Ultimo dia

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Meu humor estava totalmente mórbido, fui obrigado a tirar um mês de férias já que eu estava com quase cinco férias na casa, hoje estava entrando no último dia dessa prisão domiciliar e mal aguentava de ansiedade pelo dia de amanhã aonde sentaria em frente minha mesa e poderia fazer oque sei fazer melhor que é prender vagabundos ...
Após acordar às 5 da manhã e correr pelo condomínio em que morava fiquei quase uma hora e meia na minha academia e quando sai estava ao ponto de comer qualquer coisa que visse na minha frente.
Ao cruzar minha sala de estar e adentrar na sala de jantar logo senti o cheiro de ovos e bacon no ar e sorri involuntariamente
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Afonso: Vejo que se lembrou que eu existo
Digo me apoiando na bancada
Lurdes: Não seja dramático, estive aqui não faz nem uma semana
Afonso: Uma eternidade
Lurdes: Eternidade porque não está acostumado a ficar em casa, sempre vim em torno de uma a duas vezes por semana e você nunca reclamou.
          E ela estava com toda a razão, Lurdes estava comigo há quase dez anos e até dizia que era minha mãe pra poucas visitas que já recebi, oque me fazia rir pois ela sempre disse que era muito nova pra ter um filho velho como eu, oque me deixava puto.

Lurdes: Está com fome ?
Afonso: Bastante
Lurdes: Sente se que vou te servir e em seguida vou arrumar seu quarto

Me sento e logo sou servido que nem uma criança e adoro isso, além de ovos e bacon havia muitas frutas em um prato oque me fez erguer a sobrancelha mais evitei em não falar nada. Após comer e ler um jornal minha campainha tocou me fazendo levantar e caminhar até a porta vendo Santiago pela vidraça da porta.

Santiago: Juro que se não voltar a trabalhar logo seu substituto irá acabar com tudo oque você construiu em anos
Afonso: Qual o problema agora ?
Vejo ele caminhar até meu sofá e se sentar jogando uma pasta na mesinha do centro
Santiago: A maioria dos seus casos estão sendo reabertos
Afonso: Oque ? Porque ?
Santiago: Não sei bem, apenas que é algo com o delegado substituto
Afonso: Puta que pariu viu .. Por isso não gosto de sair de férias, os que ficam no meu lugar sempre arrumam um jeito de bagunçar tudo e me dar uma dor de cabeça enorme.

Santiago sorri e aponta pra pasta na mesinha

Afonso: Me deixe adivinhar ... meus futuros problemas ?
Santiago: Isso mesmo ... Maaas pra melhorar seu humor, juntei algumas pessoas da delegacia e vamos sair hoje
Afonso: Sair pra onde ?
Santiago: Amália conseguiu uns ingressos pra uma boate
Afonso: Nem fudendo
Santiago: Porque não ?
Afonso: Sabe que não gosto desses lugares, boates são mais pra jovens e isso é algo que eu não sou a muito tempo
Santiago: Qual é Afonso .. você nem é tão velho assim e pra sua informação os velhos andam se divertindo mais que os jovens hoje em dia
Afonso: Não
Santiago: Você é um estraga prazeres .. tá precisando transar pra ver se esse humor seu melhora
Afonso: Acabou ?
Santiago: Vou te mandar o contato por mensagem
Afonso: Não gaste seu tempo

Vejo ele se levantar e caminhar até a porta enquanto digita algo no celular e não preciso nem ser um gênio pra adivinhar já que meu celular apita em seguida com uma mensagem dele contendo um endereço.
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Mentalmente eu me xingava e xingava Santiago junto por eu estar na situação em que me encontro, estava na boate aonde só via crianças, alguns jovens bebendo, outros dançando e alguns até usava droga e tentava controlar o lado policial em mim que queria mandar todo mundo ir pro caralho a cinco e sair prendendo metade e mandando a outra metade ir procurar um serviço .. Eu realmente não tinha um pingo de paciência pra esses passeios e não fazia questão.

Amália: Afonso ?!

Amália era uma de minhas melhores policiais, era bonita e sempre que surgia uma oportunidade fazia questão de tentar algo comigo que sempre recusei .. por diversos fatores e o maior deles que ela era muito nova pra mim, se eu estivesse com uma mulher ela teria que ter idade o suficiente pra não causar confusão por pouca coisa e nem ser uma criança que eu teria que pegar pra criar ..

Afonso: Amália, como vai ?
Amália: Surpresa em ver que você finalmente decidiu sair um pouco e se divertir
Afonso: Conta como diversão ter vindo obrigado ?

Pergunto a ela sem desviar meu olhar das pessoas que estavam ali.

Amália: Claro que não ... Quer dançar um pouco ?
Afonso: Não
Amália: Quer beber algo ?
Afonso: Também não

Sem muita insistência ela se afasta se juntando novamente com o pessoal do serviço .. A música preenchia o lugar e pessoas pulavam e dançavam, todos da delegacia haviam se misturado pela multidão e eu apenas me mantive sentado no bar observando tudo .. Minha atenção recai sobre um garçom que preparava alguns shots, alguns não, muitos shots e apenas observei ele levar a bandeja até uma mesa que havia somente garotas, todas riam de um jeito escandaloso e conversavam em uma altura absurda que deu pra entender que estavam comemorando a volta de alguém .. cada uma agarrou um copo e virou fazendo os mesmos movimentos pela primeira, segunda, terceira, quarta vez ... Não sei quanto tempo fiquei observando a mesa daquelas garotas mais apenas percebi que estava as encarando tempo demais quando uma delas olhou em minha direção e ergueu um copo pra mim o virando em seguida ..
Apenas me levantei em seguida jogando uma nota no balcão e decidindo ir pra casa.

Afonso CesariniOnde histórias criam vida. Descubra agora