04

482 38 87
                                    

Dez anos depois

22/07/2032

Abri os olhos e encarei o teto, se a vinte e dois anos alguém me olhasse e falasse que eu, Ricelly Henrique, iria encontrar o amor da minha vida, viver uma história louca e intensa de amor, passar DEZ anos da minha vida vivendo em função deste amor, a perdiria e ainda assim a teria... Certamente chamaria a pessoa de louca.

Mas foi exatamente isso o que aconteceu na minha vida, conheci o amor da minha vida, vivi a história mais linda, amei e fui amada de uma maneira que jamais acontecerá novamente. A perdi, e mesmo a perdendo eu a ganhei. Ganhei um pedacinho dela.

Quando recebi aquela carta dez anos atrás fiquei assustado, desolado, irritado e realizado. O meu sonho de família era ela, e Deus realizou. Me deu o Léo, que é tão meu quanto é do Murilo, da tia Ruth.

Dela.

Se tem uma coisa muito louca nessa minha vida é como as coisas dão errado e certo ao mesmo tempo, quando achei que minha vida acabaria... Uma luz se acendeu. Aquilo que eu julgava ser impossível se tornou a mais pura realidade, Léo Mendonça era também um Tavares. Meu filho.

E hoje, no aniversário do meu amor, vamos nos reunir. Sempre fazemos isso.

Suspirei e sorri, hoje o Leozin vai estar aqui.

— Bom dia amor – olhei para o lado e Amanda sorria.

Realmente achei que ela iria embora, que descobrir a paternidade do Léo iria destruir meu casamento. Mais não, não destruiu nada. Amanda se fez fiel, e se manteve de pé ao meu lado, me ajudou a cuidar do meu filho e o amou como se fosse dela, sempre deixando bem claro que a mãe dele é a Marília.

— Bom dia – sussurrei.

— Está preparado? O dia hoje vai ser cheio.

— Juro que não entendo, você permaneceu firme durante todos esses anos... Aguentou cada murmúrio meu, enxugou minhas lágrimas e deu amor, quando tudo o que te ofereci naqueles dias foram magias, raiva, dor...

— Não vou mentir que pensei em ir embora, mas tivemos dois filhos juntos, o Léo chegou, e eu te amava, eu amo você o que me fez ficar foi o amor e a Marília.

— Como assim a Marília?

— Ela me deixou uma carta também, Murilo me entregou quando saiu do camarim aquele dia, eu sei da ligação, sei que você ainda escuta a mensagem de voz... Sei que o amor da sua vida é ela, mas sei também que construimos uma bela vida juntos. Ela foi importante pra você, é importante para a Helena e é mãe do Leozin que daqui a pouco chega aí com o Murilo. Mas acima de tudo isso o que falei, ela se tornou importante pra mim também.

— Você não existe – falei rindo e lhe dando um beijo.

Minha vida nos últimos dez anos foi repleta de turbulência, paz e muito amor. No início os fãs não queriam aceitar a realidade, mais depois de tudo resolvido legalmente, nada mais me incomodava. Tinha um pedacinho dela comigo.

Em relação ao dinheiro da Lila, ele continua lá, quase não é tocado. Só é suado quando existe uma necessidade, ou seja, quando o Léo está com a tia Ruth.

Ouvi batidas na porta do quarto e mandei entrar, Helena pois a cabeça para dentro e um sorriso desenhava seu rosto.

— O Léo chegou papai – ela disse animada. — O Léo chegou com o tio Murilo e a vovó Ruth, o tio Guga e papai a tia Iolanda ta grávida de novo! – ela disse correndo até a cama.

A cartaOnde histórias criam vida. Descubra agora