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Atenção! Esse capítulo contém relatos, de violência e abandono, se preferir, pode pular lá para o final!!

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Any penteava os cabelos quando josh entrou no quarto. Haviam saído da empresa ouco depois dele encontra-la aos prantos em sua sala.

Naquele tempo, josh deixou que ela chorasse, sem fazer perguntas, esperando o tempo dela.

- Fiz um chá de camomila para você. -Josh disse, estendendo a xícara para ela e a morena sorriu, pegando-a.

Sentou-se na cama e fez sinal para que ele se sentasse junto a ela.

Quando ele o fez, Any puxou o edredom, cobrindo-os e se aconchegou nos braços dele. -Você está bem?

- Estou. - Falou, soltando um leve suspiro e o rapaz sorriu, acariciando o braço dela com carinho. - A mulher que foi me visitar é a minha mãe biológica. Eu não a via há dezoito anos e foi um choque imenso reencontrá-la.

-Eu não sabia que sua mãe biológica estava viva.

-Nem eu. -Ela soltou uma pequena risada, pensando em quão ridículo aquilo parecia soar. -Ela foi embora de casa e simplesmente abandonou eu e meus irmãos. Nunca mais tinha nem escutado falar nela.

-Eu imaginava que algo tinha acontecido a ela, mas nunca imaginaria algo assim.

- Pois é. Noah costuma dizer que minha história daria um livro de drama clichê. - Falou e o riu, lembrando-se do amigo falando aquilo quando ela lhe contou toda a história.

- Mas as histórias de dramas mais clichês são as mais gostosas de ler.

- Você acha mesmo? - Perguntou e ele assentiu. Hermione subiu na cama, deitando-se perto dos dois e se esfregando nas pernas de Josh.

Os dois riram, enquanto ele se esticava para acariciar a cabeça da gata e a morena respirou fundo, olhando aquela cena.

Pensou em como se sentia bem ao lado dele, em como sentia o ambiente extremamente confortável para compartilhar qualquer coisa. -
Você quer ler meu clichê? - Questionou e ele a olhou, com uma certa curiosidade no olhar.

- Somente se você quiser compartilhar.- Any sorriu, assentindo e Josh a abraçou novamente.

- Eu não me lembro do meu pai biológico. Ele faleceu quando eu tinha três anos de idade e eu não sei nem como era seu rosto. Na época minha mãe estava grávida da minha irmã, shivani, e trabalhava em uma loja no nosso bairro. Pouco depois da minha irmã nascer, a loja fechou e minha mãe ficou desempregada e com duas crianças para cuidar. Ela procurou
emprego durante muito tempo, mas ela não achava, até que um dia ofereceram dinheiro para ela e ela começou a se prostituir. Eu não lembro muito bem dessa época, porque ela
sempre esperava que eu e minha irmã dormíssemos para receber os clientes dela. Aí ela conheceu esse cara, Renato. No começo ele era maravilhoso. Ele parecia gostar dela, era carinhoso comigo e com a shivani e minha mãe
até parou de se prostituir.

-Mas ele não era um cara legal, era?! -Perguntou e Any negou.

-Nossa paz só durou até minha mãe engravidar dele. Renato começou a trazer outras mulheres para dentro de casa e, no começo, era para satisfação dele. Algumas dessas mulheres começaram a morar na minha casa e ele começou a ganhar dinheiro fazendo com que elas se prostituíssem. Minha mãe foi contra, disse que queria se separar, mas ele começou a bater nela e ameaçar a bater em mim e na Shivani. Minha mãe parou de brigar. Ela se trancava dentro do quarto comigo e com a minha irmã, mas ele obrigou ela a voltar a se prostituir, porque muitos homens tem fetiche em mulher grávida. Lamar nasceu quando eu tinha cinco anos e minha casa tinha virado um bordel.

-Ele continuou obrigando sua mãe a se prostituir?

