Afrodite teria inveja de você

Toques

Quando Park abriu a porta para Renjun o cheiro de amaciante mesclado com outro aroma suave tomou suas narinas e quase o entorpeceu.

Renjun tentou não se produzir demais, afinal de contas não era realmente um encontro, apenas uma sessão de filme com o novo amigo, que por obséquio era uma figura bastante atraente e cativante. Nada do que ele poderia se preocupar.

Não se Jisung estivesse de suéter verde e shorts jeans folgados parecendo uma versão asiática e masculina de Jamie Sullivan.

Ele gesticulou com a mão para Renjun entrar antes de perceber que ele estava com o cabelo partido uma parte maior para um lado e a outra deslizava por trás da orelha, mostrando a testa e parecendo mais maduro do que jamais pareceu. Jisung não sabia se ele ficou mais atraente que antes, porque ele era muito atraente sem tirar ou pôr.

Eles se dividiram em duas tarefas: fazer a pipoca e colocar o filme, como Renjun que sugeriu sobre, ele que estava encarregado da última, mas meio que mudou de escolha ao perceber que o filme era thriller. Ele clicou em Orgulho e Preconceito com dor no coração, não que ele odiasse clássicos, leituras clássicas eram lentas e cheias de detalhes irrelevantes, os filmes tinham cenas inúteis e que davam sonos, mas ele amava aquele filme em questão e não queria que a sua primeira vez a estar sozinho com Jisung fosse com um filme com mortes e fim dramático. E ele mesmo tinha orgulho de dizer que não assistia muitos filmes de romances, porque todos eram cheios de fetiches e com finais previsíveis. Não vamos dizer que ele é estranho, porque sabe muito bem isso, por que quem não gosta de romance?

Quando Jisung voltou com duas vasilhas cheias de pipocas salgadas e o deu uma, voltou a cozinha de novo para pegar uma jarra de suco com dois copos e colocou na mesinha de centro.

Ele sorriu para Renjun e se sentou ao lado dele.

Durante o filme ele tentou, juro que tentou, não cair no sono com todo o desenrolar do filme. Jisung pareceu gostar, ele não tirava os olhos da televisão e ria com as cenas de diálogos entre os dois personagens protagonistas.

Renjun não conseguiu tirar os olhos dele, ele era tão bonito que cativava tanto sua atenção, a televisão e o filme que passava não tinha nenhuma chance contra Jisung. As cenas nas quais ele mais gostava, o mais novo também parecia gostar e, pobre emocional, o coração de Renjun batia forte no peito.

Tinha plena consciência que estava agindo como um idiota enfeitiçado pelo vizinho, se ele soubesse que Jisung sentia seu lado esquerdo queimando por tanto ser secado, talvez assim disfarçasse um pouco seu fascínio demente.

Por isso, o Park se deitou contra o braço do sofá, colocando a vasilha do seu lado e esticando suas pernas até que estivessem tocando as de Renjun. Soltando um suspiro quando conseguiu ficar confortável e voltando a atenção ao filme pela metade. Por pura ousadia, quando viu pelo reflexo dos olhos o vizinho o olhando descaradamente, virou o rosto para ele que nem ao menos o dava chance de desviar o olhar e sorriu de lado, o que não pareceu pervertido, porque era Jisung ali e nada nele fazia Renjun imaginar que ele fosse um tipo erótico, apesar de parecer um fetiche para sua imaginação.

Renjun sorriu de volta, deixando a vasilha de pipoca, que mal foi tocada, no chão e tocando o calcanhar direito de Jisung com os dedos quentes e, com um pouquinho de esforço, puxou seus pés descalços para seu colo. Ele só se aconchegou mais e agradeceu com um olhar sereno.

Quando o filme acabou, Jisung enxugava algumas lágrimas acumuladas no canto dos olhinhos. Fala sério, nem era para tanto!

Renjun fazia uma massagem suave nos pés dele para não fazer algum comentário insensível sobre o filme, o que ele com certeza faria se não se segurasse.