Capítulo 15

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DARLAN MANSFIELD

O longo percurso fez meus pensamentos irem mais longe ainda. Em um certo momento, comecei a pensar da vez em que contei para Anastácia sobre a única pessoa que ficava contente com minhas conquistas, Tyler. Sendo sobre o treinamento ou não, ele que me abraçava e dizia que estava orgulhoso. Eu compreendo que meu tio não fazia isso por um motivo maior, Aaron queria que eu fosse o melhor, e céus, eu quase consegui.

Estacionei o carro perto de minha garagem. Virando meu rosto para retirar o cinto de segurança, mas antes que eu olhasse novamente para frente, meus olhos se atentaram em um caderno em cima do banco de carona.

Pensei ser o diário de Anastácia, porém, quando li o que estava escritos nas pequenas páginas, percebi que estava errado. O descontrole que Anastácia teve na nossa inesperada conversa ontem à noite, começou a fazer sentido.

Cada página virada minha raiva crescia. Por que ela escreveria o que sabe sobre minha família? Entregaria para alguém? Usaria contra mim? Um ódio ardeu em meu peito, eu me sentia usado. Estava à segundos antes de abrir a porta e gritar com ela. Mas antes que meus dedos girassem a maçaneta, outra pergunta soprou em meu ouvido como um fantasma: Isso não é um pouco parecido com o que fizeram com ela?

Por mais alto que eu gritasse, não diminuiria minha culpa. Eu estava lá, li cada informação que chegava dela e não fiz muito para impedir o presente.

Eu não passava de um covarde.

- Levou a sério quando te disse para demorar, hein? - ela abriu a porta antes de mim, o cabelo arrepiado por ter levantado às pressas. - O que foi? Que cara é essa?

Entrei carregando todas as sacolas, guardando-as até sobrar apenas uma em minha mão. Só então respondi:

- Eu estraguei seu belo dia, me deixe recompensar isso. - me virei, com a caixa de sorvete cobrindo meu rosto. Naquele dia, ela tentou ter momentos felizes, e eu arruinei seu esforço com meu medo. Sei que está muito cedo para tentar ser feliz, mas posso tentar não me isolar em apavoro. Por hoje, pelo menos.

- Sorvete de morango! - Sorridente, Ana deu curtos pulinhos até arrancar a caixa de mim.

- Olha só pra você, como pode um lobo se transformar em um coelhinho fofo por sorvete?

- Vejo que finalmente está aprendendo sobre como funciona as mulheres. - retrucou, ainda sorrindo.

Cantarolando a música que tocava no rádio, Ana pegou duas colheres e se sentou no pequeno sofá, esperando eu me sentar ao lado dela.

No instante que minha pele tocou a dela, eu me arrepiei. Me senti em um ato mais obsceno do que a nudez compartilhada anteriormente, eu estava perdendo a cabeça.

- Gosta disso?

Meu rosto virou em sua direção com cautela. Capturando cada parte dela até chegar as mãos ocupadas.

- De sorvete? Nunca fui uma dessas crianças obcecadas por algum doce.

- Então é por isso que é amargo? - ela gargalhou baixinho. - Tô brincando.

Eu acabei rindo junto, tombando a cabeça para trás. Longe de ficar relaxado, quando Anastácia Carson fez o mesmo, os olhos azuis cravados em algum lugar entre meu pescoço e minha boca.

- Não acho que vá acontecer, mas se tivesse uma única pergunta para fazer, qual seria?

- Por mais que as respostas não tenham sido, em sua maioria, positivas. Sinto que já conheço o suficiente de você.

- Não se faça de modesta agora.

Anastácia exitou.

- Quero que me conte algo que nunca contou à ninguém. Que nem mesmo você ousou falar em voz alta, mas grita dentro de você todos os dias.

- Você primeiro. - a voz arranhada em um manifesto claro da mais pura provocação. A casa vazia ecoava nossa intimidade como nunca. Porque uma inimiga já tinha o que precisava, enquanto que a parceira queria mais do que palavras escritas em um papel. A mesma mulher, insana.

- Eu quero ser amada. - confessou. - Eu quero... que fiquem ao meu lado, e me deixem amar, quem quer que seja, de perto.

- Apesar da monstruosidade das circunstâncias, ler sobre você, eram uma das partes favoritas do meu dia. Conseguia odiar qualquer um que me mandassem, mas... Era complicado quando tocavam em seu nome. Poderia ser inveja ou admiração, mas não era ódio, nunca foi ódio. - nós trocamos olhares em euforia por um tempo, tendo a certeza que o meu segredo seria o segredo dela. Que o que ela me disse, seria a nova coisa que gritaria dentro de mim todos os dias.

Que se dane, eu gosto disso. De coisas que só fazem sentido para nós.

MADELYN WHITAKER

Estava no bar onde trabalhava, quando o toque de meu celular ecoou pelo local.

Larguei o pano que usava para limpeza do balcão e corri até minha bolsa. Meu coração acelerou por um segundo quando vi quem era.

— Ginny?

— Ele estava aqui. Darlan apareceu de surpresa e...

Tive que interrompê-la.

— O quê?! Por que não tentou me avisar a tempo?

— Relaxa. — eu não tinha como ficar relaxada, mas teria que ao menos fingir. As vezes me esqueço que para ela eu sou apenas mais uma da lista de garotas de Darlan. — Usei minha oportunidade de uma boa maneira. E no final, o fiz aceitar a vir na lanchonete com a garota.

— Quando?

— Amanhã.

Dei um sorriso diabólico e então retruquei.

— Nos vemos amanhã então, queridinha.

— Mal posso esperar para quando vocês se encontrarem! — disse, em um ingênuo entusiasmo.

— Eu também mal posso esperar.

Mansfield - Destino MortalOnde histórias criam vida. Descubra agora