos e bagunçados em um topete se aproximou com um bloquinho de notas em mãos.

- deseja alguma coisa a mais, senhor? – a garota lhe sorriu com simpatia enquanto esperava por um pedido.

Cato estava pronto para negar, quando olhou ao redor e percebeu que já não via mais Peeta há algum tempo. O louro ergueu o olhar, sorrindo sem jeito. Ele não sabia como, exatamente, falar aquilo sem permitir que as memorias do toque quente dos lábios alheios nos seus lhe fizessem corar.

- na verdade, eu queria falar com o Sna... Peeta. Ele está trabalhando ainda? – a morena inclinou a cabeça, pensativa, antes de olhar para o balcão.

- na verdade, eu acho que ele deve estar se preparando para sair – respondeu e logo o Mellark adentrou o seu campo de visão – olha ele ali. Eu vou dizer que você o está chamando – disse sorrindo simpática e se afastando.

- obrigado – Cato conseguiu dizer antes de a ver lhe dar as costas.

Em questão de segundos, o louro mais baixo desfilava na direção, com uma mochila nas costas e um capacete na mão, sobre um dos ombros. O Hadley se viu nervoso. Não sabia ao certo o que dizer, embora ele tinha uma ideia do que tinha que fazer. Ele não sabia se o outro aceitaria. Afinal, eles apenas ficaram em uma festa. Não é como se eles tivessem tido muita conversa e contato antes disso.

- ei! – ele lhe cumprimentou com um sorriso simpático.

- ei –

- algum problema se eu me sentar aqui? – inquiriu o mais baixo apontando para o lugar em que antes Finch estava sentada.

Caro lambeu os lábios e negou com a cabeça, apontando para que o outro se sentasse.

- e aí? – o Mellark perguntou com curiosidade enquanto apoiava o capacete ao seu lado, no banco – fugindo muito da Glimmer, hoje? –

Cato riu, negando com a cabeça.

- com certeza. Tive que sair do prédio de aula escoltado por uma amiga – respondeu suspirando logo em seguida, antes de um sorriso mínimo surgir em seus lábios.

- você, realmente, não deu sorte com essa garota –

- não mesmo –

- - aí está você! – exclamou uma voz feminina e Cato sentiu todas as suas forças irem embora e apenas o cansaço lhe dominar em questão de instantes.

A loura surgiu em seu campo de visão, chamando a atenção de Peeta, que ergueu a sobrancelha em questionamento. A mulher simplesmente se jogou sobre a mesa, sentando ali e cruzando as pernas elegantemente

- não pense que vai fugir de mim para sempre –

- meu Jesus amado! – exclamou o Hadley, indignado.

- garota, você está sentada na mesa – comentou Peeta, tentando chamar a atenção da mulher, que se quer lhe direcionou o olhar.

- Cashmere – Glimmer pronunciou em um cantarolar e  num instante a outra mulher surgiu diante de Peeta, com uma cara fechada e apontando com o polegar para que ele saísse dali.

O Mellark riu com descrença.

- Hunf! Não? – ele respondeu como se fosse óbvio.

- a Glimmer não quer saber. Vaza! – ordenou Cashmere apontando para trás, novamente.

- Glimmer, você está sobre a mesa. Desça daí, por favor – disse uma das garçonetes, se aproximando, com cerro receio.

- era só o que me faltava. Cashmere, tire essa mendiga daqui também – ditou a loura, erguendo a mão com a palma para frente, enquanto revirava os olhos.

- Glimmer! Pare de maltratar as pessoas! – exclamou o Hadley, indignado.

- não ligue para essa ralé, Cat! Nós dois temos assuntos muito mais importantes para tratar, como o nosso namoro. Cashmere, a ralé! – exclamou estalando os dedos.

A garçonete pareceu receosa em insistir, mas sabia que era o seu trabalho continuar. Principalmente com Peeta por perto.

O Mellark se ergueu, chamando a atenção de Cato, que se desesperou com a movimentação do baixinho.

- me desculpe por isso, cara. Mas você não precisa ir embora – o mais alto se desculpou, se debruçando sobre a mesa.

- eu não vou sair! – soou o Mellark, indignado – ela vai! –

Caro se viu surpreso, bem como Cashmere e Samantha, a garçonete, quando Peeta simplesmente colocou as mãos nos ombros de Glimmer e a empurrou para fora da mesa, fazendo a mulher cair sentada no chão. A loura, perplexa, apenas tirou os fios de cabelo do rosto e lançou uma expressão de ódio e indignação para o Mellark, que se limitou a puxar um pano que se encontrava com Samantha antes de o usar para limpar a mesa, como se o toque de Glimmer a tivesse sujado.

