Little Demon

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Existe uma linha fina que separa uma experiência de quase morte e seu derradeiro fim. Um cordão invisível que amarra todos no lugar enquanto a cena se desenrola em ansiedade e angústia; uma perfeita peça dramática que nunca acaba mesmo depois que as cortinas se fecham e o público aplaude. Um loop sem fim de lembranças que não saem da sua mente.

Tim já cruzou essa linha, conhece muito bem aquele palco e os personagens que atuam no improviso. Já esteve lá em cima, pensa ele, como a pobre vítima desavisada ou como o salvador do último minuto. Ser herói por quase sete anos faz isso com as pessoas: transformando-as em perfeito atores que estão dispostos a aceitar qualquer papel por um preço muito pequeno. A agonia, o desespero, o alívio e o constante fluxo de pensamento que não o deixa dormir a noite são todas coisas que vem com o ofício e Tim já estava acostumado a tudo isso...

Até que ele não estava. Até que fosse a vez de Damian atuar. Até Tim perder sua cabeça!

E tudo bem, ele diz pra si mesmo enquanto deixa seus olhos dançarem pela multidão de pessoas, porque ele já perdeu o pirralho uma vez e não quer que isso aconteça de novo e talvez a morte do pequeno demônio tenha mostrado que o garoto não é tão imortal quanto ele fazia parecer —Inferno! O garoto se corta com papel, então, claro, que ele não é invulnerável!

Ele não está certo do por que só agora que seu estômago enrola toda vez que seu irmão está em patrulha e seu rastreador para de funcionar. Já faz três anos desde que o menino cruzou o abismo e retornou para sua família e nesse tempo o mais velho nunca sentiu nada como isso. Uma proteção doentia que se alastra pelas suas veias e impele o próprio Drake a fazer as coisas mais idiotas, como ligar no meio da noite só para saber se o garoto chegou seguro ou chamar Alfred de manhã para perguntar se o demônio levou um casaco de frio porque o inverno chegou e o passarinho não está acostumado ao gelo mortal de Gotham. Claro, nunca é tão direto e Tim passa uns bons dez minutos pensando em uma boa desculpa, mas Alfred, de alguma forma, sempre consegue pegar as intenções do jovem e fica mais que feliz em assegurá-lo que o que ele está sentindo não é nenhum tipo de doença. Red Robin discorda, mas guarda sua opinião até que possa ter provas concretas (porque ninguém nunca venceu Alfred em uma discussão sem provas. Na verdade, ninguémnunca o venceu em uma discussão!).

—Hey, substituição! O que foi? Alguém envenenou sua bebida ou seu sistema é muito fraco para processar qualquer coisa além de café?

Jason estava se aproximando com uma taça de vinho na mão e uma bandeja de salgadinhos na outra. Ele parece contente, suspeitosamente feliz demais já que o Capuz Vermelho odeia esses eventos e só aceitou estar aqui por causa da ausência de Bruce e pela presença de certo contato que eles estavam atrás. As ordens foram se misturar e ficar atento, mas o homem que está à sua frente conseguiu fazer justamente o oposto assim que ele pisou nesta festa. Tim não ficou nenhum pouco surpreso quando os senhores com quem ele estivera conversando na última meia hora se afastaram com um franzir de testa e olhos julgadores.

—Apenas pensando, Jason —O jovem cantarola e tenta alcançar a bandeja que o mais velho faz questão de afastar. Bastardo Guloso!

—Quando não? Você deveria parar com isso, vai acabar com rugas e cabelo branco antes do tempo, hein —Há um sorriso de merda no rosto do adulto. Um sorriso conhecedor.

—Certo, eu não vou querer acabar como você.

—Do que você está falando? Eu sou uma maldita escultura esculpida por Deus! Além disso, você não é o maior detetive do mundo ou algo assim? Então vá detetivar por aí e tirar essa cara de idiota do rosto!

Grandes pássaros, irmãos pequenosOnde histórias criam vida. Descubra agora