Capítulo 6

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Eles conversavam rindo e falando alto, assuntos vinham e iam, uns eram de trabalhos que eles tinham feito, histórias constrangedoras ou até mesmo momentos que eles acharam que nunca saíram vivos.Victor mostrou suas cicatrizes, não eram poucas, todas elas tinham um nome, mulheres que passaram em sua vida ou mulheres que o feriram de algum jeito. Mas uma cicatriz dele em principal me chamou atenção, bem no peito que parecia ter sido uma facada.

- Essa se chama Bárbara Passos. - Todo mundo riu. - Um encontro casual de dois mercenários, mas três centímetros para a esquerda e eu estaria morto, alguns meses depois você salvou a minha vida. - Ele deu um sorriso de agradecimento a ela.

- E você atirou na minha perna. - Ela falou, mostrando a cicatriz. - E para deixar claro a todos aqui presentes, eu só arremessei a faca por qué ele atirou em mim. - Ela levantou a perna, para vermos melhor a cicatriz do tiro.

-Já que estão contando como conheceram a Babi, eu também vou contar. - Milena se manifestou e todos pararam de falar, mas a Babi ria, parecia se lembrar.- Eu bati no carro dela, que na verdade não era dela, ela estava roubando. Eu fiquei desesperada, comecei a chorar. Lembro da Babi estar com a cara de "o que eu faço agora?" e então eu a abracei, não me pergutem o porquê. Ela me acalmou e eu lhe entreguei um cartão, lá tinha meu nome e o meu número. Babi me ligou no dia seguinte, pegou meus dados e zerou a minha conta bancaria. - Mi agora começou a rir loucamente assim como Babi, ela não conseguia mais contar, não sei por que aquilo era tão engraçado para elas.

- Três dias depois, ela zerou todas as minhas contas com nomes fictícios,além de hackear meu telefone, nos esbarramos depois na rua e é isso, o que é mais engraçado, a droga do destino. - Ela disse, ainda rindo.

- Só essas duas retardadas acham graça nessa história.- Bianca disse, pegando outro pedaço de pizza.

- Conhecemos a Bianca em um bar. - Mi disse. - O que é perfeito pra ela. - Disse brincando.

-Bianca estava no bar aquela noite servindo drinks, ela era bem popular com as pessoas, pude ver que na maioria das vezes ela não devolvia os trocos, algumas vezes pegava alguns celulares em cima do balcão e as pessoas bêbadas nem percebiam, ela tinha carisma, mas o que me fez realmente gostar dela foi seu soco de direita. -Babi deu uma pescadinha para ela.

- Nunca mexa com uma garota do gueto. - Dizia ela fazendo pose, o que fez todo mundo rir.

- E o Gilson? - Me veio à curiosidade.

-Babi e eu crescemos no mesmo orfanato, depois do exército me chutar, fui fazer alguns trabalhos de escolta e segurança, até que um dia ela me ligou oferecendo muito mais do que eles, seria um roubo de uma carga de produtos eletrônicos, eu fiquei com um pé atrás, mas decidi ver qual era. - Ele deu uma pausa. - Foi rápido e limpo, ninguém morreu, como na maioria dos nossos roubas, não matamos, só imobilizamos e Babi me apresentou a mulher da minha vida. - Mi corou imediatamente e todos rimos.

- Depois disso viramos uma família. - Babi disse. - Alguns pensam que o sucesso das nossas missões é porque somos especialistas, mas o sucesso porque confiamos inteiramente um no outro. Todos ficaram quietos por um momento, acho que estavam refletindo sobre os momentos que eles passaram juntos.

Bianca se levantou e abraçou Babi e logo soltou,Milena abraçou o Gilson e o Victor me olhou.

- Nem vem! - Todos começaram a rir, acabando com aquele clima.

- Qual foi gatinha, deixa eu te mostrar o que esse moreno pode te dar. - Ele mordia os lábios e se jogou em cima de mim.

- Sai de cima de mim. - Eu o empurrava, rindo.

- Deixa ela respirar,Vic. -Babi levantou do sofá e foi andando até a cozinha, chegando lá falou alto. - Ela ainda não provou que faz parte da família. - Gritou para que pudesses escutar..

