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Narradora. 

Any estava concentrada, revendo alguns papéis sobre sua mesa quando ela escutou duas batidas de leve na porta.

-Pode deixar o café aqui na mesa, Neiva.- Ela disse, sem desviar a atenção dos números escritos nas folhas e a outra pessoa deu uma pequena risada.

- Eu não sou a Neiva e nem tenho café,mas trouxe brigadeiros. - A voz de josh soou pela sala e Any levantou o olhar, sorrindo ao vê-lo parado na porta.-Serve?

- Serve. - Ela falou e ele entrou na sala, aproximando-se da mesa dela e colocando dois brigadeiros na frente da mulher.

Any abriu um sorriso infantil, pegando um dos dois e levando até a boca. -Delicioso, muito obrigada.

-Está esperando essa Neiva? Se tiver, posso voltar depois.

- Não. Neiva é minha nova assistente. Senta aí e me conta o motivo da visita. -Josh assentiu, sentando-se de frente para ela.

- Eu acabei de voltar da inspeção da obra do condomínio,achei que gostaria de ver o relatório. -Ele estendeu uma pasta para ela e Any pegou, assentindo.

- E como estão as coisas lá?

-Tudo ótimo, dentro do planejado. Se as coisas continuarem dessa forma, terminamos tudo dentro do prazo.

-Que ótimo, menos um problema para me preocupar.

-Como você está? Faz mais de semana que não te vejo.

- As coisas estão uma loucura. Meu último dia normal foi quando a Sina veio aqui me apresentar a Neiva. Depois disso foi problema atrás de problema e eu não to conseguindo nem respirar direito.

-O que aconteceu?

- Problemas no financeiro. Já está acontecendo desde que eu voltei de férias. O Noah tinha deixado umas pastas para mim revisar porque achou que tinha algo errado. Realmente tinha,mas eu não preocupei porque eram valores pequenos que não estavam batendo. Mas aí no mês passado o orçamento estourou e esse mês aconteceu de novo. E eu já vi e revi esses cálculos várias vezes e não sei onde está o erro. - Ela reclamou, soltando um suspiro de leve, enquanto encarava os papéis a sua frente.

- Ok, me parece que o que você precisa é relaxar. - Josh se esticou um pouco, fechando as pastas que ela olhava.

Any levantou as sobrancelhas, surpresa com a ousadia dele. -A senhorita vai guardar esses papéis na bolsa, nós vamos dar uma saída para nos distrair e mais tarde vamos voltar a rever essas pastas. Eu não sou uma calculadora ambulante igual a você, mas duas cabeças pensam melhor que uma só.

-Você está lembrando que a chefe ainda sou eu, né?

- Sim. Mas agora eu não estou falando como seu funcionário e sim como amigo.Podemos ir? -Any revirou os olhos, guardando as pastas na bolsa.

Nivea apareceu no meio do processo e franziu o cenho ao ver a chefe se arrumando para sair.

-Dona Any?! - Ela perguntou e a morena a olhou. - O café que a senhora pediu.

-Muito obrigada, Neiva. Eu vou sair agora e não devo voltar hoje, então pode tirar o resto do dia de folga, ok? -Falou,pegando o copo de café da mão da mulher, que assentiu.

-Obrigada.-A assistente agradeceu, saindo da sala e Any terminou de juntar duas coisas.

- Podemos ir? - Josh perguntou novamente e ela assentiu.

- Podemos. Mas eu estou sem carro.

- Eu vou fazer o sacrifício de te dar uma carona. - Não demorou para que eles estivessem dentro do carro dele, saindo do estacionamento do prédio. -Para onde vamos?

- Não sei, Josh. Foi você quem me convidou.

-Mas a gente já foi muitas vezes em lugares que eu gosto. Sua vez de escolher um destino. - Ele falou e ela pareceu pensar um pouco antes de responder.

