Extra - Bebês

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Aquele nerd de merda. Sempre pedindo para eu explodir a cara dele com aquele sorriso brilhante e olhos hipnotizantes. E aquele cheiro de alfa nojento e gostoso de hortelã e menta. Refrescante e irritante. Ele só tinha um trabalho: me servir durante meus dias de carência. Só isso. Mas nãooo! Ele tinha que ter aquele cheiro delicioso me abraçando, tinha que ter aquele colo quentinho e aquelas mãos fortes nas minhas coxas. Ele tinha que ser atencioso e fofo pra caralho, tinha que ter a habilidade de fazer um bom cafuné, tinha que se preocupar e emanar a maior imagem de conforto e alegria pra porra do meu ômega. E os – argh – beijinhos e elogios que ele me deu... QUE NOJO!!
 
– MORRAAAAAA!!! – gritei alto, explodindo o que seria meu travesseiro e ficando frustrado logo depois. – Nerd de merda... – murmurei abraçando o porco de pelúcia que ele havia me dado. Aquele abusado pervertido. Odiei esse presente, por isso guardei para todas as noites esmagar ele em meus braços.
 
Já fazia uma semana que meus dias de carência haviam acabado e agora estava tentando absorver toda a humilhação e vergonha que passei. Ainda não consigo me acostumar com o fato de que meu corpo, sozinho, procura por Deku para ficar colado nele como um bicho preguiça. Antes dos dormitórios, eu só ficava no meu quarto, comendo sorvete e assistindo comédias românticas. Irritante e vergonhoso, sim, mas tolerável e ninguém sabia. Mas foi só mudar para os dormitórios da Yuuei e ficar vinte e quatro horas, sete dias por semana, convivendo com o cheiro daquele Deku, que instantaneamente recorri a ele.
No entanto, a parte pior veio depois. No meu cio do mês seguinte, alguns dias antes, lá estava eu roubando as roupas daquele nerd perseguidor de merda. Roupas essas que agora uso no meu ninho, durante os cios e bem... Deku não precisa saber disso e muito menos saber o que faço com ele nos meus pensamentos durante esse tempo. Seria vantajoso se o desgraçado me desse mais roupas com cheiros mais forte? Seria, mas prefiro continuar roubando sem ele notar. O merdinha é um lerdo para isso, e deixa tudo jogado em todos os cantos.
Menos o moletom amarelo do All Might que eu estou usando agora. Isso eu enfiei na minha mochila depois que saí do quarto dele e voltei para o meu. Ele percebeu, é claro, mas não falou nada. Ficou com aquele sorriso esquisito na cara, seu cheiro mais forte e animado.
 
– Quem ele pensa que é? – murmurei pegando um punhado do pano do moletom na mão e trazendo ao nariz, me acalmando instantaneamente. – Alfa idiota!
 
Toc Toc
 
– QUEM É, DESGRAÇA? – gritei sem paciência.
 
– Bakubro, sou eu! Eu ouvi a explosão, está tudo bem? – cabelo de merda idiota perguntou.
 
– Tsc. Sim! Volta pro seu mundinho de merda! – respondi de volta.
 
– O-Ok, mas... Será que posso entrar? Quero conversar com você. Por favor!
 
Bufei, revirando os olhos.
 
– Espera!! – gritei me levantando com preguiça.
 
A minha sorte é que eu tranquei a porta, senão esse idiota já tinha invadido sem nem bater. Peguei meu porco de pelúcia e joguei no armário, retirando o moletom e jogando-o lá também. Kirishima não precisa saber que uso as roupas de Deku. Após isso, fui até a porta e destranquei. Mal abri e Kirishima invadiu meu quarto todo desesperado com seu cheiro irritante de alfa preocupado.
 
– Bakubro, eu estou desesperado. Denki me odeia e-... – ele parou de repente e começou a cheirar o ar. Eu corei.
 
– Ei seu idiota! É falta de educação fazer isso no quarto de um ômega, sabia!! – gritei irritado.
 