- Não a leve a mal. - Ele saiu de cima de mim, ficou em pé e depois me deu a mão para eu me levantar. - Depois ela fica mais legal. - Retribui com um sorriso.

-Marzin. - Falou autoritária, voltando da cozinha. - Como infelizmente todos os quartos dessa casa estão ocupados, no momento, você vai ter que ficar no quarto do porão. Lá tem câmeras, então. - Falou, não expressando nenhum tipo de expressão em minha direção.

- Sério Passos? Não tinha uma desculpa melhor para me colocar sobre vigia não?- Ela deu um sorriso de canto.

- Aqui tem algumas roupas. - Jogou uma mala no chão.

-Pra que roupa, todo mundo vai me ver nua nessas câmeras. - Apontei para o notebook que estava com uma imagem do quarto com visão norturna, pois estava escuro. Victor deu um sorriso safado, as meninas riram e Gilson ficou vermelho e logo tomou um cutucão da Milena.

- Não se preocupa, só eu vou ficar com o notebook. - Ela falou andando até a mesa onde estavam os computadores, pegou um celular e voltou até mim.

-Eu me preocuparia. -Bianca sussurrou de forma audível para todos, dando um sorriso malicioso o que fez os outros rirem.Babi deu um olhar serio para ela, mas ela não se intimidou e continuou rindo.

- Aqui está o seu celular. - Ela me entregou. - Ligue apenas para os números da memória, não vai conseguir ligar para nenhum outro número. - Avisou.

- Ok. - Falei. - Mas aquele quarto tem banheiro? E eu vou poder sair do quatro a hora que eu quiser ou terei que pedir permissão? - Perguntei, querendo provoca-la um pouco mais.

- Sim, para as duas perguntas. - Ela ia andando para a porta. - Só não pode sair da casa sem supervisão e também por segurança. - Ela pegou um tablet em cima da mesa e Milena abriu a porta, ela foi descendo as escadas e eu comecei a segui-lá.

-Boa noite! - Falei alto para todos e eles me retribuíram.

Fui andando atrás de Babi que não falava nada. Chegamos ao quarto e ela ligou a luz. Era um quarto simples, sem janela e apenas com uma cama, tinha uma outra porta, ela foi até lá e abriu.

- Dentro da mala eu coloquei itens de higiene pessoal também. - Ela estava da porta. - Você precisa de mais alguma coisa? - Perguntou.

- Não, obrigada! - Comecei a tirar meus sapatos e desabotoar a minha blusa. - Boa noite. - Ela ia fechando a porta quando me lembrei do que ela falou antes do Gilson acertar meu pescoço com aquele dardo.

- Espera! - Gritei e corri até a porta.

- O que foi? - Ela abriu a porta novamente e arqueou a sobrancelha.

- Você disse que me conhecia, eu quero saber de onde. - Ela deu um sorriso sarcástico.

- Se você não se lembra, não faz diferença saber de onde. Tenha uma boa noite! - Ela ia fechando a porta novamente, mas eu segurei.

- Pra mim faz diferença. - A encarei e ela retribuiu o olhar.

- Quem sabe um dia você se lembre ou eu te conte, mas não vai fazer diferença. - Ela começa a descer o olhar pelo meu corpo. - Bonito sutiã. - Eu olhei para baixo e vi que minha blusa estava aberta e então ela fechou a porta.

Terminei de tirar a roupa e fui para o banheiro. Fiquei lá alguns minutos, a câmera do banheiro só não pegava o chuveiro na parte de dentro, então ela não poderia me ver tomando banho, graças a Deus.

Fiquei pensando de onde eu poderia conhecer aquela mulher, que tinha uma pele morena e olhos castanhos, com aquele sorriso extremamente sarcástico sempre em seus lábios e que é meio grossa às vezes. Eu com certeza me lembraria dela. Me esforcei e nada veio em minha mente.

Fui deitar ainda pensando nisso e acabei pegando no sono.

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Babi e Carol aqui em BH,nunca fui triste🙏🏽

The Mission | adaptação BabitanOnde histórias criam vida. Descubra agora