- Ok, então. Vira na próxima direita. -Any foi guiando os dois e depois de um tempo estavam estacionando em uma pequena praça de um bairro mais afastado da cidade.

Os dois desceram do carro e Any começou a caminhar na direção da praça. Josh foi atrás dela, acompanhando seus passos.

A praça não era muito grande, mas tinha algumas árvores e bancos que davam um ar aconchegante ao local.

Ela se sentou em um dos bancos, encarando
uma casa azul de dois andares do outro lado da rua. O engenheiro de sentou ao lado dela, também observando a casa.

- Eu morei alguns anos da minha vida nessa casa. Era um orfanato, mas fechou já faz alguns anos. -Ela disse e Josh levantou as sobrancelhas, olhando-a curioso. - Não era um lugar ruim, sabe? Eu era bem cuidada e as senhoras que cuidavam da gente eram muito legais. Mas orfanatos são lugares tristes. Eu sentia falta da minha mãe e dos meus irmãos e não conseguia fazer amigos facilmente. Então, quando eu queria ficar sozinha, eu vinha aqui para frente e me sentava naquele banco ali. - A morena apontou um pequeno banco de madeira encostado na parede da cada um Josh conseguiu imaginar a pequena Any sentada ali. - Tinha um senhor que ficava aqui nessa praça e vendia pipoca e balas. Quando ele me via ali, ele me dava uma bala e dizia que era para adocar meu dia. Eu não sei se ele realmente acreditava nisso, mas ele fazia meu dia mais feliz de verdade. Então, eu tenho boas memórias desse lugar.

- Então, Carlos não é seu pai? - Ele perguntou e ela deu um pequeno sorriso, lembrando-se do homem que havia lhe dado a segunda chance em sua vida.

-Adotivo.

- Não sabia disso, desculpa.

- Não, tudo bem. Poucas pessoas realmente sabem.

-Sinto-me honrado. - Ele brincou, colocando a mão sobre o peito e ela riu. - Você me surpreende a cada conversa que temos, sabia? Você tem uma força impressionante e um resiliência linda de se ver. - Any sorriu, tímida e Josh levou uma das mãos até o queixo dela, levantando seu rosto com carinho. - E ainda tem esse brilho no olhar que deixa qualquer um querendo mergulhar neles.

- Por que você é desse jeito? - Ela perguntou, baixinho e Josh não entendeu a pergunta.

-Assim como?

-Tão carinhoso e preocupado comigo. Eu sei que amigos são carinhosos, se preocupam e cuidam uns dos outros. Mas, às vezes, eu sinto que tem mais aqui. -Josh soltou um suspiro, pensando naquilo.

Queria dizer que era apaixonado por ela e que não queria ser amigo dela. Queria falar que, se ela permitisse, cuidaria dela por muito tempo.

Respirou fundo, tomando coragem para falar. Segurou as mãos dela, acariciando de leve, e na hora que abriu a boca para falar, o telefone de
Any tocou.

Ela pegou o aparelho, olhando o nome na tela e revirou os olhos.

- Algum problema? - Josh perguntou e ela negou.

-Não. - Ela falou, rejeitando a ligação.

- Só o idiota do meu ex querendo encher minha paciência. - Ela guardou o aparelho no bolso novamente e olhou Josh. - Sobre o que estávamos falando? -Ele sorriu e negou, vendo a coragem ir embora.

- Nada demais. Mas, se bem me lembro, eu me ofereci para te ajudar com uns papéis né?

- Sim. Precisamos dar um jeito.

-Precisamos. -Ele falou, levantando-se e esticou a mão para ela, que pegou. Joshpuxou-a, fazendo com que ela levantasse, e deu um sorriso. -Na minha casa ou na sua? - Perguntou, arrancando uma gargalhada dela e não conseguiu segurar o riso também.

Um dia, quem sabe, ele criaria coragem.

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Amável Megera!! ❤️ Onde histórias criam vida. Descubra agora