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Lilithe Kelly

Me lembrei de Nati, a princípio achei que era mais um homem bondoso, com boas intenções para com uma mulher como eu, largada a vida, onde todos têm dó, mas buscam a mesma coisa, sexo.
Então mesmo reconhecendo, por fazer muito tempo, achei que ele estava usando uma tatica, apenas pra me levar pra cama, pois éramos próximos a muito tempo, sei lá, nunca transamos, talvez ele queria se compensar por não ter me pego na época, apesar de ainda achar isso em meio, ele foi super gentiu, me levou pra casa, por que eu não tinha lugar nem um pra ir, fui expulsa de casa por um namorado muito idiota, ele ainda vai me pagar.
Acho que já me satisfez, não sei se seria certo ir com ele, ainda mais que...
- Você pode Nati, me ajudar ?
Ele me olhou, estava bem sério, até fiquei sem graça por ter chorado na frente dele, sei lá, fazia muito tempo que não o via, mas lembro que éramos próximos e eu sempre confiava nele.
Não sei por que mas a sinestesia tomou de conta, eu já estava me recompondo.
- Não,  Nati, tudo bem, não é problema seu deixa.
- Kelly, não chore, fica tranquilo, eu estou aqui, vou pensar como posso fazer.
Então ele me abraçou, eu sentir depois de muitos tempo, eu me senti segura, pude relaxar as costas, nossa, acho que se eu pudesse falar sobre felicidade, acho que aquilo foi o mais perto.
Sem querer acho que ele já me ajudou em uma parte, conseguiu me tranquilizar, mesmo que por pouco tempo, mas pra mim foi o bastante por hora, ele parou e me olhou.
-  Não me chame de Kelly, odiava quando me chamava assim.
Droga, nessa hora eu ri é chorei mais um pouco.
- Estamos quites, pois você me chama de Nati, que diabos de apelido é esse?
Então rumos bastante, sentamos na mesa novamente, ele colocou os cotovelos na mesa e chegou mais perto com os olhos arregalados é disse.
- Olha Kelly, meus filhos saíram de casa recentemente, estão fazendo faculdade, entrado tenho quartos vagos em minha casa.
- Você só pode está louco.
- Não, mulher, pensa, eu e você fomos muito amigos, se achasse eu na rua como está, não me ajudaria ?
Como assim como estou ?
- Como assim como estou?
- Desculpa, não quis ofender,  você está meio acabada.
- Está me chamando de feia?
Nossa como nos mulheres damos ênfase a coisas bobas, quando o boy é gato.
- Não,  você é linda, da época da escola, você era a mais linda, todas a queriam.
Acho que fiquei vermelha.
- Você me chamou de linda?
- Sim, Por isso mesmo não deveria jogar sua vida fora, não que esse é o motivo,  mas acho que tem o potencial, tipo isso.
Depois que ele me chamou de linda, acho que não ouvi mais nada, notei que eu estava já mordendo a boca e toda envergonhada, nossa como nos mulheres damos realmente ênfase a coisas bobas quando o boy é gato.
- Só tem um porém Nati...
Lembrei na mesma da hora.
- Sua mulher, o que ela vai pensar sobre isso.
- Bem, des de que nossos filhos se foram, passamos muito tempo sozinhos, acho que ela até vai gostar da sua companhia.
- Que mulher é essa, ela não tem ciúmes não.
- Bem, nunca tivemos muitas discussões relacionadas a isso, muitos anos de casados ela nunca brigou por causa disso, tipo, acho que também sou muito comportado, não sei dizer ao certo.
- Será, nunca colocou nem um chifre nela ou algo do tipo?
- Não,  simplesmente não, ela sabe que eu amo ela, foi a única mulher que eu confio é nunca me decepcionou, ela vai me entender.
Sei que não foi de propósito, mas o que Jonathan disse me feriu como uma espada que corta para os dois lados, pois, na nossa época de escola eu feri seus sentimentos, então ele não confia em mim , é o fato dele dizer isso pode ser uma espécie de indireta para mim, mas acho que ele não liga mais pra isso, mas por que eu ligaria, claro né, depois de ver como ele está bem, é casado,  e estão juntos até hoje,  não deixo de pensar nas minhas más escolhas que fiz na vida, o que eu quero dizer é que, e se fosse eu com ele, talvez minha vida estaria bem diferente do que esa merda que estou passando.
- O que foi Kelly?
- Sim?
- Não,  derrepente você ficou bem diferente.
Maldito, ele é muito bom nisso, me reparou, sempre repara, isso deixa qual quer mulher com a piriquita na mão.
- Não é nada, eu só estava pensando como seria, acho melhor não.
- Deixa de ser, somos católicos, acha que se eu deixar você sem rumo, como minha alma será salva?
- Então pra você é questão de altruísmo?
- Você adora responder sempre com pergunta ?
- Des da época da escola, né?
Então ele me fez sorrir mais uma vez, não tinha como negar, ele estava muito seguro de si, então o que podia dar errado ?
- Ta bom, só não quero confusão, tudo bem, se ela achar ruim eu vou embora.
- Eu garanto que não!
Então fomos pra  casa dele, no carro dele,  pra evitar o silêncio, ele colocou uma música, sai começou a dançar, dirigindo, foi um fofo.
- Por que mudou de música?
- Não gosto dessa rádio.

Cavei o rádio até encontrar uma estação que eu sempre ouvia, passava músicas antigas, até que achei uma de nosso tempo, então curtimos juntos,  foi maravilhoso.
Acho que aquela altura, estava curtindo o Nati Nati, de mais.
- Você deve ser um namorado horrível, mas é um ótimo amigo.
- Uai, como saberia, nunca me namorou?
- Há, Nati, somos amigos,  e você sabia que antigamente, não existia a palavra namorados?
- Sério, e como era que os povos davam amassos?
- Sério besta, em Portugal o termo era amigos.
- super interessante.
- Sim Até hoje quando você se junta com uma pessoa sem casar o povo fala "amigar".
- Essa eu não sabia.
- Até em inglês, se reparar, boy-friends, que quer dizer ao pé da letra garoto amigo.
- Calma aí, somos namorados.
- Talvez até hoje.
-Verdade, acho que somos amigos .
Brinquei com ele, ele até entrou na conversa,  isso é divertido, um pequeno flerte qual quer, porém nada de falar de sexo,  isso foi maravilhoso.
Ao chegar em sua casa, fomos até a porta e entramos, ele avisou de entrada que estava chegando, foi como aqueles casais de serie americana antiga, onde tudo era perfeito, imaginei até que a mulher chegaria cheia de voltinhas no cabelo com aquela roupa mais retrô. Devo admitir que como estava me sentindo segura eu já estava até me sentindo a vontade para rir de qual quer situação, mas quando a mulher sem Jhonatan chegou com um ar meio atrapalhada, me olhou de cima a baixo com um olhar julgador, olhou pra ele , olhou pra mim , olhou pra ele e por fim ele disse:
- Essa é uma amiga de muito tempo, vai passar uns dias aqui com a gente.
Parece que o mundo acabou pra ela,
Ela o chamou na cozinha um momento e os dois foram conversar, falaram baixinho, não deu pra escultar muito,  então sentei no sofá, a casa estava com um cheiro de queimado.
Acho que ela não gostou de mim, não julgo, na real, quase mulher nem uma gosta, por isso prefiro andar com homens, menos fofoca e menos frescura.
Então o Nati saiu da cozinha em meio a fumaças, o que foi aquilo, uma briga que esfumaçou, fiquei  até com medo, mas ele saiu de lá fazendo joinha com o polegar.
- Nati se deu ruim, tudo bem, pego minhas coisas e vou em bora.
- Que coisas, você está tipo super lisa.
Ele falou isso rindo, respirei se novo, mas logo o ar voltou a faltar uns pequenos instantes após eu reparar que ao fundo do ponto de referência em que o ombro do Nati estava fazendo uma mediana entre eu e a cozinha, pude ver um olhar de uma mulher ciumenta.

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