Capítulo 5 - Era La Musica

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Poncho procurou freneticamente May entre a multidão e acabou por encontrá-la longe de todos, sentada em um dos bancos de concreto que ficavam à margem da festa. Ele se aproximou, ainda um pouco afobado da busca, e notou quando ela desviou o olhar dele. Seus olhos cintilavam com as lágrimas que ela prendia, como o nó em sua garganta. Poncho sentou-se ao lado de May e os dois permaneceram calados por um tempo.


Poncho: Sabe. -Ele quebrou o silêncio. -Ele é quem devia estar aqui, triste, fora da festa. Não você. -May abaixou a cabeça, deixando que seu cabelo se pusesse como uma cortina entre seu rosto e o olhar penetrante de Poncho.

May: Eu sei... -Murmurou.

Poncho: Eu entendo que demore um tempo para essa ferida se cicatrizar, mas você não pode cair na armadilha de se esquecer que o cafajeste da história é ele. Se vocês não estão juntos agora, isso é um livramento pra você. Você é boa demais pra um otário feito esse garoto.

May: Diz isso porque é meu amigo. -Contestou baixinho, deixando uma lágrima escorrer pela bochecha.

Poncho: May. -Usando a ponta dos dedos, ele colocou delicadamente o cabelo dela por detrás da orelha, permitindo que os dois se olhassem nos olhos. -Digo isso porque você é uma mulher maravilhosa, com um dos corações mais puros que já conheci. Você não merece perder a sua saúde mental com um moleque egocêntrico que acha que as pessoas são descartáveis. Você merece estar com alguém que nunca te deixe duvidar do quanto você vale.


Os dois trocaram olhares em silêncio por algum tempo, mas, quando May se deu conta do que estavam fazendo, desviou seu rosto um pouco embaraçada. Aquele era o Poncho, seu amigo fiel e de longa data, por que ela estava sentindo seu coração acelerar enquanto ele lhe falava aquelas coisas fitando-a nos olhos? May amaldiçoou Chris mentalmente por todos aqueles questionamentos de mais cedo.


Poncho: Eu disse alguma coisa errada?

May: Não, não é isso. -Ela secou os olhos, já mais calma, e voltou a encará-lo. -Acho que eu só estou meio mexida mesmo.

Poncho: Olha, se você não quiser continuar na festa, eu posso te acompanhar pra casa. Tudo bem se você precisar de um tempo sozinha pra processar as coisas... Mas acho que você merece ficar e se divertir.

May: Obrigada, Poncho. Às vezes eu acho que você é o único que realmente me entende. -Eles trocaram um sorriso. May pensou um pouco e depois decidiu. -Eu vou ficar.


Poncho abraçou May de lado e felicitou a amiga. Eles ficaram um pouco sentados ali, fazendo uma companhia silenciosa um ao outro, depois voltaram para o meio da festa para encontrar os amigos.


***


Do outro lado da multidão, Annie saía da fila do bar com uma garrafa de destilado na mão. Ela havia dado uma volta na festa como quem não queria nada, mas mesmo assim não foi capaz de avistar Dul. No entanto, quando começou a fazer o caminho de volta para encontrar seu grupo de amigos, um amontoado de gente chamou sua atenção. Ela virou a cabeça para olhar o que acontecia e acabou esbarrando abruptamente em um desconhecido.


X: Foi mal.

Annie: Tudo bem. O que tá acontecendo ali?

X: Umas garotas estão discutindo, acho que vai dar briga.


O desconhecido foi embora e Annie ficou pensativa. Algo na sua intuição lhe dizia que ela tinha finalmente encontrado Dul. Então, ela adentrou a multidão para verificar o que estava acontecendo.

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