[NOTAS INICIAIS]: QUEM EH VIVO SEMPRE APARECE, WEEEEEEEEE \O/
Eu sei, tem criança latindo, cachorro chorando, lares destruídos e cabelos caindo, mas cá estou!!! Não vou me estender aqui porque sei que vocês estão ansioso pra ler, mas peço que POR FAVOOOOOR leiam as notas finais! Assim posso matar a saudade de vocês e explicar um pouco o que anda me acontecendo!
No mais, bem-vindes, novamente, ao Vermelho do Caos! Boa leitura <3 Não esqueçam de usar a tag pra falar da fic no twitter! Vou conferir tudo lá hihihihih
#MorangoCanhoto
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"Pois em ti me fiz inteiro, íntegra desfeita do fantasma de um todo. Em ti me fiz inteiro! E no escuro me recolho do nada que sobrou de mim: pois em ti me fiz inteiro."
Samanda, 2020.
Terça-feira, 19h50.
Eram quase oito quando estacionamos no bolsão lateral à primeira entrada da praia, rente ao meio-fio de cores alternadas e tinta descascada de verões passados. No banho de lua nascente, pouco se vislumbrava da orla através da cerca. Não havia muito que se descobrir entre os coqueiros que separavam o gigante azul da avenida principal de Samanda; o curto trajeto arborizado que desenhava uma rota pedregosa até o chão de areia mais parecia a rota mágica à Terra do Nunca, fruto natural da cadência de alegrias eternizadas na praia que se fez tocável naquele interlúdio.
Foi apesar de doer que estive ali, muitas noites passadas, tantas vezes que já não se contava nos dedos; foi apesar de doer que vi no mar escuro a resposta ao que nunca perguntei, quando, apesar de doer, chorei lágrimas de sal que queimaram pelo para sempre que cabia num segundo. E apesar de doer, a vida seguiu: uma dança atrapalhada de preposições que davam em algum lugar — onde? — e sempre se estendiam e demoravam em reticências travessas que só faziam adiar a resposta.
Que resposta?
O chocolate que uma vez fora viçoso nos olhos de Kyu estalava amargo no fundo da minha língua, opaco como as cinzas esvoaçantes de algo que se desfez. De algum modo, eu pensava que poderia fazer dar certo se aguentasse um pouco mais. Ele não estragaria tudo se eu não lhe desse o aval; nada estaria perdido se eu não fizesse por onde. E na sequência de culpa dolorosamente costurada à brasa, talvez as coisas se acertarem se eu tivesse um pouco mais de paciência.
— Vamos?
Um aceno curto em resposta foi tudo que o dei ao sentir a saliva rasgar garganta abaixo junto às incontáveis hipóteses desastrosas que me obriguei a engolir em antecipação. Toquei seus dedos frios e a falta de contraste quase me deprimiu, já não soubesse que dessa infelicidade nascia o único nós remanescente de uma coleção de amores que não foram e não-amores que eram. Não fomos amor. Fomos a unidade que se negou; a negação que se uniu. Éramos o não-amor. E nessa ciranda de ser-ou-não-ser não havia questão, senão, talvez, o vazio por ele mesmo e uma certa miséria de torcer a alma.
Na boca do estômago, a ansiedade familiar me retorcia à medida que avançávamos pela trilha mágica — um nome tão bonito que não encontrava espaço entre nós. A cada passo, um porquê escandalizado e novas razões para fugir enquanto havia tempo. Onde estive com a cabeça, afinal? E o espírito escorria, escorria, e escorria, amargo como o sangue espesso de um corte que não fere corpo; fere alma.
Senti um pequeno conforto das luzes salpicadas logo à frente, tentando, por um momento, deixar que a areia quente entre os dedos do pé fosse tudo que eu pudesse sentir. Não me demorei neste lapso de simplicidade sensorial, embora precisasse tão desesperadamente desse estímulo primitivo, bobo, concreto, uma âncora tal qual o fio derradeiro que sobreviveu ao exagero do pensar.
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VERMELHO DO CAOS • jjk + pjm
Fanfic[EM ANDAMENTO] Park Jimin carece de grandes aventuras, preso por um relacionamento abusivo e traumas antigos. Nada parece fazer tanto sentido na pequena cidade litorânea de Samanda, onde os dias são longos e as noites soam apenas como terríveis inte...