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Passamos o resto da semana treinando intensamente, principalmente a se locomover usando o equipamento de manobra tridimensional, durante várias e várias horas. Eu estava mais habilidosa do que nunca. O que não impediu o capitão Levi de continuar pegando no meu pé, aliás todos nós notamos que ele estava mais rigoroso do que o normal. Porém, mesmo com toda sua chatice, nos aproximamos mais nos últimos dias.

FLASHBACK

LEVI- Oe Oe Oe pirralha, você tem que economizar o gás, se continuar assim ele vai acabar no meio da missão, e eu vou fazer questão de deixar você se fuder sozinha- Diz de maneira ríspida parando do meu lado em um galho de árvore alta.

Reviro os olhos com a grosseria gratuita. Como ele não tem o que me corrigir nos treinos, fica inventando motivos para me dar bronca.

LEVI- Ei, não faça essa cara pra mim! - Sua voz grossa me repreendeu.

-Desculpa Capitão.

Ele me lançou um olhar de reprovação. 

- Desculpa Levi! 

LEVI- Agora melhorou. -Suavizou a expressão e se sentou ao meu lado.

- O senhor acha que irei me sair bem na missão? - Perguntei pensativa enquanto encarava à floresta que estava a nossa frente.

Ele suspirou, e sem tirar os olhos da paisagem me respondeu:

LEVI- Você tem potencial. 

O olhei surpresa. Ele estava me elogiando? 

LEVI- Claro que tem muito o que aprender, é desatenta, estabanada, teimosa

Estava bom demais pra ser verdade, ele já começou a me esculhambar.

LEVI- Mas- Virou o rosto para mim me olhando nos olhos, mas não de uma maneira hostil. - Continua sendo a melhor soldado que tenho, por isso eu acredito em você.

FLASHBACK OFF

Sorrio ao lembrar de uma das nossas conversas, apesar de toda implicância e antipatia, o capitão e eu finalmente estávamos construindo uma relação bacana. Sinto que por trás daquela casca, existe uma pessoa boa.

*ALGUMAS HORAS ANTES DA MISSÃO*

EREN- Está nervosa né? - Perguntou ao notar que eu estava balançando freneticamente uma das pernas em um típico sinal de ansiedade.

Armin e Mikasa trocaram olhares, eles também perceberam.

-Bom, não dá pra esconder nada de vocês. - Disse suspirando. -Estou receosa sim, não por mim, mas a ideia de perder vocês, me deixa apavorada. - Desabafei.

MIKASA- May, não precisa se preocupar com a gente, iremos ficar bem! Você não vai nos perder...

Quando terminou de falar, percebi pela sua expressão, que ela se lembrou que eu contei que minha vó fez a mesma promessa horas antes de falecer.

MIKASA- Desculpa...

-Tudo bem Mika, eu agradeço sua intenção. - Sorrio sem mostrar os dentes.

EREN- A questão é que estamos mais fortes, estamos no esquadrão do melhor capitão que existe, vai dar tudo certo! Essa é uma das oportunidades que teremos de esfolar aqueles desgraçados. - Seus olhos verdes como sempre transmitiam muita determinação.

ARMIN- Eren tem razão May, esperamos muito tempo por esse momento. Tenho certeza que vamos nos sair muito bem. Mas se isso te faz se sentir melhor, saiba que eu também estou com medo, porém confio no capitão, e confio em você! - Disse por fim pegando em minhas mãos gentilmente e me olhando nos olhos me passando um pouco de tranquilidade. 

- Obrigada pessoal...

E assim o jantar prosseguiu, bem mais silencioso do que o costume, por mais que tentássemos disfarçar, era inevitável o pensamento que nas próximas horas estaríamos arriscando nossas vidas em campo de batalha, presenciando vários companheiros morrer.

Até Sasha e Connie que eram os mais falantes, hoje estavam quietos. Os veteranos pareciam mais sossegados, mas mesmo assim Gunther nos confessou que estavam seguindo ordens do capitão para não nos deixar mais assustados.

Por falar nele, hoje desceu para se servir, porém optou por jantar sozinho em seu quarto. Dessa vez sozinho mesmo, pois todos os soldados jantaram conosco.

Como sempre eu me despedi do pessoal, lavei meu prato e fui para o meu quarto me preparar para dormir, ou melhor, tentar.

NARRADORA ON

Mayra tomou um rápido banho apenas para tirar o suor do corpo, e decidiu dormir sem roupas, pois aquela noite de verão estava demasiadamente quente. 

A garota abriu a janela do pequeno cômodo, e deitou-se, cobrindo apenas os pés, porque na cabeça dela alguma coisa poderia puxar seu dedão enquanto dorme. Apesar de ter coragem o suficiente para encarar um titã, Mayra morria de medo de assombração, e de tudo que fosse sobrenatural.

Durante alguns minutos, virou para um lado e para outro, mas a inquietação era tanta, que junto ao calor insuportável que estava, a fez perder a paciência de tentar dormir, e resolveu então se levantar para ir até a cozinha tomar um pouco de água fresca.

NARRADORA OFF

-Desisto! Preciso de água, minha boca está seca. Inferno de calor. - Resmunguei me levantando e vestindo a primeira camiseta larga que encontrei.

-Acho que não dá nada, essa hora não tem ninguém acordado.

Saí do meu quarto caminhando descalça mesmo, pelo longo corredor escuro. Desci as escadas com cuidado pois com o breu que estava, qualquer vacilo resultaria a uma bela queda degraus à baixo. Quando finalmente cheguei ao refeitório, andei um pouco mais de pressa até o bebedouro, aquela escuridão me deixava bem desconfortável, eu detestava tanto ser bunda mole assim.

Enquanto estou de costas tomando rapidamente o segundo copo de água consecutivo, escuto uma voz grossa, atrás de mim:

-Vai engasgar aí pirralha...





NOTAS DA AUTORA:

Tão sentindo? Será que vem aí? O que será que vem aí?

Coração Intocável - Levi AckermanOnde histórias criam vida. Descubra agora