-Algumas feridas são tão profundas que nunca se curam de verdade
Estava na banheira do quarto de hotel com Stéfani entre minhas pernas, não tinha um teor sexual, só duas pessoas que se gosta curtindo um momento juntas. Para começar bem o nosso dia.
- Eu estou amando, passar esse tempo com você.- Stéfani confessou baixinho.
- E isso é só o começo de uma vida, juntas!.- Falei firme, apertando mais Stéfani contra meus braços.
- Eu posso te contar um segredo?.- Stéfani perguntou se virando um pouco de lado, para me olhar.
- Pode.- Olhei atentamente para Stéfani.
- Antes de você, eu tinha medo de pensar no futuro, porque o futuro é incerto, sabe? Hoje você consegue algo e amanhã perde tudo. Mas quando se trata de você, eu tenho tanta coragem.. Tanta vontade e desejo por um "futuro".- Sorri beijando com cuidado seu rosto.
- Eu tenho muito medo.- Talvez fosse melhor, compartilhar com ela meus medos.- tenho medo do coração partir, mesmo sabendo que isso é só uma metáfora. tenho medo de partir o coração de alguém, por estar confusa. Tenho medo de ser esquecida e ainda mais medo, por deus, de ser trocada outra vez.
- Você tem dúvida do que sente por mim?.- Stéfani perguntou um pouco tensa.
- Não, eu tenho medo de criar expectativas em um relacionamento de novo.- Não queria e não podia entregar minha felicidade na mão de outra pessoa, de novo.
- Você não está pronta, isso é compreensível.- Stéfani sorriu fraco, se virando de costas.
- Eu só tenho medo.- Sussurei. O resto do banho foi em silêncio, um silêncio desconfortável.
Saímos do banho em silêncio, Stéfani foi se trocar no quarto. Respirei fundo e me troquei no banheiro mesmo, coloquei uma calça de moletom cinza, e uma regata preta.
Quando sai do banheiro, Stéfani estava sentada na beira da cama mexendo em seu celular, Stéfani já estava vestida com uma calça preta, e uma blusinha que deixava uma parte da sua barriga de fora.
- Eu estou odiando, esse clima.- Respirei fundo olhando para Stéfani, que finalmente tinha olhado em minha direção. O mais angustiante era não saber o que se passava, por sua cabeça.
Antes que Bianca falasse algo, meu telefone tocou. Peguei o aparelho para desligar, desistindo do ato ao ver quem estava ligando.
'Alô?."
"Mirella, você sabia que quando a criança chora a gente devolve para a mãe?."
"O que aconteceu?." Stéfani ficou em pé rápido na minha frente, tirei o celular do ouvido para colocar no viva voz.
"Alice viu os cactos da Lara, agora está chorando." Stéfani tomou o celular da mão e se afastou.
"Tainá? É a Stéfani."
"Oi Stéfani."
"Cadê a Alice?" A preocupação de Stéfani era notável de longe.
"Chorando jogada no chão do meu apartamento." Ao ouvir Tainá, Stéfani respirou fundo e fechou os olhos.
"Por favor, tira ela do chão." A voz de Stéfani saiu tão doce.
"Me pedindo assim, eu até talarico a Mi." Tainá brincou, rindo alto.
"Já estamos voltando." Stéfani avisou.
"Tá, tchau". Nem preciso comentar que Tainá desligou na cara da Stéfani.
Stéfani respirou fundo e me entregou o celular.
- Já podemos ir embora?.- Stéfani nem esperou resposta e já foi fechando suas malas.
Eu também estava preocupada, muito. No entanto Stéfani certamente estava bem pior.
Não demorou para estamos dentro do avião a caminho de São Paulo, em silêncio. Desde o fim da ligação nenhuma palavra foi trocada.
Stéfani colocou os fones de ouvido, com a pequena gata em seu colo e olhando para Jenela, Stéfani permaneceu a viagem toda. Deixando bem claro que não queria conversar. A viagem pareceu tão longa e torturante, ela nem ao menos me olhava.
Uma hora e meia depois, chegamos ao nosso destino. Dentro do carro Stéfani ligou a rádio em um volume considerável alto. Suspirei frustrada.
Quando parei em frente ao prédio de Tainá, Stéfani saiu do carro feito um furação. Estacionei o carro com calma, quando cheguei ao apartamento de Tainá. Stéfani estava sentada no sofá com Alice dormindo em seu colo.
- Tá tudo bem?.- Foi a primeira coisa que Tainá perguntou ao me ver.
- Acho que não.- Olhei de relance para Stéfani.
- O que aconteceu?.- Tainá perguntou curiosa.
- Acho que falei merda, não sei.- Eu de fato não sabia, talvez ela só tinha seus medos também.
- Esse cabeção, não serve pra nada não?.- Antes que eu pudesse responder, Luka apareceu na sala.
- Mamãe.- Luka correu na minha direção, me abaixei para lhe pegar no colo.
- Gostou de passar esse tempo com a Tainá?.- Perguntei, após beijar seu rosto.
- Sim, aprendi uma palavra nova.- Luka falou animado e confesso que isso me assustou.
- Qual?.- Perguntei, já me preparando para bater em Tainá.
- Cuzão.- Luka falou sorrindo, meus olhos caíram sobre Tainá que fingiu demência.
-Taina.- Definitivamente, nunca mais.- Luka, cuzão é - uma palavra feia.
- Oh.- Luka Me olhou espantado e levou as mãos a boca.- Desculpa, mamãe.
-Tudo bem, só não fale mais.- Acaricie seu rostinho. Principalmente perto da Alice.
- Ops.- Tainá e Luka falaram ao mesmo tempo.
- Jesus.- Definitivamente, hoje não era meu dia.
Olhei para Stéfani, que ao ser pega nos olhando, desviou o olhar para Alice.
- Vai buscar suas coisas, amor?.- Coloquei Luka no chão que correu literalmente, em direção ao quarto.
- Mire...
- Depois.- Sorri franco e olhei outra vez para Stéfani.
- Pronto, mamãe.- Luka voltou com suas coisas e de Alice.- Vamos, mamãe Sté.
Stéfani olhou para Luka sorrindo, e se levantando com cuidado para não acordar Alice.
- Obrigada, por ficar com eles.- Stéfani agradeceu a Tainá, antes de passar pela porta de saida do apartamento.
- Disponha.- Tainá sorriu envergonhada.
- Ata.- Resmunguei saindo do apartamento.
Luka fez a festa quando chegou no carro, e viu a pequena gatinha de Stéfani, dormindo no banco de trás.
O caminho até meu apartamento, só se ouvia a voz de Stéfani e Luka. Quando eu tentava participar da conversa, Stéfani me ignorava.
Após deitar Alice no seu berço, Stéfani se despediu de Luka com uma desculpa besta.
- Até, logo.- Stéfani falou parando no batente da porta da cozinha.
- Vamos ficar nesse, clima?.- Eu tentei mais uma vez.
- Depois conversamos, estou cansada.- Stéfani deu de ombros, olhando para baixo.
-Tudo bem.- Me aproximei dela com cautela e segurei seu rosto entre minhas mãos. Onde depositei um selinho em seus lábios.
Stéfani tirou sutilmente seu rosto das minhas mãos e se afastou.
Indo embora.
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Acaso - Sterella
FanfictionEu acredito na teoria de que NADA é por acaso. Ninguém esbarra em outro alguém do nada, sempre tem um propósito para aquilo. E conhecer Stéfani Bays foi o melhor acaso que aconteceu na minha vida. ALERTA CLICHÉ PESADOOO Todos os créditos são da: @...