Corna

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Meu apartamento estava um pouco movimentado hoje, após o almoço com Stéfani aproveite o sono das crianças para focar no meu trabalho. Agora passava um pouco das sete da noite e minha casa foi invadida pelas minhas amigas.

Pocah, Any e Lara me ajudava a fazer o jantar ou só conversava mesmo. Tainá estava no quarto com Luka e Enzo filho da Pocah e Any e Luiza foi dar banho em Alice.

-Eu ainda acho que Bragança não te contou o real motivo para essa separação.- comentou enquanto terminava de cortar a salada.

-Como assim?.- Perguntei confusa para Any.

-A gente acha que tem outro motivo.- Any falou dando de ombros, olhei para Lara e Any que estavam sentadas na bancada da cozinha conversando enquanto tomavam uma taça de vinho.

-Outra pessoa.- Pocah falou recebendo um tapa na cabeça de Any.

-Ela tá brincando, Mi.- falou forçando um sorriso.

Terminei de fazer a massa e peguei uma taça colocando um pouco de vinho branco para mim.

-Eu não acho que tenha outra pessoa, nunca dei motivos para isso e Bragança nunca demonstrou nada. Comentei enquanto me encostava na pia da cozinha.

-A Lu sabe de algo.- Outra vez levou um tapa na cabeça.

- Ai merda. - Pocah resmungou esfregando o local acertado.

-Você fala muito, vida.- Any falou achando graça e Pocah lhe mostrou o dedo do meio.

- Luiza sabe?.- Perguntei olhando para as três.

-Suspeita.- Foi a única resposta que recebi, vinda de Any.

Logo elas mudaram de assunto no qual não prestei atenção, meus pensamentos estavam longe. Será mesmo que ela tinha outra pessoa?

Ela não tinha motivos para isso, não tinha. E ela não faria isso comigo.

Ou talvez eu acredite demais nas outras pessoas, crio grandes expectativas e acho que elas não faria comigo o que eu não faria com elas e as vezes me esqueço que as pessoas nunca desperdiçam a chance de serem filhas da puta.

-Eu nunca vou querer ter um filho.- Sou tirada dos meus pensamentos por uma Tainá entrando na cozinha com a cara emburrada.

-O que aconteceu?.- Lara perguntou enquanto Tainá quase se deitava encima dela pedido carinho.

-Eles me ganharam no jogo de luta e ainda ficaram rindo da minha cara.- Tainá respondeu fazendo biquinho e a cozinha foi preenchida pela risada de todas nós.

- Amiga, eles só tem seis anos.- Falei quando parei de ri.

-Idai? Vou processar eles.- Taina resmungou.

- Tainá, fica longe do meu filho.- Any raiou enquanto pegava uma taça de vinho o jantar já estava pronto.

-Ele é o pior, tem nem tamanho igual a mãe e ainda me dar língua.- Outra vez Tainá fez todas ri alto.

-Que farra é essa aqui.- Luiza entrou na cozinha com Alice no colo já de banho tomado e pronta para dormir.

-Oh meu Deus, que neném cheirosa.- Tainá saiu rápido de perto de Lara e foi logo tirando Alice do colo da Luiza. Tainá colocou Alice na sua cadeira de alimentação e Alice fez jeito de chorar.- Se você dá aquele sorriso fofo eu te pego no colo.- Tainá falou sorrindo para Alice que fez igual arrancando um sorriso orgulhoso da paulista.

- Tainá  falou sorrindo  para Alice que fez igual arrancando um sorriso orgulhoso da paulista

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-Que coisa fofa, mamãe.- Tento pegar Alice e Tainá não deixa.

-Deixa ela comigo, você tem o tempo todinho com ela. - Tainá resmungou.

-Oh Tá, que história é essa que você sabe de coisas que eu não sei.- Parei de frente para ela com uma sobrancelha levantada.

-A Alice quer a mamãe, né Alice?.- Tainá falou com Alice e me entregou a criança.

-Diz logo, Tainá.- Reprendi a paulista que tentou fugir do assunto.

-Ah Mirella, todo mundo é corno um dia.- Tainá falou fazendo pouco caso e voltando para o lado de Lara.

-Como você sabe?.- Perguntei.

-Sei o que?.- Tainá se fez de besta, respirei fundo.

- Tainá.- Era evidente minha falta de paciência naquele momento e Tainá ainda tentava me enrolar.

-Ai gente, diz logo.- Luiza reclamou.- Mi a Bragança estava te traindo com a assistente dela.- Luiza falou tudo de uma vez, fazendo a cozinha ficar em um completo silêncio.

-Mamãe?.- Luka entrou na cozinha acompanhado de Enzo.- Tô com fome.

-Vamos comer.- Não iria deixar aquilo me afetar tanto e não choraria na frente de ninguém.

As meminas voltaram a conversar assuntos aleatórios, o que eu agradeci mentalmente elas me conhecia o suficiente para saber que eu não queria falar sobre aquilo naquele momento.

Depois continuidade a noite, jantamos em meio a conversas sobre trabalho ou viagem e até mesmo em se mudar todas para qualquer lugar fora do Brasil.

Depois do jantar ficamos na sala tomando um vinho e jogando conversa fora, as crianças já estavam dormindo.

Já passava da meia noite quando elas resolveram ir embora.

-Você tá bem?.- Pocah perguntou logo após me dar um abraço de despedida.

-Estou.- Me limitei na resposta, não queira prolongar o assunto.

-Qualquer coisa, me liga.- Apenas concordei com a cabeça e ela deu um sorriso forçado.

-Mi, sempre que precisar de companhia para comer e tomar vinho. Pode chamar.- Podia jura que Tainá estava um pouco alterada se ela já não fosse meio louquinha normalmente.

-Quando quiserem invadi minha casa de novo é só vim. Brinquei e Tainá me abraçou.

-Vamos logo, tô com sono.- Luiza reclamou chamando atenção das meninas.

Depois de me despedir de todas elas foram embora.
Entrei no meu apartamento trancado a porta, dei uma olhada rápida nas crianças que dormia na minha cama e voltei para a sala me jogando no sofá.

Agora eu podia me permitir pensar no ocorrido de mais cedo.

O pior é a sensação de que tudo está acontecendo bem embaixo do seu nariz, e todos sabem, menos você.

A sensação de ser traída, é uma das piores, a sensação de não ser suficiente, de não ser tão amada, de não ser o bastante! Doi, machuca a alma, o psicológico, o coração.

É difícil agora não desconfiar se há mais para descobrir, foi só a assistente? Teve outras? Quantas?

Me jurou amor eterno, me pediu um filho, prometeu nunca me deixar e foi só aparecer outra para ela ir embora.

Nem me dei conta que meu rosto já estava banhado de lágrimas. Dói porque eu gosto muito dela.

Minha vontade era de quebrar essa casa inteira, de colocar pra fora minha raiva e frustação de vez. Mas eu não faria aquilo. Mesmo que tudo naquela casa me fizesse me lembrar de um falso nós.

Eu iria me mudar.

Recomeçar, bem longe daqui.

Acaso - SterellaOnde histórias criam vida. Descubra agora