Muito Bem Acompanhada (Mirandy)

VII

Andrea olhou para todas aquelas pessoas sentadas em mesas cobertas por toalhas brancas e enfeitadas com arranjos florais. Estava no jardim da pequena casa de barcos que ficava à beira de um lago encantador, fazendo fronteira com a propriedade principal.

Não muito longe dali, seu pai comandava uma grelha e servia aos convidados. Ainda não havia visto sua mãe, mas muitos rostos eram conhecidos.

— Bem, aqui estamos. — Disse ela, tentando não parecer em pânico.

— Acho que você precisa se mover. — Disse Miranda, muito pacientemente. — Tem uma mesa livre logo ali.

— Acho que preciso de um pouco mais de tempo. — Andrea sentiu os dedos de Miranda roçarem na palma de sua mão e entrelaçar fortemente nos seus.

— Quanto antes fizer isso, mais cedo terminará, querida.

Andrea olhou para o lado e se deparou com os olhos azuis muito serenos e reconfortantes. Como ela podia estar sempre tão tranquila?

— Você acha que eu estou hesitando, mas eu não estou. Eu quero fazer isso, só estou com medo. Você me odeia por estar com medo?

— Quanta tolice, eu não posso odiar você. Eu entendo o que está sentindo, também me senti um pouco constrangida quando contei para as meninas. Mas tudo passou quando fui amorosamente acolhida por elas.  Você só tem que enfrentar isso e descobrir que nada demais irá acontecer. Você já contou para eles, certo?

— Sim, mas...

— E como reagiram?

— Depois de um minuto de silêncio no telefone, literalmente um minuto inteiro, eles tentaram não parecer completamente chocados.

— Isso é bom. Só estão conhecendo um lado seu que nem você sabia que existia. Agora, você só precisa sentar, comemorar o aniversário da sua mãe e agir como se isso não fosse uma grande coisa.

— Nosso relacionamento não é uma grande coisa?

— É claro que é. Quero dizer que você deve fazer disso algo natural. Você foi boa em ser natural quando estava mentindo no casamento.

— É diferente quando se trata da minha família. Mas eu posso fazer isso. — Disse ela, tentando parecer determinada. — Sim! Eu posso sentar lá e apresentar a minha namorada incrivelmente sexy e poderosa!

— Você pode. — Miranda sorriu. — Só tem que parar de se preocupar tanto.

— Você deve estar cheia dos meus dramas, não é?

— Eu acho adorável, na verdade. Mas prefiro que você não se enerve tanto.

— Eu já disse que te amo hoje?

Miranda olhou para cima, como se estivesse refletindo. — Só onze vezes.

— Então pela décima segunda vez, eu te amo.

Elas se olharam intensamente. Uma vontade pulsante de beijar uma a outra naquele exato momento. Então...

— Andy? — Ouviu a voz de sua mãe logo atrás delas e se virou para vê-la. — Querida, você está aqui. — Ela abriu os braços e Andy caiu dentro deles no mesmo instante.

— Eu disse que viria.

— Mas você demorou tanto, pensei que viria um dia antes para ficar mais tempo conosco. — tocou o rosto da filha e analisou, como se a visse pela primeira vez na vida.

— Eu viria, mas tivemos alguns empecilhos. Aliás, essa é Miranda. — disse ela, aproximando-se da mulher.

— Sra. Sachs. — Miranda a cumprimentou muito formalmente. — É um prazer finalmente conhecê-la.