8 anos depois por Valentina
O que a dor nos ensina nem o amor é capaz de nos ensinar. Por isso que geralmente só damos valor quando perdemos alguém.
A intensidade que sentimos essa dor também é totalmente diferente em cada etapa de nossa vida. Quando eu perdi a minha mãe eu sofri, lógico que sofri, porém eu não entendia a dimensão que era o nunca mais, eu tinha apenas 6 anos e com o passar do tempo me conformei em acreditar que ela tinha virado aquela estrela mais brilhante do céu e que de lá ela olhava por mim e me protegia.
Cresci, a morte apesar de sempre ter feito parte da minha vida se tornou algo distante, eu estava em uma fase que tudo ia "bem" todos com saúde, jovens e papai estava maravilhoso. Ver ele caindo assassinado na minha frente foi como fazer parte de um filme de terror e não saber o roteiro, não saber pra onde correr dos monstros que nos perseguem. Me senti impotente.
O luto com 19 anos é totalmente diferente, eu já sabia o peso do nunca mais, não iria acreditar que ele virou uma estrela, era vivenciar a dor nua e crua, era enfrentar os monstros sozinha.
Descobri que não tinha tantos amigos como aparentava ter, entendi que a maioria não liga pra dor de ninguém, me surpreendi como tudo virou dinheiro ( O que ele te deixou? Quando vão abrir o testamento? Quem vai assumir a presidência das empresas? ) ninguém ligava verdadeiramente pra ausência dele. Eva ficou cega, cheguei a pensar que ela nem estava sofrendo, o Guile nunca foi bom em falar sobre o que sentia e eu, eu me afundava sozinha.
Naquela manhã ensolarada, mais sinceramente pra mim era mais um dia nublado, naquela manhã alguém me notou.
Alguém que não precisava parar e me olhar, alguém que não precisava deixar de seguir a sua rota, alguém que não tinha motivos pra se preocupar comigo, esse alguém me notou.
JULIANA, Juliana chegou como um raio de sol ou melhor como o próprio sol, o dia que era nublado para mim ganhou brilho, uma luz. Aquela garota de blusa vermelha e calça jeans parou e sem motivo algum perguntou se eu estava bem, se eu precisava de algo. O que Juliana fez por mim nesse momento ninguém nunca tinha feio antes.
Eu não era Valentina Carvajal para ela, eu era uma garota solitária chorando em um parque e ela se importou em saber o motivo.
Juliana foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, se hoje alguém me perguntasse qual foi o momento mais feliz da minha vida, eu diria sem pestanejar que foi os dias que passei ao lado dela.
8 anos se passaram e o sorriso dela ainda é a minha imagem favorita.
8 anos se passaram e suas lágrimas ainda são a causa das minhas lágrimas.
Nada dói mais em mim do que a nossa despedida, deixá-la, mentir para ela que não sentia mais nada, vê-la me questionar, vê-la me implorar pra ficar me mata por dentro a cada segundo da minha existência.
De tudo o que eu queria fazer por aquela garota, infeliz era a única coisa que nunca tinha passado pela minha cabeça. A felicidade de Juliana era a minha felicidade, se o sorriso dela já era a minha perdição, o sorriso dela quando eu era o motivo esse definitivamente era o meu favorito. O sorriso que eu mais amava e eu estava destinada a fazê-la feliz por todos os dias das nossas vidas.
Se me perguntarem como estou hoje, hoje fazem 2.920 dias em que o sol não brilha para mim. São 8 anos longe dela, 8 anos de um vazio sufocante.
Não gosto de pensar que ela está com outro alguém, sei, eu sei que ela merece o mundo, mas me dói imaginar o meu mundo sendo tocado por outra pessoa. Quero que ela esteja feliz, porém me angústia o fato que ela pode ter seguido a vida dela realizando nossos planos com outra pessoa.