2. Faíscas de fogo

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Queimar.
Eu queimava sem parar, inflamada pelas chamas que ardiam e pingavam, derretendo todos os vestígios do que fui e seria.
O sol estava em seu ponto mais alto, aquecendo até a mais fria das almas, e na varanda estava um de meus corpos, mais quente que qualquer outra estrela que se atrevesse a queimar naquele dia tão obscuro.
Tomei o último gole da garrafa de vinho e sentei-me na varanda ensolarada.
Enquanto fumava o último cigarro da carteira esperava ansiosamente pelo momento em que as chamas se apagariam, dando um fim digno a tudo aquilo que me mantinha gélida.
E no último suspiro, quando não podia mais sentir o gosto ácido do veneno que queimava minha garganta e rasgava minha alma, pela primeira vez nas últimas quatro décadas, uma faísca se acendeu e eu morri.
Pela última vez.

OS CORPOS DE HELENAOnde histórias criam vida. Descubra agora