5. Bob

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Assim que começamos a avançar pelo caminho do outro lado do rio, penso novamente na profecia. Onde estará Bob? "E o Titã procurem onde a sua fé deve estar". Ainda não consegui perceber ao que é que se refere. Será que Bob afinal de contas sempre esteve do lado de Gaia?

- Já tentaste falar com o Bob desde que cá chegamos? – fala como se me lesse os pensamentos.

- Exige muita concentração e eu nunca consegui contactá-lo. Só ele consegue estabelecer essa ligação – digo irritado comigo mesmo.

- Não te lembras de nada que nos dê alguma dica? Não sei, um lugar ou assim?

Penso um pouco nisso e tento lembrar-me de onde Bob estava na última vez que o vi. Parecia estar num canto escuro do Tártaro, como se fosse o limite...

- Will! Eu sei onde ele está. Faz todo o sentido. Ele está numa das saídas do Tártaro...

- Que são as Portas da Morte! Exato: "E o Titã procurem onde a sua fé deve estar". Ele acredita que o vamos salvar por isso está logo onde devemos sair. Nico, és um génio! – sorrimos e começamos a avançar pelo longo caminho até a uma das Portas da Morte.

Enquanto estávamos a passar pelas várias grutas dos monstros, encontrámos um ou outro para combater. Apareceram-nos um gigante e uma bruxa. 

O gigante até nem foi difícil derrotar. Agora a bruxa já é outra história.

Ela é o tipo de bruxa que consegue controlar as pessoas pela mente. Não contávamos encontrá-la e assim não nos podemos preparar para combatê-la. 

Os meus pensamentos começaram a adquirir outro princípio. Que tinha que matar o rapaz loiro ao meu lado. O meu cérebro diz-me que ele também me quer matar e que é melhor ser eu a iniciar o primeiro ataque.

Só não entendo o porquê de ele ser meu inimigo, sendo que eu nunca o vi na vida. Ou talvez até o tenha visto mas não me lembre agora. Começo a avançar contra ele para desferir o primeiro golpe. 

-O que é que te deu? - pergunta-me como se não o soubesse. Ele olha-me com um olhar que eu não entendo. Mas esse olhar faz-me pensar que o conheço mas não sei donde. O rapaz loiro volta-se para a bruxa e grita com raiva - Que lhe fizeste? Que fizeste ao meu namorado?

Aproveito este momento para tentar atingi-lo de novo mas ele esquiva-se e agarra os meus magros pulsos com as suas grandes e fortes mãos.

- Ora, o rapazito quer matar-te. És uma ameaça para ele - solta um riso estrondoso - É facil controlá-lo. Já tu, loirinho, tens uma proteção qualquer dentro de ti. Deves ser filho de Apollo. Bom uma parte da diversão foi-se. Seria muito mais engraçado ver-vos aos dois a lutar um contra o outro.

Tento libertar-me daquelas mãos, não prestando atenção à conversa. Mas ele não me larga. Quando me viro para ele para lhe dizer umas boas verdades, um mar azul intenso invade-me quando lhe olho nos olhos. Óbvio que me lembro dele. Lembro-me de todos os momentos que passei com ele ao meu lado, fazendo me feliz. 

- Will? Eu não tinha intenção...

- Graças aos doze deuses do Olimpo que voltaste a ti - diz abraçando-me com muita força. Eu retribuo o abraço. Estava assustado com a forma que ela conseguiu controlar-me tão facilmente. Odeio que me controlem. Will dirige-se para a bruxa, sem me largar - Ninguém magoa o meu namorado e ninguém o controla!

Dito isto eu decido tirar-nos dali, viajando novamente pela escuridão. Quando decido parar por não ter forças reparo que fomos parar a um local deserto do Tártaro. Não se via vivalma naquele espaço.

Will continua a abraçar-me e eu deixo-me descançar nos seus braços. Respiro fundo e tento recompor-me. Afasto-me dele e vejo uma lágrima escorrer-lhe pela face. Limpo-a com o meu dedo.

Solangelo - Nico e Will no TártaroOnde histórias criam vida. Descubra agora