– S-Sim, desculpe, bro, mas... Eu sinto o cheiro do Midoriya. Ele esteve aqui hoje? – olhou ao redor.
 
– N-Não, idiota! Claro que não! Por que o nerd de merda ia vim para cá! – gritei, cruzando os braços – Diga logo o que veio fazer e cai fora! – mudei o assunto.
 
– Oh, certo! – ele voltou a se concentrar, distanciando-se do elefante verde na sala. – Denki está com raiva de mim porque contei o segredo dele para você e o Midoriya. – choramingou fazendo bico.
 
– Que segredo? – perguntei confuso.
 
– Sobre ele usar mamadeira. – sussurrou.
 
– Ah, isso! – sorri maldoso – O bebezão está preocupado com o que? Eu não vou sair por aí dizendo que ele é um bebê, só se ele me irritar como sempre!!
 
– Não faz isso, Bakubro, por favor! – Kirishima agarrou meus ombros – Prometa que não vai dizer nada, por favor, Denki está com tanta raiva de mim agora que está lúcido. Por favor! Por favor! – ele começou a me sacudir, me irritando.
 
– Argh! Cala a boca, seu idiota! – explodi seu rosto, mas o merda já estava preparado, usando sua quirk para se defender. – Eu não vou dizer nada, ok? Agora cai fora do meu quarto! – o empurrei para a porta, já abrindo-a no processo.
 
– Jura?! Ah, Bakubro! Você é um amigão, mesmo! Tão másculo! – ele me abraçou de repente.
 
– Eeii! – minhas palmas voltaram a soltar explosões com raiva, mas antes que eu pudesse atingi-lo, ele se afastou com um semblante confuso.
 
– Que estranho, cara. Parece que o Midoriya te deu um abraço cheio de feromônios alfa forte. – ele fez uma careta, que eu explodi é claro, dessa vez sem dar tempo dele se defender.
 
– CAI FORA DO MEU QUARTO! – o chutei para longe e fechei a porta, ignorando seus resmungos de dor e até a provável fumaça que subia de seu rosto. Não sei como não ligou os sprinklers do dormitório. – Idiota de merda! Acha que pode chegar no meu quarto e falar que está cheirando à Deku. – fui até meu armário e peguei o moletom de volta, colocando-o por cima da regata preta que eu usava. Peguei meu porco de pelúcia e voltei para a cama. Já passou do horário de eu dormir.
 
E sobre o cheiro de Deku, isso eu resolvo com uma boa corrida matinal que vai me fazer suar e um bom e longo banho com sabonete de lavanda. E para finalizar, vou vestir o uniforme que mais contém meu cheiro. Eu sempre faço isso e sempre dá certo. Se depois disso tudo eu ainda cheiro àquele nerd, ninguém nunca falou e se falar, eu faço com que nunca fale novamente.
 
[...]
 
Hoje o dia já começou irritante. Recebi encaradas do Pikachu todo desconfiado durante o café da manhã achando que eu ia falar algo sobre ele ser um bebezão e tomar mamadeira durante seus dias carentes. Eu adoraria fazer isso por toda a raiva que ele me faz passar? Adoraria, mas não vou porque entendo que todos os ômegas tem seus desejos estranhos nesse período. Como eu, que estava tão louco no último dia que pedi beijos e elogios para aquele brócolis ambulante. Me deixou com tanta vergonha, tão quente, mas ao mesmo tempo tão confortável e amado. Argh! Eu detesto isso! E pior que aquele pervertido ainda me deu um selinho. Eu devia denunciar ele por assédio!!
E não era comigo que Kaminari devia se preocupar, e sim com Deku. Não duvido nada que aquele perseguidor analista colocou que Kaminari gosta de mamadeira nos dias carentes em seus caderninhos de heróis. E do jeito que Deku adora murmurar, tenho certeza que uma hora escapa e... Espera... Deku é um fofoqueiro murmurador e pode muito bem falar do meu segredo constrangedor para alguém.
 
