1 - Um golpe de sorte

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(Demônio da Névoa)

A boate fica na zona norte, a mais valorizada da cidade: a praia dos ricos e famosos. Na verdade, não é uma boate convencional, e sim, um beach club - um daqueles botecos travestidos de chiquês à beira-mar, com poltronas estofadas, comidas e bebidas caras...

E, claro, a música alta.

Ela está lá, no meio da multidão, extravasando os aborrecimentos do trabalho junto às amigas e colegas. Para tornar tudo mais frustrante, sua parceira mais chegada, no trabalho, desapareceu... É desta que quero realmente saber.

Todas reunidas ali são assistentes, estagiárias ou escrivãs da Promotoria e sofrem pressão porque o chefe delas está sendo pressionado. É um efeito cascata em qualquer emprego. Inclusive o meu.

Recebi uma mensagem do Anfitrião para que identificasse e vigiasse Sofia Glaudini, uma das assistentes da Promotoria. Quando finalmente a identifiquei, ela já havia sido sequestrada.

Restam as colegas e amigas. Espero obter alguma pista do seu paradeiro, ficando de olho nelas; especialmente Diana Dorneles, incumbida de levar adiante os casos da desaparecida.

Atualizei o Anfitrião e continuei no rastro. As cinco me levaram àquele lugar. Duas já estão de partida, mas as outras não dão mostras de que pretendem ir embora tão cedo... Pelo visto, ainda vou passar um tempo por aqui. Começo a me questionar que tipo de distração procuram...

Peço uma bebida, para disfarçar, e fico no canto do bar, observando o comportamento das amigas. Uma recebe um telefonema e vai embora. As outras duas ficam. Diana ri de algo que a amiga fala e seus olhos brilham. Algo me diz que posso conseguir alguma informação útil, ao vigiá-la mais de perto.

Daí, a amiga arruma um ficante. Eu sei porque o cara está a alguns passos de mim... Os dois trocam olhares insinuantes. E de repente, eles estão juntos, conversando. O cara chega firme mesmo... Pelo visto, era o que ela precisava, porque se despede de Diana com um aceno e vai embora com o sujeito.

Diana fica sozinha... Ela me vê no bar, nossos olhares se prendem e rola uma química instantânea. Pago para ver se ela está disposta a investir. E ela investe.

Eu fico na minha, esperando que ela se aproxime.

- Oi, estranho - sorri para mim, corada por causa da bebida ou da ousadia...

Nossa promotora, tão séria e dedicada ao trabalho, está alegrinha. Mas não o suficiente para não saber o que está fazendo. Disso, tenho certeza. Mesmo assim, vou dando corda... Será que ela vai mesmo trair o marido?

- Oi, estranha - ofereço um sorriso, permanecendo apoiado no balcão.

- Então... - ela revira os olhos para disfarçar o constrangimento; o que me diz que ela não está acostumada a abordar homens. Nem a trair o marido. Mas, naquela noite em particular, algo aconteceu e ela está disposta a superar sua natureza reservada. Molhando os lábios, ela pergunta: - Não vai me pagar uma bebida?

Sem me alterar, encolho os ombros e respondo. - Estou duro - e meu sorriso aumenta.

Ela ri baixinho, entendendo o duplo sentido. Em ambos os casos, somente o subtexto é verdade. Eu poderia pagar uma bebida para ela, se eu quisesse. Mas ao invés disso, ofereço-lhe o meu copo pela metade.

Os olhos de Diana brilham diante do desafio. Ela pega o copo, tocando os meus dedos sem querer. As fagulhas nos deixam acesos. Observo enquanto prova o meu uísque duplo, deliberadamente passando a língua na borda. Eu teria rido da tentativa patética de soar sensual... Se a imagem daquela boca carnuda no meu pau, não me deixasse meio espantado comigo mesmo.

Tá na cara que ela não faz o tipo mulher fatal. Mas eu lhe dou mais corda.

- Quer ir para um lugar mais reservado?

Ela arregala os olhos, como se o lugar fosse ali mesmo. Procuro esconder a diversão... O que fica difícil quando a sedutora de araque diz: - Mas você disse que está duro.

- E estou - continuei no papel, dando corda, e apontei com o queixo para a praia. - Pensei que talvez você gostasse de um pouco de emoção... Perigo...

Ela entende o que eu quero dizer e fica apreensiva... No fundo dos olhos dela, detecto a sua excitação. Ela quer, mas não tem coragem. Decido o dilema pegando-a pela mão e caminhando direto para a praia.

Escolho um trecho nem tão perto, para não criar um clima constrangedor para Diana, nem tão longe para que ela sinta a ameaça de sermos apanhados ou vistos. Sem rodeios, baixo a blusa tomara-que-caia dela. O sutiã nude vai junto. Ela não diz nada, enquanto os seios ficam a mostra, tensos por causa do ar frio da noite e da excitação. Dá para ver que precisam ser tocados... Eu mesmo não vejo a hora de trabalhar neles.

Mas antes...

Baixo a sua saia, junto com a calcinha, ordenando-lhe de forma grosseira que ela pule para fora do círculo de roupas. Ela obedece, adorando o meu jeito rude. Ah, então gosta de homens dominadores... Assumo o papel que a deixa mais confortável para viver a sua fantasia de trepar com um desconhecido.

-Vire-se - ordeno, obrigando-a a se inclinar. Faço o contrário do que ela espera. Toco-a de alto a baixo... Ela fica entregue, empinada pra mim, os olhos fechados os cabelos espalhados sobre as costas. Eu a giro no círculo dos meus braços, e trabalho pesado nos seios, com meus lábios, dentes e língua, a ponto de arrancar gritos e gemidos da princesa. Ela é deliciosa e mal posso esperar para senti-la por inteiro.

- Você é gostosa - sussurro e, em seguida, ataco sua boca.

No mais, o nosso pequeno interlúdio será lembrado tanto por ela, quanto por mim, como uma noite em que dois desconhecidos fizeram um sexo rápido e sujo, atrás de um boteco de praia.

Quando acaba, nenhum de nós fala. Diana arruma as roupas às pressas e sai correndo em direção ao bar. Eu volto mais devagar, ponderando que ela não é assim tão... Certinha...

Mas é exatamente como eu desconfiava.

O sexo foi bom... Bom demais, eu diria, um tanto surpreso comigo mesmo e com ela. Ao chegar perto do bar, ela já está saindo. Pergunto ao bartender, pois ele nos viu juntos mais cedo, e ele me conta que Diana chamou um táxi. Eu me inclino no balcão, pensativo.

Ela deixou o beach club como se estivesse fugindo do próprio demônio. Sorrio comigo mesmo, diante do trocadilho. E detalhe: ela saiu achando que aquele foi o fim da nossa pequena aventura.

Ah, tadinha

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