Prólogo

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Cɑpítulo 0 _ E entα̃o eu levo umɑ fɑcɑdɑ no peito

Severus não se considerava um cara de sorte, não, de jeito nenhum. Ele tinha um pai abusivo, uma mãe com uma, possível, síndrome de Estolcomo, uma amiga manipuladora que prefiria gastar o seu tempo com um grupo de bully's do que com o próprio amigo e, é claro, como uma maldita cereja num bolo de azar sabor sem sorte, um grupo de bully's que pareciam ter como único objetivo fazer da sua vida um inferno maior do que já é.

Como eu já disse, uma vida de merda.

Mas, naquele dia, parecia que destino havia se superado. As férias haviam começado, o clima estava agradável, 21°C, quente, porém suportável - para um britânico, claro. Tinha acabado de desembarcar do trem, sua mala pesava toneladas, mas não havia ninguém que pudesse - ou quisesse - ajudá-lo, a viagem tinha sido um porre, solitária e muito, muito, muito triste. Ele pegou um táxi até a estação de metrô, quase duas horas de viagem, quando chegou em casa já era tarde, por volta das 19:00h, estava cansado, com fome e fedendo, tudo que mais desejava eram um banho e sua, desconfortável, cama.

Ao pisar na jardim, Severus já começava a sentir que algo estava errado, como uma pequena voz que o dizia para não entrar naquela casa, mas devido ao cansaço e fome apenas mandou aquela vozinha xexelenta para o fundo de sua perturbada mente e caminhou com lentidão até a entrada. Sua casa parecia ter vindo direto de um filme de terror, era velha, mal cuidada e rangia ao menor movimento, por isso nem se importou em não fazer barulho ao chegar em casa. Abriu a porta sem cerimônia, e, como esperado, ela rangeu audivelmente, avisando a quem quer que estivesse na casa que alguém havia chegado.

- mamãe, estou em casa - Severus gritou sem muito ânimo, esperava ouvir o já tão costumeiro: "Eillen aquela aberração voltou", que seu pai sempre dizia assim que o Snape mais novo chegava em casa. Mas para sua felicidade, não havia nenhum sinal da voz do seu pai em nenhum canto da casa.

Severus abriu um sorriso sem mostrar os dentes, feliz por saber que seu pai não estava em casa. Um símbolo de paz. Deixou a mala no hall de entrada, não conseguiria mais carregar aquela coisa agora, andou até a sala e desmanchou o seu sorriso, a televisão estava ligada em um jogo de baseball estúpido e ele pôde ver a silhueta de seu pai sentado na poltrona velha e aos pedaços que ele sempre ficava. Que maravilha.

Um barulho de vidro quebrando veio da cozinha, Severus desviou a atenção para o cômodo que ficava logo ao lado, saindo da sala sem fazer, quase, nenhum barulho, não queria acordar o homem na poltrona. Andou a passos largos até onde o barulho veio, em frente a pia da cozinha, havia uma caneca quebrada, a caneca preferida de sua mãe. Com uma foto dela e Thomas mais novos, obviamente, antes de terem ele.

- mãe? Está em casa? - ele chamou, com um pouco de medo, sabia que sua mãe surtaria ao ver sua caneca preferida quebrada. O silêncio foi a resposta que recebeu, exceto pelo barulho da TV que parecia mais alto agora.

Aquele maldito jogo estava o irritando, conseguia ouvir o locutor falar sobre home runs e sobre como os Oakland Athletics¹ estavam tendo uma época de glória naquele ano, de forma quase não entendível, por culpa do áudio ruim da TV. Revirou os olhos com claro desagrado, mesmo que ninguém fosse ver, e tornou a caminhar até a sala novamente, para desligar aquela televisão.

Quando estava no portal da sala, algo o atacou, de forma direta e impiedosa.

Um faca furou seu peito, o objeto rasgava a carne abrindo espaços na pele leitosa de Severus, inferno, como aquilo doía, sentia a ponta o perfurando de forma rápida, limpa na verdade, ele arregalou os olhos e abriu a boca em choque. Apessoa que havia o atacado era sua mãe!

- ó querido, me perdoe por ser tão direta, mas eu sei que você vai me compreender - sua mãe disse de uma forma doce, quase como ela fazia quando o contava histórias para dormir, afundando com mais força a faca em seu peito.

Descida até o infernoOnde histórias criam vida. Descubra agora