Transbordando

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-- Você está cativante, senhora Riddle. - Murmurou o lorde, segurando os ombros da mulher que se observava em frente ao espelho, descontente, voltando sua atenção para o atraente homem atrás de sí.

-- Obrigada, milorde... - Desceu seus olhos para o chão, voltando-se para ele. -- O senhor também parece estonteante esta noite. - Ele a observou com misterio, segurando o rosto da mulher rente ao seu, tentando manter contato visual.

Apesar de revelar uma parte de sí, ele pensou que Catarina parecia bem triste, na verdade. seus olhos melancólicos deixavam-na inocente e ingenua. Jamais deveria exister alguem empoderado o suficiente para impressiona-lo de verdade, pensou enquanto a observava em silencio.

-- Com licença, milorde, vou agraciar os convidados com minha presença, sim? - Questionou docemente, finalmente encontrando os olhos dele. -- Bem, o senhor poderia me acompanhar também, se desejasse... - Murmurou fitando-o com confiança.

-- Certo. Vou acompanha-la até o salão. - Ele estendeu o braço, que prontamente foi entrelaçado ao dela. -- Depois preciso conversar com você... - As palavras deixaram seus labios quase como um sussuro.

Assim que o casal adentrou o salão, todos os membros na festa presente se colocaram de pé em posturas eretas e respeitosas a eles. Muitos voltavam seus olhos para a linda mulher ao lado do lorde, estonteados pela beleza dela. Então meia lua de reverencias se formou por todo o salão, a musica que tocava havia deixado o ar no momento em que Tom adentrou o salão ao lado de Catarina.

-- Boa noite, prezados convidados. È um prazer recebe-los aqui esta noite ao lado de minha recém declarada esposa. Sejam todos bem-vindos, aproveitem a festa. - Disse com frieza, então a musica voltou ao ar, devolvendo ao salão a animação. -- Catarina, venha comigo. - Sussurou sobre seu ouvido, segurando o pulso dela com leveza enquanto caminhava pelo salão.

Conforme o lorde adentrava a multidão cada vez mais, havia uma maior distância entre ele e sua esposa. Convidados importantes chegavam para conversar, interrompendo seu caminho.

-- Com licença, milorde. - Ouve-se uma voz mascula em meio a multidão, a mesma que imediatamente capturou a atenção do lorde. -- Olha só... - Catarina sentiu Tom soltar sua mão, então caminhou imediatamente na direção oposta, sendo notada por ele. -- O tão estimado Lorde Voldemort. Quanto tempo, não? - Indagou abraçando-o com intimidade enquanto ambos gargalhavam.

-- Jonh! - Exclamou com alegria, observando o homem que lhe fora como uma pai por muitos anos. -- Sim... Já fazem decadas! - Suspirou com surpresa, voltando seus olhos para a mulher que deveria estar ali para ser apresentada ao seu pai de consideração.

Enquanto eles conversaram por um bom tempo, Catarina se encontrava proxima a mesa de bebidas. Ela observava a todos na festa com tristeza. Era impossivel observa-la e dizer a ela o quão era notavel que ela radiava felicidade. Pelo contrario, parecia ter se afogado em um mar calmo e solitário. Por incrivel que pareça, ela queria aquilo, afogar-se neste mar tão quieto. Contudo, não o encontrara, então em seu lugar, o álcool deveria afoga-la.

Com uma garrafa de whisky de fogo, ela adentrou novamente a multidão que dançava livremente. Havia silêncio, muito silêncio, e apesar de tudo ao seu redor estar um verdadeiro caos, ela havia encontrado seu mar calmo e solitário. Seus olhos tentavam se esconder das luzes, falhando. Seu corpo se movia em sincronia com as estruturas ao seu redor. Ela estava dançando com todos. Dessa vez, um lindo e cativante sorriso surgiu em seus labios. Tudo estava tão calmo, quieto e silencioso, que ela se sentia muito confortável. Aquele lugar era aonde ela queria estar. De repente, ela sente mãos segurarem sua cintura com firmeza, então o cheiro de Riddle se instala em suas narinas. As mãos dele deslizavam pelo seu corpo enquanto os labios do homem trilhavam caminhos repletos de sucções e beijos molhados por todo o seu pescoço.

Catarina inclinou sua cabeça para cima como se gotas de chuva estivessem deixando nuvens sobre sí. Mas na verdade, aquelas gotas não eram chuva, eram suas lagrimas.

E então ela percebeu que tudo aquilo que parecia ser real, era apenas efeito do álcool, exceto suas lagrimas.

-- Catarina... - Ela sentiu seu corpo ser segurado por um alguém. -- Você esta chorando? - Indagou. -- O que houve? - Questionou o lorde de forma fria, limpando algumas das lágrimas dela com seus polegares e escondendo o sorriso que permanecia em seu rosto.

-- Não, eu não estava... - Tentou pronunciar as palavras. -- Estou feliz... Realmente muito, muito feliz mesmo! - Disse alargando seus labios em um sorriso que não pareceu falso.

-- Preciso que conheça uma pessoa... - Sua mão adentrou a cintura dela, conduzindo-a até um profundo canto do salão. -- O que houve? - Aproximou-se dela, mantendo seus labios proximos ao ouvido da mulher. -- Alguém a magoou? - Questionou abraçando o pescoço dela com possessividade enquando sua perna direita ficava entre as pernas dela.

-- Milorde, eu ja disse... Estou bem. - Suas palavras soaram frias e confiantes. -- Quem você precisa que eu conheça? - Indagou colocando suas mãos sobre as costelas dele para afasta-lo, falhando miseravelmente após ingerir o perfume dele por suas narinas.

-- Preciso que conheça uma pessoa extremamente especial para mim. A pessoa que cuidou do meu ser enquanto eu não podia, ou, não era capacitado ainda. - Ele finalmente se afastou fazendo pouco caso. -- Precisa dizer a ele que nos apaixonamos e que em breve estaremos esperando uma criança. - Ela sentiu seu coração falhar por alguns segundos, observando-o com choque.

Alguma coisa tocou seu coração quando ele usou as palavras: '' Que nos apaixonamos e que em breve estaremos esperando uma criança ''. Catarina sentiu como se estivesse sendo iludida, como se ele havia a traido. O que tinha sido há uma noite, senão um resquicio de sentimentos que se manifestaram. Então toda aquela proximidade dele nunca significou algo, tudo para fins próprios.

-- Seu egoista desgraçado! - Exclamou com odio, soltando-se do toque dele imediatamente. -- Eu realmente o odeio! - Dessa vez haviam novas lagrimas em seu rosto. -- O que você acha que eu sou? Um brinquedo?! - Indagou observando o semblante neutro e confuso do lorde que tentava se aproximar. -- Eu sou uma pessoa, um ser humano que também sangra, chora e sente. Não algo que você pode magoar, que nunca vai se importar. A unica coisa que pedi em troca de minha vida ao senhor, foi consideração por fazer parte disto. - Ela parecia histérica e triste.

A verdade, é que Catarina guardava essas palavras um bom tempo. E você sabe, quando o copo não aguenta a garrafa de água inteira, ele transborda.

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O que vocês acharam??

Criada Para Isto - Tom RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora