CONSCIENTE

SENTIDOS

"Cheguei antes e tomei a liberdade de adiantar algumas coisas para você... Me perdoe pelas coisas que Letícia lhe disse, é maior do que ela a falta de educação, espero que volte!"

Mors

Não passava mais nada em minha cabeça, tudo era como um grande quarto branco, sem cor, sem móveis, sem luz, somente um branco. Damon havia feito muitas coisas e depois de finalmente poder ver seu rosto, saber algum dos mistérios que passavam por ele e aquele bilhete.

Uma vez pude ouvir um velho amigo me dizer: -Se a vida fosse como a neve seria gelada demais para as aves e os pequenos animais da terra Wally, mas ela é como deve ser, e tudo acontece em seu tempo e no seu devido propósito!

Tudo o que ouvi algum dia começou a fazer mais sentido na minha cabeça. Fui mãe muito cedo, mas prefiro não ficar pensando no quanto minha vida era "normal" e boa, não tinha preocupações.

Mas não voltaria atrás se tivesse que abrir mão de Jennifer, éramos nós duas agora.

Estamos retornando a nossa velha casa agora, após alguns dias fora, foi bom retornar a ver novamente algumas coisas.

O dia está clareando, tempo nublado, é típico de Curitiba, principalmente no outono. Meus vizinhos ainda não acordaram, o bairro está em um silêncio e já não é tão movimentado como me lembrava.

-É neste endereço mesmo, Sra? Disse o taxista volta-se ao espelho.

-É sim, quanto ficou? Respondi

-25 reais.

-Aqui está e obrigada.

-Por nada, tenha um bom dia. Fechamos a porta do táxi e nos encaminhamos para o portão velho, havia um bilhete colado.

"CARTA DE AVISO DE DESPEJO"

Viemos por meio desta anunciar o aviso de despejo do residente, por falta de pagamento, o prazo para sair do local é de 3 dias.

Para ser sincera eu esperava aquilo, mas olhei e engoli seco, tomei a abrir o portão como se tivesse ignorado a mensagem com Jennifer em meus braços.

Era tão quieto, quando abri a porta, era como se a nostalgia batesse com força e minha mente viajasse pelo ambiente, Jennifer acordou e desceu correndo pela casa, fiquei paralisada na porta e olhava para todos os cantos. Pude escutar Near Town, uma música do The Amazing Broken Man, que ouvia em minha adolescência e ela tocava em meu coração naquele momento.

-Jennifer. Retornei à presença do local.

-Que foi mamãe.Jennifer correu as minhas pernas e puxava meu casaco.

-Temos que pegar nossas coisas, iremos nos mudar.

Estava decidido naquele momento a me mudar, sei lá para onde eu iria, só queria sair dali, me via em um filme, queria ir para outros cantos, talvez um Hotel, outra cidade, quem sabe.

A cada roupa e objeto que eu tomava em minha mão era como um terremoto de Djavu que vinha em minhas memórias, mas em questão de 4 horas arrumamos tudo em nossas 4 malas.

-Filha, olhe para mim. Puxei o rosto de Jennifer e me conectei a ela.

Ela me olhava e sorria, era linda, eu a puxei em meus braços com um forte abraço, e eu sentia seu coração bater, sua vida percorrer e as trocas energéticas que nos passavam. Era tudo muito intenso.

-Vamos embora. Minha melancolia aumentava.

-Pra onde? Jennifer estava me olhando.

-Para um lugar melhor, filha. Só foi o que pude responder, chamei um TÁXI e a tomei sob meus braços.