Capítulo 1

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Certo. Certo. CERTO. aham. Ok. Estamos bem com isso, não é mesmo? 

Errado. Erradíssimo. Game over pra nós, família. 

Cuidar de gatos não é a minha especialidade e graças a Deus que eu não estou sendo pago para isso, mas temos um problema. Um pequeno, gordo, branco e peludo problema se roçando em meus pés nesse momento.  

- Sesesesenhora Kim... - Tentei dizer qualquer besteira, mas não saiu.

- Querido, só te peço, não toque muito na biblioteca, minha filha é problemática com os livros, ah sim... - Caminhou pelo casa de estilo americano me chamando. 

Eu fui, né. Com aquele demônio miador me seguindo. 

- E pelo amor de God! Cuidado com os porta retratos, principalmente se você ver fotos de um velho com cara de cebola, é meu falecido marido. Ela tem o maior amor. - Passou por cima de um sapato abandonado no meio da cozinha. - Nossa querida Joonie não tem o costume de ser bagunceira, na verdade ela era quem cuidava da nossa casa, mas depois que assumiu a editora, minha daughter não tem tempo para nada...

- Ddaug? - O que diabos é uma daug? Maldito dia que eu dormi nas aulas de inglês, agora estou aqui, limpando casas de gente rica. 

- Senhor Choi SeokCha? Está me ouvindo?

Concordei com a cabeça sorrindo forçado.

Eu realmente não tenho nenhum ódio acumulado contra gatos, eu apenas não sei lidar com seres imprevisíveis. Qualquer coisa que seja manhosa demais, mas tenha garras me assusta. Sempre espero o pior. Sempre. 

A mulher de casaco  felpudo a minha frente virou para mim e sorriu tão feliz que me assustou.

- Tome as chaves querido. Minha little flor chegará às 19h. Goodbyeee. - Cantarolou o final saindo e me deixando sozinho. Quer dizer, só eu, Deus e coisa ruim miando pra mim. 

Suspirei, me abaixei, peguei o gato que soltou um gritinho. Bobo, deve estar pensando que vou fazer carinho. Caminhei com ele até a sacada e - não, pelo amor de Deus, eu não joguei o gato da sacada - deixei ele do lado de fora, fechando a porta. 

Vendo que estava livre de distrações, cuidei logo de arrumar a bagunça antes de limpar. Senhorita Kim aparentemente era uma mulher de negócios, haviam muitos documentos em cima de mesas, blazeres em poltronas e saltos caídos pela casa. Catei tudo, coloquei o que estava sujo na lavanderia para lavar mais tarde e comecei o trabalho de verdade. 

Trabalho este que seria, obviamente, escolher qual música do red velvet eu ouviria primeiro. Já que é impossível fazer qualquer trabalho braçal sem ouvir música. 

A pia não estava cheia, nem havia tantos pratos para enxugar, mas o chão estava quase com um novo piso de sujeira. Não julguei a dona da casa, se eu trabalhasse o dia todo também não estaria nem aí para o chão, mas parei de aspirar para dar uma risadinha imaginando a cor dos pés da individua. 

Depois troquei o forro de cama e limpei o chão do quarto, mas enquanto juntava todos os lençóis numa trouxa, uma porta no quarto me chamou a atenção e ok, é uma péssima ideia invadir a casa dos outros assim. Ela tem um gato, o que a impede de ter um cão infernal nessa sala privada?  Mas assim, veja bem, eu só viverei uma vez. Posso morrer amanhã de ataque cardíaco ou posso morrer hoje diante de um gato de três cabeças. 

Qual morte é mais sensata? 

A do gato. É uma sábia decisão.

Deixei tudo no chão e entrei pela porta e, como diria a senhora Kim, Oh meu God! 

Era uma biblioteca. 

Nada extraordinariamente grande, era até bem pequeno, mas impressionante. 

As paredes eram revestidas de madeira e havia uma pequena mesa de frente para as janelas com visão do jardim. Me aproximei e vi as outras casinhas na rua de baixo. Tudo cheirava a verniz e perfume amadeirado. Haviam alguns morangos em uma vasilha, que quis pegar para guardar, mas não queria deixar rastros. 

O que WiJoon faz no sábado?Onde histórias criam vida. Descubra agora