Capítulo 3 - Passeio

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Almoçamos em silêncio e subimos para nos trocar. Coloquei um vestido leve e rasteirinhas, estava sol e iríamos apenas dar uma volta. Danny, que se trocara no próprio quarto enquanto eu o fazia no banheiro, colocara uma bermuda xadrez e chinelos. Quando abri a porta que nos separava, ele pendurava uma regata no ombro enquanto colocava seus óculos escuros. De costas para mim, Danny não pareceu perceber minha presença, por mais que a demora em seus gestos me fizesse acreditar ser com o propósito de me dar a visão de suas costas musculosas, tão comentadas pela mulherada da CIA. Quando se virou, meu olhar fixo e taxativo encontrou o seu, escondido pelos óculos. Um sorriso torto se formou em seu rosto enquanto ele colocava a maldita regata.

- Pronta, linda? - Assenti ainda desconfortável por ter sido pega no flagra - erro fatídico que me custaria alguns dias suportando o ego inflado de Daniel - e desci as escadas com o ser na minha cola. Pelo menos ele pareceu não ter a intenção de me confrontar quanto aquilo, possivelmente prevendo que eu negaria até a morte. Ele abriu a porta da frente para nós, por onde saímos sem rumo pelas ruas do condomínio. Concentrei minha respiração para expirar qualquer reação adversa ao meu parceiro, já que a partir dali a atuação seria intensa e era de extrema importância que eu tivesse foco total na missão. Demos as mãos e caminhamos enquanto ele me contava em voz baixa o pouco que havia lido sobre nossos vizinhos na pasta. Avaliamos algumas opções, embora fosse difícil já que a única coisa que era certa sobre o procurado é que era um homem. Idade, aparência, nada disso era sabido. O Ponte Leste tinha em média 50 casas, não era imenso, mas também não era pequeno. Resolvemos nos sentar em um parquinho não muito longe da nossa. Havia cinco adultos lá com seus filhos, de modo que Danny lançou um olhar que deixou claro que teríamos que nos esforçar no papel. Cumprimentamos as mulheres e o casal de longe, com sorrisos, e o show começou.

- Para, para aí mesmo! Nossa, você tá linda nessa luz. Deixa eu tirar só uma foto, amor. — Danny havia me parado na frente de uma árvore e sacara o celular do bolso, me deixando muito envergonhada. Ele era muito bom no fingimento!

- Amor, você está me deixando envergonhada. Chega disso, vai. — cobri meu rosto corado e caminhei até ele que ria discretamente. Passei os braços por seu pescoço e fiz manha.

Ele me deu um sorriso que outras pessoas julgariam como terno e me abraçou pela cintura, logo me tirando do chão e dando uma volta no lugar. Comecei a rir, aproveitando para mirar as pessoas a nossa volta. Uma das moças se despedia, as outras duas babavam na nossa cena romântica e o casal prestava atenção em alguma minhoca que seus filhos mostravam.

- Ei - Danny me chamou, fazendo com que eu olhasse novamente seus olhos azuis. - Eu te amo. - Ouvi as mulheres suspirarem e tive que me conter para não cair na gargalhada. Passei uma das minhas mãos pelo rosto do meu "marido" e mexi os lábios em um "eu te amo mais" silencioso. O olhar de Danny tornou-se divertido.

- Mentirosa. - ele me acusou, dando um selinho no canto dos meus lábio em seguida e saindo em disparada entre os bancos que havia ali.

Eu estava tão em choque por ele ter realmente encostado sua boca na minha que nem assimilei o que estava acontecendo. Ele ria descontrolado como se fugisse de mim, em um convite mudo para que eu o seguisse. Olhei para as mulheres que sorriam para a cena com a boca escancarada e elas me incentivaram com as sobrancelhas. Ri internamente e sai correndo atrás da criatura. Perdi-o de vista por um momento, logo encontrando quando ele saiu de trás de uma árvore e me abraçou por trás. Tropeçamos em uma elevação da grama e caímos os dois no chão, ele em cima de mim.

Felizmente ou não, antes de cairmos, eu virei de costas, de modo que ficamos cara-a-cara deitados. Eu ri verdadeiramente da nossa trapalhada e ele me imitou. Como estávamos um pouco mais longe do parquinho, as mulheres não escutariam mais o que falávamos, embora com certeza ainda nos tivessem em vista. Aproveitei para tirar o foco das nossas posições no momento.

- Bela atuação. Espera só até chegarmos em casa para eu te fazer pagar pelo beijo. — disse olhando-o com vingança liquida no olhar ainda que continuasse divertida pela gargalhada.

- Esses aí, nós convencemos. E para de fingir que não quer mais, Marquese, curiosa do jeito que sempre foi, eu sei que você tá doidinha pra saber como seria me beijar mesmo. — ele rebateu, a voz rouca e provocante soando próxima aos meus lábios e as mãos grandes e macias acariciando minha cintura.

Parte da minha pose de "vou te matar" foi por água abaixo. Meus olhos percorreram hesitantes o caminho até sua boca por um instante, mas a outra parte de mim, a racional, me forçou a dizer:

- Está ficando tarde. Vamos para casa.

- Como a patroa mandar. — ele se levantou e estendeu a mão para que eu também o fizesse. Voltamos para onde as mulheres e o casal estavam, para depois continuar nosso caminho. Uma delas nos parou.

- Desculpe a intromissão, mas não pude deixar de notar que nunca os havia visto aqui. — seus cabelos caramelo caiam em ondas largas até pouco depois dos ombros. Ela tinha olhos mel cativantes e algumas poucas sardas pintando a pele cor de marfim.

- Bom, nós nos mudamos hoje, não é à toa. — respondi com um sorriso educado.

- Pois então, sejam bem-vindos! Eu me chamo Pâmela. — ela estendeu a mão que eu e Danny logo apertamos, nos apresentando também. - Daniel e Melanie, se me permitem dizer, vocês formam um casal muito bonito.

- Muito obrigada, Pâmela. — agradeci serena. - Bem, é melhor irmos, não é amor? Foi um prazer conhecê-la. — virei-me para Danny que concordou. Nos despedimos e marcamos de vê-la na festa do condomínio no dia seguinte, na qual ela disse que nos apresentaria seu marido, José.


[Degustação] A missão do Ponte LesteOnde histórias criam vida. Descubra agora