– DESGRAÇADO DE MERDA!!! – gritei assustando algumas pessoas no corredor. – Vou agora mesmo ameaçar aquele arbusto de que se ele falar algo, eu o mato!! – dei meia-volta, deixando de ir a aula para procurar por Deku.
 
Na verdade, nem o vi no café da manhã, então nem sei onde o bostinha poderia estar-
 
– Fica comigo no meu cio??
 
– QUEEE???
 
Parei instantaneamente ao ouvir tal declaração vergonhosa, porém, o que me deixou mais chocado foi ver quem estava tendo tal conversa. Parados mais à frente, estava aquela cientista louca da TI de cabelo rosa e... Deku?! O que o Deku está fazendo com ela? E espera... Ela acabou de pedir pro Deku ficar com ela durante o cio??
 
– C-Como assim ficar com você durante o cio, Mei? – o sardento perguntou, e eu me escondi atrás de uma parede para não ser visto.
 
Ok, talvez ouvir conversa dos outros não seja educado, mas não é como se eu não tivesse feito isso antes. A culpa não é minha. Eles estão falando na minha frente. Quer privacidade vai pra um quarto, droga!!... Não... Espera... Deku e essa maluca em um quarto?
 
– Oh! Hahahaha! – ela riu histérica, irritando meus ouvidos. Meu lobo rosnou junto comigo para aquela talarica de merda. Espera! Não! Não! Eu não estou interessado no Deku. Não mesmo! – Não é isso... – ela voltou a dizer, atraindo nossa atenção – Eu não te quero durante o cio, somente depois, nos dias carentes. – a vi dando de ombros e Deku pareceu suspirar aliviado, assim como eu. POR QUE EU ESTOU ALIVIADO?!??
 
– A-Ah, claro! Eu posso fazer isso! – Deku respondeu com aquele sorriso fofo e gentil. NÃO PODE NÃO! Espera! Pode sim, eu não sou dono dele. Não quero ele. Claro que ele pode. Eu nem me importo com o que esse idiota faz! Acho melhor ir para a sala e-
 
– Ótimo, obrigado! – ela começou a se afastar correndo, mas antes de ir completamente, se virou – Ah, só mais uma coisa, durante meus dias de carência, eu gosto de fazer muitos bebês!!!
 
– O QUEEEE?? – gritei, mas logo tampei minha boca. Por sorte, Deku havia gritado junto comigo e não ouviu minha voz.
 
Não fiquei parado e voltei ao caminho para a sala, chegando mais rápido do que imaginava. Sentei em meu lugar e minutos depois Deku apareceu, dando uma desculpa esfarrapada para os seus amiguinhos antes de se sentar em seu lugar atrás de mim. Eu suspirei e tentei me concentrar na aula assim que Aizawa passou pela porta, mas não consegui.
Bebês? Aquela maluca quer fazer bebês com meu Deku?! D-Digo, com o Deku de merda? Argh! Não. Eu não posso me importar com isso e muito menos ficar triste por isso. Droga, ômega, controle-se. Só porque você ouviu que o alfa que você está estranhamente envolvido e cujo o cheiro é extremamente satisfatório, vai passar três dias com outra ômega fazendo filhotes, não significa que você deve ficar triste, sentindo-se um inútil do caralho.
É claro que todo mundo sabe que ômegas, inicialmente, tendem a ter o desejo de ter filhotes e dar uma família aos seus alfas e que ômegas masculinos são na grande maioria, inférteis. Essa notícia foi que mais me deu alegria depois que despertei como ômega. Então por que agora, malditamente agora, essa merda me aflige?
Quero dizer, é normal Deku querer ter uma família com alguma ômega por aí, mas ele devia se concentrar em ser um herói. Em rivalizar comigo e batalhar pelo primeiro lugar. E não em ficar fazendo filhos por aí. Não. Não. Eles com certeza não vão fazer bebês, e muito menos transar e muito menos Deku irá reivindica-la como sua ou coisa do tipo. Deku pode ser um alfa, mas continua sendo um nerd obcecado por heróis e em ser um herói. É nisso em que acredito e nisso que vou continuar acreditando.
 
