Buscando um Assassino

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Pov

Eve

Vilanelle me jogou no mar, ela estava ferida e eu preocupada. Continuaram a atirar, ela mesmo ferida conseguiu nadar e eu a segui. Não tinha mais fôlego e tentei comunicar por gestos a ela que parecia ainda ter fôlego por mais algum tempo. Tentávamos desviar dos impiedosos tiros que atingiam o mar. Ela apontou para um ponto morto, ficava entre a embarcação e a parede do cais, nadei com minhas últimas forças até o ponto, ela me seguiu, sempre desviando das balas. Ela sangrava muito no ombro, eu estava nervosa, apreensiva. Finalmente conseguimos subir até a superfície e levou um tempo até recuperarmos o fôlego. Alguns poucos segundos passaram, continuamos escondidas, recuperando o fôlego e então Vilanelle finalmente se entregou ao ferimento, estava com dor e o sangramento não passava. Ainda ouvia tiros, ela tonteava, e eu comecei a pressionar a ferida.

- O que podemos fazer? Para onde vamos?

- Hospital não...- ela sussurava quase desmaiando. Eu a segurava nos braços e ela gemia de dor. - Eve, foge... - ela ainda teve forças para pedir que eu a deixasse, obviamente não a obedeceria, precisava salva-la. Ela desmaiou em meus braços, ainda estávamos dentro da água, mas parecia que os tiros haviam cessado. Era uma situação caótica, estávamos vulneráveis e eu não sabia o que fazer, apenas continuava pressionar o ferimento da Vilanelle que continuava a sangrar. Se ela continuasse a sangrar poderia morrer, estava pálida. Ouvi uma voz sussurava e vinha de cima, eu me protegi com medo, mas a voz parecia firme, confiável e por algum motivo me fez pensar que seria a única chance de sairmos dali.

Pov

Vilanelle

Acordei em um lugar sujo, bagunçado, parecia até com meu apartamento em Paris. Era o meu apartamento em Paris! Me assustei, tentei levantar, mas sentia uma dor alucinante no ombro, tinha um curativo, provavelmente haviam removido a bala. Como cheguei ali? Onde estava a Eve? Olhei ao redor e notei que uma pessoa se aproximou de mim, eu a conhecia e não a via há um bom tempo:

- Irina! - exclamei surpresa, a menina não estava nada contente. Franziu a sombrancelha com desdém, evidente que não estivesse feliz com a morte do pai. Respirei fundo e perguntei: - Onde está a Eve? - logo que perguntei a porta se abriu, tentei enxergar quem era, me protegi com medo e logo soltei a respiração aliviada, era a Eve, ela estava bem, outro alívio. Assim que me viu acordada, ela sorriu para mim e eu soltei um sorriso contido para ela. Irina se afastou e Eve sentou ao pé da cama.

- Fui comprar alguns remédios... - ela apontou a sacola para mim. - Você precisa de analgésico e antibiótico... - Ela começou a mexer na sacola confusa, mesmo com dor sentei na cama e me aproximei dela, segurei em seu braço, ela sorriu e me olhou nos olhos. Apesar de toda confusão que estávamos vivendo, eu tinha um sentimento muito estranho e bobo se fortalecendo dentro de mim. Não me sentia entediada pela primeira vez. Nossos olhos se comunicavam, estavamos conectadas, então Irina se aproximou com uma expressão de nojo.

- Consegui a informação que me pediu -
Irina se dirigiu a Eve que levantou imediatamente da cama.

- Onde? Onde ela está?

- No enterro do meu pai... Vai estar daqui há algumas horas. - Irina falou com a voz embargada.

- De quem vocês estão falando? - tentei levantar da cama, mas definitivamente precisava de um analgésico. A dor no ombro irradiava para minha coluna. Já havia sido atingida antes, mas dessa vez parecia doer mais, era insuportável.

- Senta... Você foi atingida por duas balas, uma ainda está alojada... Precisamos te levar em um hospital.

- Não... É arriscado.

- Vilanelle...

- De quem vocês falavam? - insisti.
- Carolyn, acho que ela pode ter informações de quem tentou matar a gente. - Irina tinha um olhar suspeito, eu me sentia incomodada, mas não podia nem ao menos falar com a Eve que parecia confiar nela. Vasculhei a sacola a procura de morfina, não tinha, Eve era amadora, me trouxe dipirona, não faria nem cócegas. Soltei um sorriso, Eve conseguia me fazer rir em qualquer situação.

- O que foi? O que você quer? - Eve me perguntou preocupada, era muito fofo como ela tinha tanto cuidado comigo, mesmo que tivéssemos feito tão mal uma a outra.

- Morfina... - Apertei os olhos com dor. Irina se aproximou de mim, e fiquei na defensiva. Ela sacou uma cartela de comprimidos e me entregou. Eu olhei desconfiada.

- Enquanto estive internada, roubei alguns, eles me ajudavam a dar uma viajada. - ela piscou para mim e me entregou algo parecido com morfina, ou eram piscotropicos, enfim, aquilo me ajudaria a enfrentar aquela dor. Os engoli a seco, Eve se aproximou com um copo de água. Sorriu para mim e mais uma vez senti meu corpo gelar, Eve me fazia sentir frio na espinha, claro que não demonstrava. Irina pegou um o celular e uma bolsa, se preparou para ir embora.

- Onde você vai? - Eve perguntou.

- Ao enterro. - Irina respondeu com desdém.

- Eu vou com você. - Eve procurou pela bolsa.

- Eve! - exclamei nervosa.

- O que? O que foi?

- Não, eu não posso ficar sozinha. Vocês vão para onde? Moscou?! É longe....

- Tem uma pessoa cuidando de você, está segura aqui. O enterro vai ser em Londres. - Eve sentou novamente ao meu lado na cama, Irina revirou os olhos, ela parecia sentir desprezo, nojo em nos ver juntas, saiu do apartamento. Franzi a testa sem compreender o comportamento dela.

- Eu não estou nada segura. Não consigo me defender... - dei uma pausa, peguei na mão da Eve e sussurei: - Ela, a Irina, não é uma pessoa segura.

- Eu sei. Por isso vou tirar ela daqui.

- Eve... Não faça besteiras.

- Não vou, confia em mim. - Eve me olhou, tirou carinhosamente alguns fios de cabelo do meu rosto e beijou delicadamente meus lábios. Aquela intimidade era nova para mim, eu ficava perdida sobre como agir com ela. Não esperava por nada daquilo. Correspondi ao beijo suave e amoroso da Eve e sorrimos confusas.

- Que bom que está viva. - Eve falou acariciando meu rosto e recostei minha bochecha sob a sua mão e fechei os olhos. Irina entrou novamente no apartamento e falou:

- Precisamos realmente ir. - Eve levantou com cuidado da cama e eu fiz careta para a pirralha que correspondeu. Ela era tão psicopata quanto eu, menina problemática, colocava Eve em perigo. Entretanto naquele momento eu precisava confiar. Irina e Eve deixaram o apartamento, tornei a deitar na cama, os remédios começaram a fazer algum efeito, me senti mais confortável para descansar um pouco.

Killing Eve: Um outro RumoOnde histórias criam vida. Descubra agora