- como você ousa?! – a mulher soou furiosa enquanto se erguia e elevava o tom de voz.

- olha! Pelo menos levantar você consegue fazer sozinha – disse o homem de jaqueta de couro, entregando o pano para Samantha e se virando para Glimmer.

- você não é ninguém para fazer isso comigo! – exclamou a Pryde, revoltada.

-- a Glimmer está muito puta com você! – exclamou Cashmere e a loura ergueu a mão, a silenciando.

- você sabe quem sou eu?! –

- sei muito bem quem você é. E sei também quem você PENSA que é. E devo acrescentar: não me impressionei –

- Você não PODE fazer isso comigo! –

- é claro que eu posso. Isso é um estabelecimento comercial, garota! Em primeiro lugar: você está incomodando um cliente dentro do estabelecimento; em segundo lugar: você não está tendo respeito pela propriedade da cafeteria; e em terceiro lugar: você não está seguindo as regras do estabelecimento. Logo, como funcionário e como atual gerente, eu posso, sim, fazer isso. Na verdade, eu não estou te expulsando da mesa. Eu estou te expulsando do café! – ditou o louro mais baixo apontando para a saída do café, deixando a Pryde boquiaberta.

- o quê?! Você não ousaria! – ela soou indignada.

- eu já ousei! – respondeu mantendo o dedo em riste no ar.

- UHUL! É ISSO AÍ, CARA! – exclamou um estudando de gorro, sentando do outro lado do café, que havia parado para observar a disputa.

- COLOCA A VADIA NA COLEIRA! – exclamou outro estudando, gerando risos e assovios animados.

- você vai deixar que ele faça isso comigo?! – exclamou, indignada, olhando para o Hadley, que apenas sorriu e deu de ombros.

- eu não posso fazer nada. Eu sou só um cliente – argumentou apoiando o queixo sobre a mão, lançando um olhar de admiração para o baixinho.

- você vai se arrepender de ter feito isso comigo, seu Zé ninguém! – ameaçou a mulher com fúria no olhar.

- estou morrendo de medo! Saia do meu café agora, se não quiser passar a vergonha de ser colocada para fora a força! – o louro mais baixo se mostrou impassível enquanto encarava a Pryde nos olhos, e cruzava os braços.

Indignada, Glimmer se retirou com Cashmere em sua cola, ainda ameaçando o Mellark, alegando que o pai dela ficaria sabendo daquilo. Instantaneamente, Samantha se mostrou nervoso, chamando pelo gerente do café, questionando o que ele havia feito. Peeta a encarou com ternura e a segurou pelos ombros, tentando acalmar a amiga de trabalho.

- a gente vai perder o café, Snake. Eu preciso desse trabalho! – a morena exclamava com desespero, o que gerou um enorme peso na consciência de Cato.

Se ele não estivesse ali, e tivesse ido direto para casa, aquilo não teria acontecido.

- eu sinto muito.  Eu causei esse problemão para vocês – o Hadley se desculpou, enquanto se erguia – é melhor eu ir -

- Não! Não precisa! Não foi culpa sua. E Sam, relaxa! Eu conheço o jeito daquela mimadinha. Ela precisa de pessoas que mostrem que a vida não funciona do jeito dela. E eu não compraria briga se não soubesse que posso bater de frente. Relaxa. Ela que não sabe com quem está se metendo. O café vai ficar aqui, você vai trabalhar aqui até a sua formatura ou até mesmo depois dela, se precisar. Eu vou trabalhar aqui até a formatura ou até depois, também. Relaxa! – o homem mais baixo abraçou a colega de trabalho, antes de passar as mãos por seus fios curtos e dizer para ela ir beber alguma coisa e se acalmar para o trabalho.

- me desculpe por isso – o Mellark se virou para Cato enquanto ajustava a jaqueta no corpo.

- eu que me desculpo. Nada disso aconteceria se eu não estivesse aqui –

- não se culpe pelo jeito dela, Cato. Alguém precisa colocar aquela megera no lugar dela – disse louro tatuado e o mais alto riu.

- no lugar dela?! Você sabe de quem ela é filha, certo? –

- eu não tenho medo do pai dela, Cato. Não fiz nada de errado. Não me importa o quão rico o pai dela seja.  –

- em que mundo você vive? – indagou o atleta, admirado.

- você ainda não me disse o que queria falar comigo – comentou Peeta, rindo de canto, vendo o outro se tornar um pouco desconcertado.

- ah! Sim! Eu .. me esqueci completamente – o Hadley tomou um leve coloração vermelha na face. Peeta sorriu de canto enquanto admirava o rosto rosado a sua frente.