[...]
Alguns dias depois...
 
– Bakubro, não vai para o almoço? – Kirishima me perguntou após deixarmos os vestiários. Tínhamos acabado de nos trocar após uma aula de combate.
 
– Tsc. Não. Preciso ir no Estúdio de Desenvolvimento e falar com Power Loader sobre minhas manoplas que deixei com ele. – murmurei com desgosto. Não gosto de treinar ou ir para as aulas sem elas, mas dessa vez foi necessário já que havia alguma coisa de errado com o sistema interno delas.
 
– Ok, te encontro depois no refeitório! – despediu-se apressado, provavelmente ansioso para encontrar certo Pikachu. Principalmente agora que Kaminari tinha parado de dar gelo nele como castigo por revelar seu segredo.
 
Eu não sei porque esses dois não ficam logo juntos. Já são colados como chiclete e todo mundo sente o cheiro de um no outro até mesmo fora dos dias de Denki. Sem contar que se Kirishima não fizer nada, aquele morto-vivo de cabelo roxo vai acabar roubando o Pikachu dele.
 
– Tsc. Como se eu me importasse. – estendi minha mão para abrir a porta do Estúdio de Desenvolvimento, mas parei ao ouvir uma voz familiar.
 
– A-Assim? – era a voz do Deku, soando bastante ofegante pro meu gosto. Instintivamente apertei minhas mãos em punho. O que Deku está fazendo aqui?
 
– Isso! Bem aí, Midoriya. Está quase lá! – uma segunda voz. A daquela maluca de cabelo rosa. Mas o que eles dois estão- – Continua! Mais fundo! Mais fundo!!
 
Meus olhos se arregalaram, meu coração apertou e uma raiva imensa surgiu.
 
– QUE MERDA É ESSA? – abri a porta na maior raiva e vergonha, porém tudo isso caiu quando vi Deku ainda com seu traje de herói, abaixado e enfiando a mão em uma máquina esquisita. A maluca de cabelo rosa estava em pé, atrás dele.
 
– A-Ah, oi Kacchan! – ele acenou para mim, seu rosto sujo de fuligem. – Ah! Peguei! – ele gritou de repente, tirando a mão da máquina e trazendo consigo uma chave de fenda.
 
– Isso! Você encontrou! – a maluca pegou a ferramenta com apreço – Viu só! Eu disse que estava bem fundo na máquina. – sorriu animada. – Obrigada, Midoriya!
 
Meu rosto corou rapidamente. Eles não estavam... Deku não estava... Oh inferno! Eu fiz papel de idiota!!
 
– De nada, Mei! – ele se levantou do chão com um sorriso que só direcionava a mim geralmente. – O que está fazendo aqui, Kacchan? – de repente perguntou, virando-se para mim.
 
– Tsc. Não é da sua conta! E o que você está fazendo aqui?? – perguntei de volta. Nem um pouco curioso, só para despistar a vergonha pela qual passei e ninguém precisava saber.
 
– Estou com Mei para-
 
– Para fazer bebês, muitos bebês super fofos!! – a garota se agarrou a ele, esfregando o rosto sujo no pescoço do Deku. No mesmo pescoço que eu gosto de cheirar. No mesmo local. Perto da glândula odorífica. Por que Deku deixou ela ficar tão perto assim? E o que ela acabou de dizer?
 
– O que? – perguntei mais baixo do que pretendia. Acho que estou ficando chateado de novo. Essa merda de sentimento!
 
– N-Não é isso que você está pensando, Kacchan. – Deku respondeu com certo desespero, mas não deixou de abraçar a garota de volta, circulando seus braços em volta dela. Braços esses que só deviam me abraçar. Somente a mim!! Deku...
 
– Tsc. Esquece, não quero saber! – respondi com desagrado.
 
