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Josh dirigira por alguns minutos em completo silêncio.

Any já havia parado de chorar, mas a tristeza ainda era evidente.

Quando o carro parou de andar,ela levantou a cabeça e franziu o cenho ao ver o local onde estavam.

Ela encarou o homem, um pouco confusa, mas ele já havia aberto sua porta e estava saindo. Any o seguiu, segurando a barra do vestido e caminhando pela areia.

-Você me trouxe na praia? - Perguntou e ele riu, assentindo. Ele estava com uma toalha na mão e a estendeu no chão.

-Clichê, eu sei. -Ele falou, sentando-se na toalha e apontando para o local ao lado dele.

-Acho que nossas roupas não estão combinando com o ambiente. - Ela falou,sentando-se ao lado de josh e ele riu,assentindo.

- Por que a praia? -Any perguntou, depois de alguns segundos em silêncio e Josh ainda encarou o mar por um tempo antes de desviar o olhar para ela.

- Eu acho que é algo sobre o tamanho do mar. Gosto de pensar em quão grande ele é e o quão pequeno eu sou perto dele. E isso me faz ver que se eu sou tão pequeno assim, meus problemas não podem ser tão grandes.

- É um jeito legal de ver as coisas.

-É. Não estou minimizando seus problemas, só estou dizendo que tudo se resolve no final. As vezes o resultado não é o que a gente queria ou esperava, mas se resolve. Eu não sei pelo que você está passando, mas eu sei que toda dor é passageira e que um dia o alívio que você precisa vai chegar. - Any franziu o cenho ao ouvir aquelas palavras. Ela olhou para Josh, extremamente confusa e sentindo aquilo muito familiar. - O que foi?

-Sabe quando você sente que já escutou algo assim antes, mas não consegue se lembrar quando? -Perguntou e ele assentiu, sorrindo.

- Sei. Talvez você já tenha escutado.

- É, talvez.

-Você quer falar sobre o que quer que tenha acontecido na festa? - Perguntou e ela suspirou, encarando suas mãos sobre o colo.

- Não.

-Tudo bem. Podemos falar sobre qualquer outro assunto que você quiser. - Ele disse e Josh assentiu, encarando o mar a sua frente.

- Eu preferia não falar sobre nada, na verdade. - A morena falou, olhando para o mar e Josh assentiu.

- Ok, ficar em silêncio é algo que eu consigo fazer. - Ele falou, também olhando para o mar a sua frente.

Mesmo sem querer, a briga com Caio voltou à sua cabeça.

Lembrou-se do rosto dele e da forma como ele dizia que a amava.

Seus pensamentos estavam bagunçados e ela queria poder deletar aquela noite da cabeça. O que fazer com Caio era a maior pergunta.

Pediria desculpas ou deixaria que ele a procurasse? A ruiva respirou fundo, certa de que começaria a chorar de novo, porém o barulho de um assobio baixinho ao seu lado fez
com que ela se virasse na direção de Josh.

Ele ainda olhava na direção do mar, assobiando uma música qualquer.

Parecia nem perceber que fazia aquilo e, talvez, ainda estivesse acreditando que estava em silêncio. Josh levou uns segundos para perceber que Any o olhava com um sorriso divertido nos lábios.

- Que foi? -Ele perguntou e ela riu.

-Não conseguiu ficar em silêncio nem por cinco minutos. - Ela acusou e ele levantou as sobrancelhas.

-Não sabia que era um desafio.

- E não era. Mas você é claramente um pouquinho hiperativo.

-Não sou não. Eu estava quieto aqui, você que chamou minha atenção sorrindo desse jeito para o meu lado.

-Você estava assobiando.-Ela acusou novamente e ele franziu o cenho, olhando-a.

- Ok, eu podia mentir e dizer que não estava, mas minha mãe diz que eu costumo assobiar sem perceber.

-Sua mãe está completamente certa.

- Mães sempre estão certas, não é?

-Acho que sim. Não vivi muitos anos da minha vida com uma mãe para ter certeza. -Josh levantou as sobrancelhas, querendo juntar todas as peças que ele tinha sobre a história dela.

-Toda vez que a gente conversa,você me deixa mais curioso sobre a história da sua vida.

- Engraçado, porque você nunca me fala nada sobre a sua.

- Não tenho muito o que dizer. Eu fui uma criança completamente normal, um adolescente que não gostava de dar trabalho e um adulto que só saiu de casa quando conseguiu seu primeiro emprego. Meus pais são fantásticos, eu amo eles e meu irmão é um dos meus melhores amigos. O natal é minha época favorita do ano, porque a gente sempre se reúne na casa da minha avó, faz um churrasco e troca presentes de amigo-x .Minhas melhores lembranças são do natal.

- É uma tradição muito legal. -Ela falou, com uma pequena tristeza na voz e ele sorriu, assentindo.

- Você tem alguma tradição de família?
- Ele perguntou e ela parou para pensar um pouco.

- Não sei bem se é uma tradição, mas sempre que meu pai Carlos e a esposa dele viajavam eles compravam algo de lá e traziam para casa. Ela comprava chapéus e ele comprava livros, geralmente na língua oficial do lugar. Ele me ensinou isso e eu faço até hoje.

-Essa também é uma tradição legal.

-É, eu acho.

-Carlos era o dono da Soares, né? -Perguntou eAny assentiu. - É muito ruim se eu perguntar o que aconteceu com ele? - A morena suspirou, lembrando-se exatamente do dia que tudo havia acontecido, seis anos atrás.

- Foi um AVC hemorrágico. Um dia ele estava bem e no outro ele estava morto.

- Me desculpa.

- Não, tudo bem. Hoje em dia é mais fácil falar sobre isso. -Ela disse, dando um sorriso para que ele entendesse que realmente tudo estava bem.

- Eu não preciso conhecer sua história toda para saber que além de linda e muito inteligente, você é extremamente forte. - Ele soltou o elogio e Any sentiu seu rosto esquentar de vergonha. - E fica ainda mais bonitinha vermelha desse jeito. A mulher revirou os olhos com o comentário e ele riu. -Eu acho que está ficando tarde e é melhor eu te levar para a casa. - Any concordou e não demorou para que eles estivessem no carro, em direção à casa dela.

A mulher se sentia mais leve, como se toda aquela história do tamanho do mar realmente fizesse sentido e sua cabeça tinha bloqueado qualquer coisa relacionada àquilo.

Quando Josh estacionou em frente à casa dela, Any o olhou com carinho, dando um grande sorriso na direção dele.

- Obrigada por ter me tirado da festa. A ideia da praia foi muito boa.

Ela não sabia dizer quando os dois tinham se aproximado tanto, mas sabia o que estava para acontecer ali e, por um instante,ela ansiou que acontecesse.

Ela fechou os olhos, torcendo para que os lábios dele tocassem os dela e sentiu ele se aproximando mais.

Quando o beijo estava para acontecer, Any escutou uma vozinha chata lhe dizendo que aquilo era errado e o empurrou, sem conseguir encara-lo.

-Me desculpa, Josh, isso não pode acontecer.Eu tenho namorado e é melhor eu ir. - Ela disse depressa e desceu do carro, sem nem deixar que ele dissesse algo.

Josh a olhou entrar em casa e ainda ficou dentro do carro por alguns segundos, respirando fundo enquanto tentava normalizar as batidas de seu coração e entender o efeito que aquela mulher causava dentro dele.

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Amável Megera!! ❤️ Onde histórias criam vida. Descubra agora