Capítulo 2

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-Alô? - atendi estranhando a voz que não era totalmente desconhecida, mas também não era uma voz que eu estaria acostumada a escutar em plenas 18:30 da noite. - Quem é?...

–Suzy, desculpa o horário, mas vou ser direto, foca no Bang!

–Professor?! - primeiro estava impressionada de como ele ainda lembrava de mim, segundo que estava com ódio da Internet por conseguir se achar de tudo nela. – Aconteceu alguma coisa?

–Uma coisa incrível! Mas preciso que venha até o laboratório da escola, não é algo que posso falar por telefone.

–Agora?

–Sim agora muito urgente! Foca no Bang, Foca no Bang - escutava a felicidade dele do outro lado...o outro dia era fim de semana, eu só queria dormir mais um pouco, mas eu devia um favor pra ele por ter me passado no fim do ano, que seria a matéria que eu iria pra recuperação....

–Ok professor...já vou. - desliguei o telefone e suspirei olhando pra Mabel que implorava pra ir, juntando as patinhas

–Beleza, pega um gorrinho pra você, já está tarde. -ela sorri correndo pelo corredor da casa e entrando no segundo quarto logo há esquerda.

–Alexa, acenda as luzes. - em alguns cômodos da casa eu não coloquei os interruptores por já ter essa praticidade com a inteligência artificial. – Vamos lá, um banho.

Segui ao armário, abri as portas e peguei algo confortável: um blusão, calça jeans cintura alta e um all star preto. Fui ao banheiro e ali tomei um banho pra tirar parte do estresse e não ser grossa com o professor. Quase pronta, terminava de escovar o cabelo e Mabel aparecia com o gorrinho em sua cabeça.

– Escolheu o de pinguim hoje? Jurava que iria usar o novo de patinho. -Dei risada e consertei seu acessório. Peguei minha mochila pequena no cabideiro e Mabel se acomodou ali. Por ela ser transparente ela via tudo na rua. Deixei o zíper aberto para que ela conseguisse se pendurar e colocar a cabeça pra fora.

–Pronta? - ela bate as palminhas e saímos dali. Já fora de casa - Alexa, trancar tudo. - A luz da fechadura brilha azul e logo apaga.

–Até logo, Susu. - Entrei no carro, coloquei Mabel com o cinto no banco ao lado, dei partida e fomos em direção a escola.

QDT

Na escola, estava escuro. Olhando o grande prédio, apenas uma janela dava tinha a luz acessa, a do laboratório...

–Vamos lá - estacionei o carro, peguei a bolsa com a lontra e fomos entrando...–Nossa que breu, credo... Cada uma que eu me meto

Continuei andando e subi as escadas saltando um degrau entre os outros, no extenso corredor só se via a luz na fina abertura da porta. Apreciei meus passos e abri bem devagar.

–Professor?...- olhei ao redor e estava totalmente vazio - Ué...onde ele se meteu?

–Foca no BANG!!

–Aaaaaa! - Dei um salto com o suto dele aparecendo no corredor. Dei um riso e fomos entrando no laboratório.

–Ainda bem que chegou. Preciso que me ajude a testar uma nova invenção.

–Mas professor, lembra do seu problema de coração? Não pode mexer com tanta carga elétrica desse jeito.

–Acha que eu ligo? É só não fazer as coisas com o braço esquerdo. - revirei os olhos e cruzei os braços sentando em um dos banquinhos.

–Eu consegui o que falaram que seria impossível! - ele fala animado. Vemos que ele não mudou nada nesses anos que se passaram. Um senhor baixinho agora grisalho, mas cheio de empolgação.

Ele tirou um pano de uma grande cápsula com uma tela de comandos. Eu achei aquilo totalmente esquisito.

–Máquina de bronzeamento? - era o que realmente aparentava ser, mas ele me olhou aborrecido – Desculpa professor, era só pra escontrair.

–Tudo bem, mas isso aqui é uma MÁQUINA DO TEMPO!

Do Bang eu não duvido nada, mas acho que ele já tinha ido longe demais. Olhei estranhando e levantei devagar. Mabel continuava observando tudo de dentro da mochila.

–Mas isso o senhor não tinha apostado com o T.O.P? Ele que deveria estar aqui... - Lembro bem que o professor deve um livro pra ele por conta do quase gabarito em sua prova na primeira unidade do nosso último ano. Sempre apostavam, era a graça das aulas.

–Ele vê depois que tudo der certo.

Dei risada e fui ao lado da máquina.

–Você será a primeira a testar - olhei arregaçando os olhos

–Eu?? Ah, mas sem escolha assim?

–Isso mesmo mocinha. Vamos, vamos, vamos!

–Não, pera, mas você precisa me explicar como isso funciona. Como eu sei que eu não vai me matar?

–Confia no Bang, só confia.

Olhei assustada e coçei minha nuca ainda bem perdida. Estava com certo medo, pois as coisas poderiam fugir do controle e eu não quero morrer sem nem avisar a alguém do que estava acontecendo; sem ter nem noção de como isso aqui foi criado.

–Vamos, vamos, vamos.

Sem muita escolha entrei na cápsula aos empurrões do professor.

– Leve isto com você. - ele me deu um relógio – isso aqui é como iremos manter contato. Ele é prova d'água, e carrega com a luz solar. Não o perca por nada!

Concordei e comecei a rezar pedindo pra não morrer.

–Professor pera! Pra onde eu...AAAAAAAA!!

Mal tive tempo de perguntar pois já tinha sumido dali e parecia entrar em um buraco de minhoca. Um lugar totalmente colorido e bonito. Mas em um rápido raio eu estava em... casa?... Quer dizer, meu antigo apartamento...?

–Pera, pera, pera! - o despertador do celular toca e eu olho a data ali, com Mabel vindo me acordar –2022????

Eu apenas respirei vendo a mensagem do relógio, ainda assustada e ofegante.

Eles não sabem que você é do futuro e não podem saber. Se descobrirem, você destruirá toda a linha temporal. Estou te vigiando pela câmera do relógio.

Agora só me faltava essa. Eram plenas 6h da manhã e eu tinha voltado ao terceiro ano do ensino médio, enquanto meu professor de física me vigiava em uma outra linha temporal.

Me levantei indo ao banheiro me arrumar pra escola, mas tudo que estava digerindo era estranho, um dejavu máximo. Terminando de me arrumar eu comecei a pensar...

–Mas e se... - sorri aprontando – Eu sei de tudo que vai acontecer. Eu posso impedir as besteiras e gabaritar as provas. Aí tudo até que não vai ser tão ruim assim..da até saudades.

Saí do banheiro já de uniforme e coloquei o relógio novamente, que estava sobre a cômoda.

–Vamos lá professor, mais um dia né?

De novo não!Onde histórias criam vida. Descubra agora