Capítulo 4

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A Jeff sai do abraço ao reconhecer a minha voz.

-Emma?!-ela quase que grita.

-Jeff!-digo de lágrimas nos olhos ao ver quem é que ela abraçava.

-Não...-ela olha para o Luke, a dois passos atrás.

-Sim...-digo, já com lágrimas a cair.

-Emma...-o Luke sussurra para consigo, mas eu consigo ouvi-lo.

-Luke!-grito.

-Luke...-diz a Jeff, como se a ameaçá-lo.

-Jeff!-diz ele, com algumas lágrimas nos olhos, como quem pede misericórdia.

-Luke...-digo, a andar em direção a ele.

-Emma!-grita ele, desmanchando-se em lágrimas.

Ele limpa-as com o seu casaco e corre para fora do parque.

-Jeff...-digo, mais irritada do que sempre.

-Emma...-diz ela, com o seu tom vingativo.

-O... Que é que... Fizeste?!?!?!?!-grito esta última parte.

-Eu?! Nada! E tu e o Callum, que fizeram?-pergunta ela, olhando para trás de mim de repente.

-Nós não...

-CALLUM!!!!-grita ela, histérica.

-Jeff...-diz o Call, a tentar fingir que está feliz por a ver.

-Mãe?-pergunto de novo, ao vê-la ao lado do Callum, agora abraçado pela Jeff.

-Emma...-diz ela, tentando consolar-me, ao ver as minhas lágrimas.

Abraço-a e deixo as lágrimas cair, uma por uma. Precisava mesmo de um abraço em que pudesse realmente ser sincera, ser eu, mostrar ao mundo a minha tristeza ou apenas a essa pessoa.

-Emma, vamos.-diz o Callum, com uma cara de enjoo, agarrando-me pelo braço e tirando o Char das mãos da Jeff.

-Aquela... Estava a agarrar no nosso filho!-diz o Callum, enquanto saímos dali.

*Precisamos de falar. Apaga esta mensagem quando a leres.*recebo do Luke.

Quando a leio fico com o coração a mil, como assim precisamos de falar? O que é que nós temos de falar? Nós vamos falar? Calma, nós vamos falar! Eu e o Luke vamos falar!

Guardo o telemóvel no bolso e continuo a andar.

-Quem era?-pergunta-me o Callum,

-Ninguém, devia ser engano-sorrio.

*

Peço ao Callum para me fechar o vestido branco que vou levar esta noite. Enquanto ponho os brincos, o Charlie começa a chorar, berrar mesmo e eu sou obrigada a ir ver dele.

Quando entro no quarto dele, vejo-o de cara vermelha e vou ver a sua temperatura.

39,5ºC.

-Call?-chamo.

-Sim?-responde ele, do nosso quarto.

-O Charlie está doente...

-Não faz mal, a tua mãe trata dele.

-Não, eu trato.

-Mas temos de sair.

Não posso ser irresponsável ao ponto de deixar o meu filho com a minha mãe doente, até porque o problema não é dela e passar a batata quente não me parece a melhor solução.

-Se calhar devia ficar...-digo, a olhar para ele, que entretanto está à porta do quarto.

-Emma! Não! Já disseste que vinhas.

-Mas o Charlie ficou doente! Paciência!

-Eu quero mesmo ir!

-Então vai sozinho, eu fico com o Charlie...-digo, um bocado chateada obviamente.

Temos os dois um filho e quem tem de se sacrificar sou sempre eu, mas também não é que eu quisesse ir.

-Ó Emma, dizes que vens, vens e depois nada. Estou a ficar farto de achares que podes mudar tudo à última da hora.-diz ele, sem qualquer consciência do que está a dizer.

-Se o Char não estivesse doente eu ia!-grito.

-Estou farto! São sempre desculpas e mais desculpas... Espero que quando eu voltar me tenhas alguma coisa para dizer-diz ele, saindo da porta e indo até a entrada.

As lágrimas vêm aos olhos e algumas atrevem-se a saltar, deixando-me de cara molhada e olhos vermelhos.

-Emma...-diz o Call, que entretanto voltou atrás.

Tento parar as lágrimas, enquanto ele me abraça, ao lado do berço do Charlie.

-Desculpa, querida...-diz ele, no meu ouvido.

-Eu queria ir, mas ele está doente!-digo, por entre soluços.

Eu não queria ir, ainda bem que ele ficou doente.

-Ficas mesmo bem sem mim?-pergunta ele.

-Fico, diverte-te!-digo, sorrindo-lhe.

Ele beija-me e sai de casa.

5 vezes - 2ª ParteOnde histórias criam vida. Descubra agora