-Sim. Ele dizia que ou ela se prostituía ou eu e meus irmãos ficaríamos sem comida. Até aí a gente já tinha se acostumado com a rotina. Acordávamos cedo, quando ele e as mulheres dele estavam dormindo, íamos para escola e quando voltávamos íamos para o quarto e dali
só saíamos para voltar para a escola no dia seguinte. Mas, mesmo vivendo assim, tudo era mais fácil enquanto tínhamos minha mãe. Ela engravidou novamente quando eu tinha oito anos e quando a belinha nasceu, o Renato ficou ainda mais violento. Minha mãe foi embora um ano depois e eu, com nove anos, tive que aprender a cuidar dos meus três irmãos, inclusive uma criança de um ano.

-Vocês ficaram com o seu padastro?

- Ficamos e foi aí que começou a pior parte da minha vida. Renato ficou louco quando a minha mãe fugiu. Ele tinha esse amor doentio e extremamente tóxico por ela. A gente parou de ir para a escola e vivíamos trancados em um quarto pequeno, sem sair para nada. Às vezes ele lembrava de dar comida para a gente, mas às vezes ele simplesmente se esquecia e ficávamos muito tempo sem comer. Ele ficava bêbado e, por vezes entrou no quarto procurando minha mãe e quando não a achava ele batia na gente. E é muito louco ver como a gente se acostuma a viver mesmo em circunstâncias assim, né?! - Perguntou, secando uma lágrima que escorria por seu rosto. - Comecei a esconder comida, quando ele levava. E aprendi os horários que ele vinha bater na gente. Então, quando eu escutava os passos dele, eu obrigava meus irmãos a entrarem no guarda-roupa e apanhava por eles. As coisas que ele dizia me apavoram até hoje, Josh. -Ele a abraçou ainda mais forte, sentindo o corpo dela tremer de leve ao se lembrar de tudo aquilo.

- Não precisa continuar se não quiser.

- Está tudo bem, prometo.-Falou e Josh assentiu. - Ele dizia que eu nunca seria amada, que nem mesmo a minha mãe tinha me suportado e que, um dia eu teria que tomar o lugar dela, que eu teria que me casar com ele e que eu iria ter que trabalhar no lugar dela.

-Por quanto tempo isso aconteceu?

-Um ano, mas na minha cabeça parece bem mais. Foi aí que chegou uma mulher nova no bordel dele. Ela era diferente das outras e ela viu o que acontecia e tirou a gente de lá. Ela nos deixou em um orfanato. As coisas melhoraram um pouco depois disso. As pessoas que cuidavam da gente eram boas pessoas e não passávamos fome mais. Mas foi difícil ver meus irmãos sendo adotados enquanto eu ia ficando. As pessoas não gostam de adotar crianças maiores de dez anos. Belinha foi a primeira, Shivani foi depois e lamar foi o último. Eu nunca mais os vi. Carlos me adotou quando eu tinha dezesseis anos e eu senti como se pudesse respirar de novo, sabe? Ele era sensacional. Me ensinou que eu podia ser quem e o que eu quisesse, me deu uma segunda chance, me ensinou que meu passado não definia meu futuro.

-Você é demais, garota. -Josh falou, ainda abraçado a ela. -Sabe o que eu consigo pensar agora? Que você é extremamente forte e um ser humano lindo.Eu nunca imaginaria que você tinha passado por tudo isso. E, mesmo passando, esse sorriso lindo nunca deixa seu rosto. Eu só sei te amar mais e mais, Any.

-Você me ama?-Falou,olhando dentro dos olhos dele e Josh sorriu. - Mesmo depois de ouvir tudo isso?

-Como poderia não amar? Eu amo você, Any, e essa é uma das maiores certezas de que eu tenho.-Ele disse e se aproximou, juntando seus lábios em um beijo carinhoso e cheio de amor.

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Amável Megera!! ❤️ Onde histórias criam vida. Descubra agora