É óbvio que ela já está naqueles dias de carência. Eu entendo que Deku tem que dar atenção para ela, do mesmo jeito que deu para mim e do mesmo jeito que já deu para aquela Cara Redonda e para aquele Pavê meia boca. Todos eles já tiveram o mesmo carinho que Deku já deu á mim. Não é como se eu fosse especial, Deku somente é Deku, um alfa idiota gentil e amoroso com todos.
 
– Power Loader está? – perguntei sem olhar para os dois, procurando em volta pelo herói escavação.
 
– Não, ele saiu. – ela respondeu com um ronronar, novamente os olhei para saber o porquê e me arrependi ao ver Deku afagando os cabelos róseos sem hesitar.
 
– Tsc. Tá! Desculpe atrapalhar o casalzinho, eu volto depois! – resmunguei me afastando rapidamente, com uma enorme vontade de chorar e esfregar a cara daquela maluca contra minha palma explosiva. Ignorei totalmente os chamados de Deku.
 
Ao invés disso só fugi pro refeitório e me sentei ao lado de Kirishima como se nada tivesse acontecido. Pelo menos era o que eu queria, mas pelos olhares que recebi, meus feromônios devem estar os mais azedos e incômodos agora. Mas que se danem eles! Que se danem também Deku e aquela maluca! Eu não quero mais saber de nada dele, NADA!!
 
[...]
 
– Eu vou queimar! – não queima! – Vou explodir essa merda! – n-não!! – Não quero mais nada dele no meu quarto! Não me importa – você quer! Você se importa! – CALA A BOCAAA!!!!
 
Ser um ômega é completamente beirar a loucura. É viver todos os dias com uma maldita segunda voz na cabeça. Eu estou há mais de uma hora tentando explodir todas as roupas e presentes de Deku no meio do meu quarto, mas eu não consigo. Eu só quero me livrar de tudo que me lembra ele, mas eu não consigo. Todos esses moletons, camisas, bonecos do All Might e até minha pelúcia de porco cheiram e lembram à Izuku Midoriya. É irritante e confortável. É repugnante e gostoso. É tudo o que eu mais quero. Droga!
 
– Tsc. Idiota!
 
Toc Toc
 
– VAI EMBORA! EU ESTOU PASSANDO POR UM SURTO PESSOAL AQUI! – gritei para quem quer que fosse.
 
– V-Você o que? K-Kacchan, você está bem? Precisa de ajuda? – de todos os idiotas que podiam bater na minha porta, logo ele bate! Que vida miserável!
 
– VAI EMBORA, DEKU! Não quero te ver! – cruzei os braços, fazendo bico. Se Kaminari me visse agora diria: “Quem é o bebezão?!”.
 
– Por favor, Kacchan! Eu só quero conversar. – droga, ele pediu de um jeitinho tão fofo com essa voz gostosa e sexy de merda.
 
– Argh! – marchei irritado até a porta, abrindo-a rapidamente. – Que diabos você quer? – gritei sem paciência, tentando olhar Deku nos olhos. Ele tinha ficado somente alguns poucos centímetros mais alto que eu, esse nerd fofo.
 
– P-Posso entrar? – ele forçou um sorriso.
 
Parei para pensar e disfarçadamente cheirar o ar ao redor dele. Ele estava limpo. Não cheirava mais àquela maluca com fedor de chocolate. Cheirava somente à Deku. Meu Deku. Porém, não quero que ele entre. Tem um amontanhado de coisa dele no meio do meu quarto e eu definitivamente não quero que ele veja.
 
– Não. Fala aqui mesmo! – cruzei os braços, decidido em conversar fora do meu espaço pessoal.
 
– C-Certo. – murmurou um pouco desajeitado, olhando ao redor e suspirando logo depois. – Sabe, Mei me pediu para ficar com ela nos dias de carência já que o grupo de ômegas que ela participava a expulsou depois dela ficar insistindo para eles fazerem bebês com ela.
 
– O q-que?? – corei fortemente. – Ela é louca?
 
