Capítulo 1 - Detalhes

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Abri a porta do meu apartamento respirando profundamente o cheiro de camomila que ele exalava, sabendo que aquela seria a última vez que teria a oportunidade de fazê-lo pelo restante do ano. Eu realmente esperava que a casa onde moraria pelos próximos 12 meses fosse ao menos aconchegante. Dirigi-me até a suíte, roçando os dedos saudosa por cada móvel tão meticulosamente escolhido que eu teria que deixar para trás. Peguei as malas de viagem e comecei a postar todas as roupas do closet lá dentro, sem muita delicadeza. Depois de colocar também sapatos, lingeries e toda a parafernália feminina necessária para sobrevivência, fechei o último zíper e rumei até a porta, silenciosamente fazendo a promessa de que eu voltaria a pisar em casa com mais um caso bem-sucedido.

Após o motorista ajeitar minhas malas no porta-malas da BMW preta, seguimos para o aeroporto. Quando chegamos, o jatinho me aguardava prestes a decolar. Embarquei às pressas, me jogando desajeitadamente no assento e arrumando meus óculos escuros no rosto. Quando o avião decolou e deixou aos poucos Nova Iorque para trás, pude finalmente prestar atenção no que ocorria à minha volta. As paredes beges e o tapete azul marinho do jato eram de muito bom gosto, as poltronas largas confortáveis e chiques e a peste bubônica em forma de gente sentada ao meu lado tomando seu Whisky silenciosamente cheirava a perfume caro. Tudo em quase perfeita sincronia. Claro, se não fosse pela companhia.

A televisão imensa de tela plana emitiu um pequeno chiado e o rosto conhecido de Débora nos passava instruções finais. Quando o telão ficou preto novamente, escutei a voz propositalmente rouca do maldito ecoar:

- Enquanto esperava Vossa Majestade embarcar, tive tempo de ler sobre a casa e alguns moradores na pasta que nos foi entregue. - começou, tão ácido e prepotente quanto eu esperava que fosse. - É um condomínio bem residencial, muitas famílias e madames que vivem de aparência. Apesar da CIA ter conseguido atrair mais duas famílias para se mudarem para lá ao mesmo tempo que nós, para levantar suspeitas de qual das três casas abriga agentes, ainda precisamos convencer que somos tão inofensivos quanto os outros. Portanto, pensei em um plano para levantar o mínimo possível de suspeita sobre a nossa chegada repentina e ao mesmo tempo abrir uma brecha de proximidade com os vizinhos. — Daniel exibia precariamente duas carreiras de dentes brancos e alinhados. Seus lábios rosados moviam-se rapidamente, as pernas cruzadas do modo mais masculino possível, apesar da camisa apertada demais nos seus músculos avantajados repuxar com esse simples fato.

O que qualquer mulher via nele? Não havia qualidades ali, pois cada pequeno detalhe de seu ser estava mergulhado em um poço maldade e ironia. Eu o mirava com desprezo, embora soubesse que esse ainda não era o momento de despejar toda a minha repulsa sobre ele. Eu era profissional, afinal de contas. Iria relevar por alguns minutos quem era meu parceiro em prol da missão.

- E qual é o seu plano, Backer? — perguntei direcionando meu olhar para seus glóbulos azuis, tornando um pouco mais fácil o raciocínio lógico. Bem pouco. As nuances de um mar agitado estavam pintadas em cada milímetro de sua íris, e toda aquela movimentação apenas me dava mais vontade de começar a gritar com ele e puxar seus cabelos acusadoramente. Precisava de tranquilidade para me concentrar no caso e tentar superar o fato de que teria que trabalhar justo com ele; embora tranquilidade nunca tenha sido algo que Daniel instigasse em mim.

[Degustação] A missão do Ponte LesteOnde histórias criam vida. Descubra agora