Obra de arte

29 1 0
                                    

Renjun terminou a pintura de Jisung na madrugada de segunda enquanto ouvia Taylor Swift no Spotify. Uma playlist que Jisung enviou para ele.

Foi tempo o suficiente para sua mãe bisbilhoteira entrar no seu ateliê e o pegar murmurando e mexendo os ombros ao som de Sparks Fly. Ela riu e pediu que ele fosse dormir porque estava tarde, mas Renjun a fez sentar em um banco velho e o ouvir falar sobre Jisung, sua confissão acanhada e o beijo deles.

Talvez fosse uma surpresa para ela ver o filho tão emocionado e falando com tanta paixão sobre uma pessoa. Renjun foi uma criança muito difícil de lidar porque ele sempre estava preso no seu mundinho e isso fazia dele um esnobe a olhos alheios e decerto ele até fosse, por isso quase nunca demonstrava seus verdadeiros sentimentos, não de um modo tão espontâneo. Ele demonstrava a raiva e frustração muito bem.

Ela ficou com ele até quando se sentiu cansado.

Era bom ver Renjun apaixonado. A paixão de certo modo mudava sua áurea.

Renjun também não desgostava, porventura a paixão tinha sido uma pedra no sapato para ele no ensino médio, mas como todas as coisas da vida é passageira, nem por isso ele deixou de se não satisfazer com ela. Como Chenle havia feito.

Zhong tinha jurado de pé junto que não cairia mais nessa de amor. "Amor pra quê?" ele dizia, mas sempre torcia por Renjun, afinal de contas. Ele sim era um exemplo de decepcionado com o amor. Chenle teve três namoros na vida, uma garota no colegial, um garoto na faculdade e uma mulher da agência de seu pai e todos eles tiveram o mesmo resultado: separação.

─ O amor não é pra mim! ─ Uma vez ele disse, engolindo uma colher de cereal com leite e mastigando. Ele olhou para Renjun e Mark. ─ E vocês são tão açúcar que me enoja!

Mark sorriu, ele sempre ria quando Chenle falava como se cada palavra de sua sentença ironia não fosse apenas uma máscara. Uma máscara que Renjun conhecia muito bem.

Apesar de estar feliz com Mark ele sempre foi de se preocupar com Chenle. Eles eram unha e carne, farinha do mesmo saco, portanto se preocupava.

E estava tudo bem se ele achava que o amor não era para ele. O amor não era para ninguém mesmo.

─ Tá fazendo o quê acordado, bobão? ─ Ele o questionou na chamada de vídeo. Seu rosto todo amassado, os olhos nem pareciam abertos. ─ Você me acordou, eu tenho que trabalhar e você também! ─ Reclamou sonolento.

─ Shhh, eu disse a mãe que iria dormir, mas eu acabei de terminar aquela tela e você sabe como eu fico depois que termino uma obra. ─ Tentava seguir para o fundo da casa sem fazer barulho.

─ Emocionado pra caralho? É! ─ Ele se levantou e ligou a luz do abajur. ─ Me mostra logo!

Renjun abriu a porta de madeira com cautela para não ranger e entrou no local ligando a luz. Ele mudou a chamada para a câmera traseira e mostrou para o amigo.

─ Caralho, tá show! ─ Sua exclamação não indicava mais sono. ─ Me vende, que eu compro.

Renjun riu e mudou a câmera novamente.

─ Valeu, mas... Cê sabe!

─ Sei... Bom, ainda bem que você ligou, apesar de ter me acordado, eu queria te dizer uma coisa. ─ Ele disse bem contente, porém apreensivo.

Renjun murmurou em resposta admirando sua pintura com olhinhos brilhando.

─ Lembra do Jaemin, o amigo do Jisung? ─ Huang respondeu que lembrava. ─ Pois, então, ele encontrou meu Insta e puxou papo comigo.

Renjun arregalou os olhos e encarou Chenle.

─ Sério? E aí?

Chenle coçou a nuca desviando os olhos.

Afrodite teria inveja de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora