Capítulo 21

78 5 8
                                    

DARLAN MANSFIELD

"- Me beije."

Eram frases repetidas com constância em minha mente enquanto meu rosto afundava no emaranhado de seus cabelos. E havia tantas outras coisas mais importantes para pensar neste momento. Como a carta de Marcel Roux.

Presenciar Anastácia nesse estado me atingiu de uma forma absurda. Eu entendo parcialmente todo o lance do luto, acontece que abandono era a última coisa que eu esperava me identificar.

Imaginei cenários possíveis de acontecerem. Se ela fosse atrás da Mary ou do Aaron, eu estaria longe o bastante para não me importar. E se eu ficasse e Aaron viesse até nós, se ele a machucasse mais do que me machucava, o que iria fazer?

"- Me beije."

De qualquer forma, eu teria que largar a única coisa que tenho: meu passado. Eu me sentia frustrado, então corri para ela como fazia antes.

"- Eu imploro."

Não olhei relógio algum, mas visto como o céu já estava começando a escapar da escuridão. Diria que era às 5. Dirigi até sua casa com a mesma ansiedade em que deixei aquela cama, e não iria parar até eu fazer...isso.

- Ginny, é o Darlan! - iria fazer barulho de qualquer jeito mesmo. - Abre a porta.

- Darlan? - ouvi essa pergunta por mais noites conturbadas do que essa.

- Eu te perdoo, se fizer uma coisa por mim. - respondi, já dentro de seu pequeno apartamento. - Só uma coisa...

Bastou ela trancar a porta novamente, para que eu me livrasse de minha camisa e aos poucos, todas as peças de roupa estavam espalhadas pelo chão.

Assisti ela fazer o mesmo. Desencadeando centenas de madrugadas passadas. Seu rádio começara a tocar uma música da qual eu não conhecia. Os primeiros 3 segundos foram o suficiente para eu decidir que aquele som continuaria dominando o lugar. Ou até a mim.

"Fico apaixonado quando estamos fumando aquele la-la-la-la-la."

- Boa garota, vamos. - segurei sua mão, nos guiando até o box do banheiro.

"Fico apaixonado quando estamos fumando aquele la-la-la-la-la."

Liguei o chuveiro, deixando que nos molhasse inteiramente.

- Você quer que eu te beije?

- É claro que eu quero. - minha demora em reagir revelou que ainda não estava satisfeito. De alguma forma ela entendeu. Era muito boa nisso. - Me beije.

"Fico apaixonado quando estamos fumando aquele la-la-la-la-la."

Segurava seu rosto cada vez para mais perto, admito que a urgência em minha boca pegaram-a de surpresa. Mas talvez os lábios dela eram gentil demais, não tinham a forma atrevida que apenas uma das mulheres era capaz.

Vim até aqui num ato inconsequente, precisando de ajuda. E acho que não há nada para ser feito por ela não precisar de mim tanto quanto eu.

"Fico apaixonado quando estamos fumando aquele la-la-la-la-la."

Livrei seu rosto, para segurar suas coxas. Não houve dificuldade alguma em ergue-la até suas pernas rodearem minha cintura.

Eu preciso dela. Céus, eu preciso tanto dela.

Até um tempo atrás, diria que sexo no banheiro não valeria o esforço. Acontece que muita coisa mudou, e com ela, minha percepção sobre o complicado.

Mansfield - Destino MortalOnde histórias criam vida. Descubra agora