Afonso Cesarini

Dias cheios

Depois da festa de Diaz eu tinha muitas perguntas na cabeça e nenhuma resposta, as principais se baseavam em saber como cheguei em casa, quem me trouxe, porque eu estava descalça e se eu havia feito alguma burrada .. Minha última lembrança daquela noite foi minha dança com Afonso e nada mais .. Merda, preciso maneirar na quantidade que bebo ..
Os amigos de Diaz foram entrando em contato comigo e a demanda pra casos estavam em alta, problemas com pensões, ações contra empresas, pedidos de ajustes de valores a receber e eu estava literalmente perdendo a cabeça.

Caroline: Chega .. Nem por um decreto minha casa vai ficar servindo pra trabalhar também

Caminho até meu quarto e visto uma calça jeans, uma blusa e calço um tênis, pego minha bolsa e peço um uber pro centro da cidade. Olhei no relógio e marcava exatamente 10 da manhã, então comecei toda a correria que precisava fazer no dia, passei no fórum deixei alguns papéis, depois precisei protocolar alguns e por fim tirar alguns xerox que eram necessários .. Perdi a noção da hora quando havia terminado tudo e ainda iria procurar algum lugar pra alugar pra poder montar um escritório pra mim e não demorou a achar e por uma coincidência enorme meu novo escritório ficava a duas quadras da delegacia e foi involuntário pensar em Afonso ..
O homem era realmente um pecado em pessoa e um gênio de cão, eu nunca havia ficado e nem tive vontade de ficar com caras bem mais velhos que eu, mais Afonso desperta esse lado em mim que me deixa de certo modo receosa e temerosa .. o homem não era poucos anos mais velhos que eu, ele tinha o dobro da minha idade, ou seja o dobro de coisas vividas e experiências feita ... Pisco algumas vezes tentando voltar a realidade e então começo a caminhar pelas ruas aproveitando a brisa, coisa que ainda não tinha feito desde que voltei a Florianópolis, as ruas estavam começando a ficar movimentas devido o horário, já estava no fim do dia e era o horário em que as pessoas começavam a ir pra suas casas ... Paro em um ponto de ônibus e me sento esperando o próximo ônibus passar, depois de quase 30 minutos esperando ouvi uma voz me chamar e senti meu coração quase sair pela boca.

Afonso: Senhorita Viturino ?

Ergo meu olhar vendo Afonso parado dentro de seu carro que era um carro enorme por sinal e de algum modo me era familiar  .. Tinha que ser uma Amarok pra fazer jus ao dono

Afonso: Indo pra casa ?

Aceno com a cabeça e vejo ele se curvar e abrir a porta do passageiro pra mim

Afonso: Vem, te deixo em casa

Não pensei duas vezes e apenas entrei no carro, ao puxar o cinto e o enganchar no lugar percebi que Afonso estava totalmente diferente do habitual, ele usava uma camiseta que mostrava que suas tatuagens que não tinham fim e uma bermuda

Afonso: Dia cheio ?

Caroline: Nem fale .. tô exausta

Afonso: Muitos casos a resolverem ?

Caroline: Muito .. eu mal cheguei a cidade e tô cheia de cliente, não que eu não esteja feliz, porque eu estou .. mais já estou sobrecarregada, tive até que alugar um espaço pra trabalhar porque minha casa não tá comportando tantos papéis

Afonso não me olhava, apenas encarava a estrada

Afonso: Você não é daqui ?

Caroline: Na verdade eu sou .. mais havia me mudado alguns anos atrás pro Rio Grande com meus pais .. mais decidi voltar

Afonso: Porque ?

Caroline: Sentia falta daqui

Passamos mais um tempo em silêncio quando percebi que Afonso já sabia a rota da minha casa só não sabia como e não perguntei nada apenas fiquei calada