- eu vou dar uma festa... No final de semana. Eu queria saber se você não quer... Eu sei lá... Dá uma passada lá – o mais alto coçou a nuca, um tanto sem jeito, antes de sorrir tímido na direção do baixinho.

- eu não... – Cato sentiu a deglutição difícil com a possibilidade de ouvir um não – me recordo de ter nenhum compromisso que me impeça de... Passar lá –

A iluminação no rosto do mais alto fora impossível de se disfarçar. Peeta sorriu de canto, apoiando o queixo na mão e o cotovelo na mesa. O Hadley lambeu is lábios, nervoso, ao ver o outro erguer uma sobrancelha em questionamento, sustentando um olhar sedutor em sua direção. O mais alto sentiu um leve formigamento em seus lábios, enquanto cerrava os punhos, tentando conter o ímpeto de flertar com o outro em público.

- e onde vai ser a festa? – questionou o baixinho observando o outro lamber os lábios.

- vai ser na minha casa. Os meus pais vão viajar nesse final de semana. Então eu pensei em aproveitar – ele deu de ombros e o encarou o mais baixo, o vendo lhe lançar um olhar questionador ek silêncio por alguns segundos.

Cato estranhou a falta de voz do outro, somado ao olhar questionador.

- e o endereço é...? – o Mellark questionou vendo o Hadley se surpreender e sorrir, envergonhado.

- ah, sim. É... Bem... Você pode me passar o seu número e eu te mando o endereço por mensagem – sugeriu, dando de ombros, enquanto puxava o celular do bolso.

O Mellark também deu de ombros e estendeu a mão, observando o mais alto desbloquear o aparelho.

- por mim, tudo bem –

Caro observou, com certa ansiedade, o outro digitar o próprio número em seu celular. Estava louco para que chegasse o final de semana. Queria poder ver o outro mais uma vez, sem que tivessem essa barreira estranha de desconhecido entre eles. O Mellark lhe devolveu o celular e Cato o encarou, esperançoso. Ele sorriu de canto ao ver o nome do outro acompanhado por um emoji de cobra.

- é melhor não me esquecer, hein? Eu ou ficar muito puto se perder esse rolê – o Mellark pontuou se erguendo, chamando a atenção de Cato para o seu movimento.

- eu não sou doido de esquecer disso. Mas... Você já vai? – inquiriu com certo receio da resposta.

Ele entendia que talvez Peeta tivesse coisas a fazer, outro compromisso, quem sabe. Mas, ao mesmo tempo, ele não queria que o outro fosse embora tão rápido. O Mellark deu de ombros e suspirou, pegando o capacete ao seu lado e o jogando sobre o ombro, o segurando ali.

- eu tenho aula, agora. O Senhor Snow é um pé no saco. Mesmo que já tenha acabado a matéria, ele nos força a continuar marcando presença nas aulas de considerações finais da matéria, como nota complementar. Ele é um sociopata sem vida – comentou dando alguns passos na direção da saída, consequentemente se aproximando de Cato.

O baixinho colocou a mão em seu ombro e aproximou o rosto, sussurrando em seu ouvido.

- muito esperto de sua parte preparar o estepe para a festa, Ja – o mais alto sentiu o corpo tremer e o rosto esquentar, antes de ouvir a risada baixa do outro, que voltou a se erguer, lhe acertando um tapa suave no ombro, proferindo uma despedida.

Cato se virou bruscamente, segurando o pulso alheio, impedindo que o Mellark se afastasse. Ele viu o outro se virar para lhe encarar, confuso. Sentiu as bochechas corarem com o olhar do mais baixo em si, ao mesmo tempo em que se dava conta que sentia vergonha do que, realmente, queria dizer. Mas, ainda assim, ele sentia que deveria dizer.

- na verdade... eu... Gostei muito daquele dia, na casa de Johanna – ele proferiu com a voz rouca, sentindo as bochechas vermelhas.

Ele soltou o pulso alheio, coçando a nuca

- eu também – Peeta comentou, sorrindo.

- e eu... Queria... Poder repetir... Tipo, se você quiser – Cato lambeu os lábios, nervoso, vendo Peeta morder o lábio inferior e abaixar a cabeça, negando com um sorriso de canto.

- sempre que quiser, a gente marca – o baixinho lançou uma piscadela na direção do mais alto.

- então... na festa? – indagou o Hadley mordendo o lábio inferior.

Peeta sorriu e lhe apertou o ombro.

- na festa – e então o Mellark voltou a se despedir, antes de sair do café.

Cato sorriu de canto, animado, encarando a tela do celular. O louro negou com a cabeça, mordendo o lábio inferior, antes de favoritar o contato de Peeta e guardar o celular no bolso.





I Kissed a BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora