capítulo 3

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O caminho pra escola era um dejavu insuportável, fiquei tonta em diversas partes do caminho. Meu relógio vibrava com mensagens do professor pedindo para que eu bebesse água para não passar tão mal e continuar o percurso.

–Só agora que o senhor avisa?

Revirei os olhos pegando a garrafa na mochila, bebi uns três goles e respirei fundo. A escola não era muito longe, passava pelas ruas vendo as pessoas com suas bicicletas, carros, os ônibus… Como era bom voltar aos velhos tempos. A tecnologia tinha avançado de tamanha rapidez nos últimos tempos que mal pude perceber como era bom escutar apenas o vento e ter oltedoors com propagandas, e não telas reluzentes que já me causavam dores de cabeça.

No mesmo instante, meu celular vibrava e era os garotos perguntando se eu estava perto. Caramba, as altas fofocas já rolavam na portaria. Corri um pouco com o sorriso grande no rosto, já via os prédios da escola ainda com a pintura novinha. Assim, entrando na portaria, os garotos estavam a minha espera.

–Caramba, acordou tarde hoje?- Dino, um gigante mas bem tranquilo pra falar a verdade, como de costume me  cumprimentou com um abraço e depois com o outro ao meu lado.

–Um pouquinho, esqueci que hoje tinha aula - respondo completando a rodinha em que ficávamos antes de liberarem nossa entrada.

– Ih mulher, tem água aí?- entreguei a garrafinha e fiz uma cara de poucos amigos.

–Todo cavalo assim já pela manhã? Não dá nem bom dia?- ele fez um não com o dedo indicador e depois de guardar a garrafa em minha mochila, usou as duas mãos fazendo seu típico movimento de "chispa". Como posso explicar? Ato de mover as mãos com os pulsos para cima e os dedos para baixo, como se estivesse varrendo o ar e, pra completar, ele faz um som com os lábios como se chamasse um gato.

 Como posso explicar? Ato de mover as mãos com os pulsos para cima e os dedos para baixo, como se estivesse varrendo o ar e, pra completar, ele faz um som com os lábios como se chamasse um gato

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– Pspspsp - Nam é assim desde que o conheço. Em 2022, ano em que me encontro, faz exatamente 10 anos desde que nos conhecemos, e sempre nos demos muito bem. – Tu tá me olhando estranha. Você tá bem?

– Estou sim. Nossa viajei legal agora.

Sacudi a cabeça e, sem perceber, já era hora de entrar. Passamos pelas catracas com a carteirinha de identificação e seguimos para nosso bloco.

–Nossa não lembrava de tantas escadas assim. - resmungava comigo mesma, subindo quase ofegante. Segurei no braço de Nam como fazíamos de costume, coisa que ele nem ligou, mas pra mim estar revivendo tudo isso era como se fosse um grande clichê.

Senti um frio enorme na barriga assim que chegamos na porta da sala. Eles entraram e eu fiquei ali como uma estátua. Respirando fundo adentrei o local com o pé direito.

– Bom dia, Moçaaa! - a garota de cabelos ruivos, alta e olhos castanhos denominada Sana, estava bem ali, sorrindo como sempre. Seu rosto alegre que sentia saudades, tanto tempo que não falava mais com ela que me deu uma vontade de chorar no mesmo instante. Depois que a querida começou a fazer medicina, mal tem tempo pra respirar.

Acelerei meus paços e abracei  a garota – Calma moça, você me viu ontem.

Demos risadas e me segurei. Logo depois, sorri abraçando Yoona, uma menina doce e meiga de cabelos longos e bem lisos de cor castanho escuros, um pouco mais baixa que eu, sempre com um livro em mãos, delicada como uma boneca de porcelana – Bom dia Suzy - ela fala sorrindo com os olhos.

Logo vejo Mijoo, mesma estatura que a minha, mas bem agitada. Sinto falta disso no meu dia a dia, mas assim como a Sana, nunca mais a vi por conta da faculdade. A garota com um sorriso incrível sempre bem humorada. Olhei pra baixo querendo conferir se não estava sonhando mesmo e logo ri.

– O que foi Suzy? - ela me pergunta confusa. Eu observava seus pés descalços e o tênis ao lado da mochila. Diz ela que só assim sentia parte de sua liberdade e que os sapatos a deixavam  sufocada.

– Nada, apenas é bom saber que tudo continua o mesmo. - todos me olham estranho –Nada gente, nada. Apenas tive pensamentos estranhos noite passada, tudo tranquilo. Bom dia, Jin!

– Bom dia Suzy - ele sorriu tranquilo como sempre. Consertando seus óculos no rosto, seus cabelos escuros, com a franja jogada pro lado direito, sempre ali no canto, pelo menos sempre com um sorriso acolhedor.

–Moça, vai recolher as fofocas do dia, vai, vai.

Sorri grande largando minha mochila no lugar de sempre: penúltimo lugar da segunda fileira da janela pra porta, mais conhecido como povo do fundão ou carinhosamente nomeado de A grande favela.

Corri pelo corredor até a penúltima sala na esquerda  onde ficavam alguns amigos meus. Entrei dando bom dia aos rapazes que já me conheciam, mas que para nossa história não tem tanta importância assim. Procurei vagamente por Seungeun, minha amiga. Essa tenho bastante contato até os dias futuros, pois algumas das matérias dos nossos cursos se ligam, e isso me faz bem feliz.

A garota de cabelos longos, escuros e enrolados logo entra na sala. Corro em sua direção e abracei forte como toda manhã.

– Novidades de chuchu e pequi?

De novo não!Onde histórias criam vida. Descubra agora