A Menina No Banheiro

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Estávamos em junho, dia treze, o basilisco foi capturado, todos os alunos poderiam finalmente voltar para suas casas, contudo, um dos aurores encontrou uma pele de cobra recém trocada, de um tamanho menor do que a que eles haviam capturado, isso os levava a crer que havia mais um basilisco. 

Provavelmente eu seria mantido longe desta informação, mas eu estava levando Harry para o salão comunal quando escutei essa informação, deixei o garoto a quem estava me afeiçoando nos últimos dias em segurança e fui até o local que diziam ser a entrada da câmara. 

Assim que cheguei lá encontrei uma cena muito curiosa, Myrtle, a garota com óculos extremamente grandes e com Maria Chiquinha no cabelo, estava chorando a plenos pulmões. 

— O que te aconteceu Myrtle? — Perguntei me aproximando dela com cuidado. 

— Olivia e Dora, estavam zombando dos meus óculos e da maneira que eu falo, elas são horríveis. — A menina soltou ainda mais sentida. 

— Calma Myrtle, agora quero que me escute, saia do banheiro e vá para o salão comunal, esse lugar ainda não está totalmente seguro, existe outro monstro aqui. — Tentei ser o mais serio possível, devo ter sido também um pouco rude em meu tom de voz. 

— Vocês da sonserina acham que podem humilhar as outras casas, acham que podem menosprezar os nascidos trouxas, são todos uma escoria. — Myrtle gritou as palavras irritada em meio as lagrimas. 

Acho que toda aquela gritaria chamou atenção do monstro, vi na pia do banheiro uma sombra incomum, no mesmo instante apliquei um golpe um pouco forte na região do pescoço de Myrtle fazendo ela desacordar. 

— Fique parado ai. — Falei em língua de cobra para o basilisco que se aproximava. — Não se mova até eu voltar. 

Levei Myrtle nos braços até o salão comunal e logo Harry veio desesperado na minha direção. 

— Cuida dela Harry, vou avisar os aurores que encontrei o filhote de basilisco tentando fugir pela entrada. — falei um pouco duro com ele também, parecia que Harry tinha um talento natural para se meter em confusão. 

— Mas Tom... — Ele tentou argumentar, colocou Myrtle nos braços da amiga Matilda que estava muito preocupada e veio na minha direção.

— Harry, não pode vir comigo, me deixa avisar Alvo e os aurores. 

— Não, eu vou com você! — Bateu o pé como uma criança birrenta, eu sinceramente não sabia o que fazer. 

virei as costas e comecei a correr para a sala de Dumbledore, Harry vinha atrás com a mesma preocupação, eu não queria ele envolvido mais nisso, parei no corredor vazio e encarei seus orbes azuis. 

— Harry, não quero que venha comigo, por favor, volte ao salão comunal. — Me aproximei dele e segurei seu rosto, ja tinha notado que atitudes assim desarmavam ele e deixavam o garoto extremamente sem graça. — Quer chamar mais atenção do que o necessário? está recomeçando aqui, não é o único que fala a língua das cobras, me deixe terminar o que você começou pequeno Harry. 

Eu sabia que usar um tom de voz calmo e aveludado era a receita para fazer aqueles olhos azuis paralisarem, seu rosto agora ruborizado me dava a ideia de que estava entrando na cabeça dele de uma forma amável por assim dizer. 

— Tom... 

— Harry, apenas siga de volta, não vou te deixar passar daqui e se tentar passar terei de te impedir. — Não sei o que exatamente ele entendeu, mas piscou algumas vezes, parecia nervoso e ao mesmo tempo entristecido, ele se virou de costas e seguiu o caminho para o salão comunal. 

Não precisei correr por muito mais tempo, Alvo estava saindo de sua sala com outra equipe de aurores que iriam procurar o filhote, dei a informação a eles e sorrindo fraco encarei Dumbledore. 

— Se eu não estivesse no banheiro, hoje uma menina teria morrido. — Olhei para os aurores que se afastavam indo na captura do basilisco, incluindo os guarda caças. 

— Tom, você e o garoto Harry, prestaram um grande serviço a Hogwarts hoje. — Dumbledore pousou uma das mãos em meu ombro e sorriu. — Depois do jantar sugiro que nenhum dos dois sejam vistos pelos corredores, vamos dar outra olhada na câmara secreta para ver se tem algo a mais por lá. 

O diretor sempre estava de olho em mim, mas acredito que com aquela minha atitude, ele tenha passado a confiar mais em mim, agora só me restava descobrir o qual frase minha ofendeu Harry. 

Não fiquei perto dele no salão comunal, mas Myrtle veio falar comigo, estava sem graça e um pouco envergonhada, nesse ponto a escola toda tinha sido informada que o filhote de basilisco tinha sido capturado e Dumbledore tinha explicado a Myrtle que eu tinha salvado sua vida. 

— Obrigada Tom, devo minha vida a você. —  Myrtle tirou de dentro de suas vestes um colar de couro com um pingente, era uma pedra verde. — Minha bisavó era da sonserina, ela me deu isso esperando que eu entrasse nessa casa, mas meu ser sempre pertenceu a Lufa-Lufa. 

— É lindo Myrtle, obrigado, me desculpa por sempre te chamar de sangue ruim, é um péssimo habito eu sei... — Murmurei sem graça, pelo que eu sabia dela ambos os pais eram trouxas, então sua avó deve ter tido filhos trouxas ao se casar com um trouxa, de qualquer forma a magia encontrou um meio de entrar no ser daquela jovem bruxa. — Não ande sozinha por ai, é perigoso. 

Dei meu aviso de forma simples, olhei para Harry e ele estava se levantando, acredito que iria para o dormitório. 

fui atrás dele um pouco mais sem graça, ele parecia estar mesmo triste, assim que cheguei no dormitório, ele tinha acabado de sair do banho, seu rosto abatido não me dava dicas do que eu tinha feito de errado. 

— Harry... — Chamei meio inseguro. 

— Não fala comigo, me queria longe hoje, me tratou como um fraco incompetente, eu não sou um fraco Tom, só pelo fato de você ser quatro anos mais velho, acha que sou um idiota por acaso? — Ele parecia furioso, talvez devesse usar meu truque de hoje a tarde, mas parecia ser injusto com ele, já que ele não tinha notado que ficava assim na minha presença. 

— Pequeno Harry, não te julgo fraco, só não queria que chamasse mais atenção, o ministro sabe de sua condição e aceitou sua presença na escola, se lembra do que foi conversado com Dumbledore quando falou a primeira vez com o chapéu? então imagina você ficar chamando muita atenção, vai acabar virando um alvo para eles. — Me aproximei mais de Harry e ele sacou sua varinha na minha direção. 

— Fica longe Tom! — Gritou em fúria. 

— Harry... — Dei dois passos a frente tocando o dedo indicador da minha mão direita em sua varinha. — Esse olhar agressivo, essa fúria toda, não lhe cai bem, vamos me perdoa por ser duro com você mais cedo, eu só não queria que se metesse em confusão, eu queria te proteger. 

Vi nesse momento seus olhos mudarem, não parecia tão agressivo, Harry abaixou a cabeça e guardou a varinha, respirei aliviado, a minha varinha estava no bolso, se ele tentasse mesmo me atacar eu não teria muitas chances contra ele, eu poderia me machucar de fato, mas algo eu já tinha descoberto em Harry, ele ficava totalmente desconcertado quando eu me aproximava demais. 

Visiting the Space Of Time - ( Tomarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora