Tudo a Perder

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Paris

Pov

Eve

Eu não confiava na Irina, mas foi a jovem que nos salvou. Ela estava la, na hora certa com um veículo e nos tirou da emboscada. Vilanelle iria morrer se não saíssemos dali. Irina apesar de muito jovem, era inteligente, confiante, conseguiu remover a bala que estava superficial e isso estancou o sangramento da Vilanelle, entretanto eu sabia que ela necessitava de atendimento médico. Antes disso eu precisava entender quem tentou matar a gente e em quem poderíamos confiar. Vilanelle eliminou os doze, quem mais estaria de tocaia para atirar? Carolyn poderia ter respostas. No caminho para o enterro, liguei para Yusuf, expliquei o que aconteceu e passei o endereço de Paris, pedi que vigiasse o prédio, que protegesse Vilanelle, eu sabia que mesmo vulnerável, ela era escorregadia e que ainda ferida poderia tentar fugir.
Assim que saímos do carro notei que estávamos no aeroporto. Franzi a testa e questionei Irina:

- Achei que o velório seria em Londres? Achei que fôssemos de trem.

- É exatamente o que ela queria que você achasse... - Irina comentou.

- Quem? Ela quem Irina? - questionei e a menina continuou andando sem responder minha pergunta. Senti medo, eu estava sem nenhum tipo de arma, só tinha meus documentos. Fomos até o pátio do aeroporto e tinha um jatinho nos esperando. Era tudo muito refinado, notei que Irina estava bem vestida, roupas caras, óculos e um bom penteado. Constantin não era um homem rico, pensei. Estava confusa, mas algo me dizia que eu deveria continuar seguindo-a. Subi no jatinho com preocupação, eu não sabia o que me esperava, para onde eu iria. Fiquei preocupada em deixar Vilanelle sozinha por muito tempo, mas precisava entender o que estava acontecendo.

Pov

Vilanelle

Eu sabia o quanto Eve era atrapalhada, e que ela poderia colocar tudo a perder, ao mesmo tempo que aquele ferimento doía, eu precisava me movimentar, ficar parada naquela cama era arriscado. Respirei fundo, tomei alguns comprimidos que Irina tinha deixado e levantei da cama. Fui até o espelho e tentei ver a gravidade do ferimento, estava feio, provavelmente eu precisaria de alguns pontos e também que retirassem a outra bala, estava profunda e conforme eu me mexia, sentia mais dor. Procurei roupas limpas, o apartamento ainda era meu, minhas coisas estavam lá. Andei com dificuldade até o meu armário e procurei alguma arma. Ouvi barulho de alguém entrando, me escondi atrás da porta do banheiro. Me armei e esperei até que pudesse aparecer, um homem de média estatura, indiano apareceu e me vendo armada levantou as mãos.

- Calminha Vilanelle...Eu vim a pedido da Eve. - o homem falou trêmulo, tinha medo de mim.

-Quem é você? - franzi a testa apontando a arma para o invasor.

- Yusuf... Sou parceiro da Eve, ela pediu que eu viesse para te proteger.

- Parceiro? Que tipo de parceiro? - perguntei desconfiada e enciumada também.

- Trabalhamos juntos em uma empresa de segurança pessoal. Pode abaixar a arma? - Yusuf pediu nervoso, eu senti confiança nele, o obedeci. Estava com dor, curvei tronco e coloquei minha mão livre sobre meu ombro para aliviar a pressão.

- Pode me levar a algum lugar? Eu preciso que alguém me ajude com isso... - pedi, já não tinha forças.

- Eve pediu que esperassemos por ela aqui... - Yasuf insistiu, revirei os olhos e falei:

- Eu pareço ter condições de esperar??? - perguntei nervosa apontando meu ferimento.

- Tem um hospital aqui perto...

- Hospital não. -interompi o indiano idiota, ele era muito assustado para trabalhar no setor de segurança.

- Eu tenho um amigo... Ele é veterinário, mas acho que ele pode fazer algo.

- Ótimo! - bufei e revirei os olhos, era isso que eu tinha, um veterinário, então continuei a falar: - Vamos no seu amigo veterinário. Me ajuda com isso. - Pedi ajuda para vestir uma jaqueta e aceitei a oferta do homem desconhecido, que apesar disso, parecia ser um homem confiável, Eve o mandou para cuidar de mim.

Pov

Eve

Entrei no jatinho nervosa, sentei no banco que Irina apontou e lá estava Carolyn, sentada, ereta a minha frente. Eu respirei aliviada, era com ela que eu precisava conversar. Ela por sua vez parecia surpresa ao me ver, eu estranhei essa reação, franzi a testa e perguntei:

- Esta surpresa?

- Muito... Eu achei que vocês tivessem morrido.

- Você estava lá?

- Todos estavam... Vilanelle fez uma lambança, tivemos que limpar.

- Quem? Quem atirou Carolyn? - perguntei angustiada, Carolyn apertou os cintos com calma, não parecia se abalar com nada. Eu também apertei os cintos, o jatinho parecia pronto para decolar. Enquanto o Jatinho decolava eu a encarei confusa, Carolyn desviava o olhar, era uma expressão corporal um tanto quanto estranha. Fiquei alguns minutos em silêncio, pelo menos até o avião estabilizar. Pam, saiu do banheiro de repente e caminhou em nossa direção.

- Agora ela trabalha para você? - apontei para a mulher de olhos grandes.

- Ela só pediu para estar presente no enterro do Constantin.

- A Irina sabe quem matou o pai dela? - eu joguei no ar, Carolyn arregalou os olhos, se assustou, parecia que eu tinha ali alguma informação privilegiada.

- Carolyn, eu estava pensando... Você havia me dito, que os doze, o grupo não se desfazia, quer dizer, eles eram constantemente substituídos. Quem substituiu o Constantin? - insisti com minhas perguntas, Irina me olhou assustada, parecia querer informações assim como eu.

- Onde está a Vilanelle? - Carolyn perguntou provocativa.

- Responde minha pergunta? Já temos um novo grupo?

- Eve, onde você quer chegar?

- Quero ficar viva!

- Vocês claramente aborreceram eles. O que achava? Que iriam ficar ilesas? Virar Thelma e Louise? Fugir em uma aventura romântica para o Alasca? - ela jogou perguntas retóricas, eu fiquei em silêncio. - Vilanelle, está viva? - Carolyn insistiu, eu não respondi, não compreendi o motivo dela estar tão interessada nisso.

Nos encaramos por alguns segundos desconfortáveis e ela falou:

- No velório vou te apresentar a um amigo. Acho que ele pode oferecer alguma coisa para você.- Carolyn falou isso e pegou no celular, parou de me dar atenção, paramos de conversar e foi assim por toda a viagem. Eu estava preocupada com a Vilanelle, confusa com a Carolyn, ela parecia como sempre esconder algo. Um coisa eu tinha certeza, ninguém sabia que Vilanelle estava viva, precisava cuidar dessa informação, encarei Irina que apesar de não demonstrar, parecia estar confusa em busca de informações, foi assim que Carolyn a arrastou para o vôo.

Killing Eve: Um outro RumoOnde histórias criam vida. Descubra agora