– Não. Não é esse tipo de bebês, Kacchan. São as invenções dela. Ela queria alguém para ficar ao lado dela para fazer invenções, esse é o desejo dela nesses dias. – explicou com um sorriso. Eu me acalmei ligeiramente. Claro, faz sentido. Esqueci que aquela doida chama os aparatos explosivos dela de bebês. Então ela não estava tentando fazer filhotes com o Deku?! Meu coração se alegrou de repente. – Eu sei que você sabe... – ele continuou – Que para um ômega, realizar seus desejos nesses dias é muito importante. Por isso ela me pediu ajuda. Ela estava se sentindo muito negligenciada e por isso resolvi ajudar.
 
– Por que está me explicando isso, Deku? – descruzei os braços, relaxando minha postura. Deku era realmente um alfa muito gentil com todos, o que o tornava único para muitos, inclusive para mim.
 
– P-Porque eu queria deixar as coisas claras. – uma cor vermelha tomou suas bochechas sardentas e ele nunca esteve tão fofo. – N-Não queria que você pensasse que estou te traindo ou coisa do tipo. Hehehe! – sorriu sem jeito, desviando os olhos.
 
– M-Me traindo? – perguntei em um sussurro, agora eu que estava corando.
 
Deku arregalou os olhos, provavelmente percebendo o que disse. Ele gaguejou algumas vezes, balançou as mãos e até riu como All Might antes de parar e respirar fundo. Ele começou a emanar um cheiro que mostrava uma forte onda de decisão com uma pitada de nervosismo. Porém, continuava sendo bom para mim.
 
– Kacchan... – ele ficou rígido – Eu quero que saiba q-que... – sua voz confiante vacilou ligeiramente, mas logo se recuperou – Você é especial para mim e eu nunca te trocaria por ninguém. – nossos rostos ficaram vermelhos e eu me senti envolto de uma névoa de amor e carinho. – E isso vale para todos... Todos os sentidos que puder imaginar. – sua voz se tornou suave, quase como um calmante natural para meus sentidos – Eu gosto de você, Katsuki.
 
Meu coração disparou e eu senti uma falta de ar inexplicável. Eu poderia dizer que havia nitroglicerina na minha cabeça, porque ela explodiu depois dessa declaração tão repentina. Ouvir meu nome soar assim, pela voz de Deku, de maneira tão doce e sincera era estranho, mas genuinamente agradável.
Eu queria dizer também. Queria falar o que sentia. Gostaria de dizer todos meus desejos, medos, inseguranças e até mesmo insultos, mas não consegui. Deku me deixou sem palavras. Eu não consegui raciocinar direito. Só conseguia sentir. Sentir meu coração batendo rápido, meu lobo animado pulando e balançando o rabo dentro de mim e meu rosto queimar.
Mas também senti ele. O senti segurar meu rosto entre suas mãos. E focando meus olhos aos seus, finalmente percebi sua aproximação e seus lábios roçando os meus. Eu congelei e ele também. Porém, como não reagi negativamente ao contato e proximidade, ele continuou. E que bom que ele continuou. Ele me beijou demoradamente, antes de se afastar por alguns milímetros, tempo suficiente para me fazer gemer de frustração e sua risada soar pelos meus ouvidos. Ele voltou a se aproximar, mas começou com simples beijos pelo meu rosto, aos quais respondi com ronronados e com minhas mãos abraçando suas costas.
 
– Meu Kacchan é tão fofo... Perfeito... Forte... Corajoso... Incrível... – disse a cada beijo. Usando o meu desejo contra mim. Que nerd esperto de merda!
 
– I-Idiota... – resmunguei após outro selinho rápido. – Me beija, Deku. – pedi manhosamente, apertando a camiseta em suas costas. O vi sorrir, antes de arrastar o nariz pela minha pele e finalmente tomar meus lábios aos seus com mais paixão.
 
Sua língua invadiu minha boca no mesmo momento que ele invadiu meu quarto me guiando para trás. Ouvi a porta fechar ao longe, distraído com o quão saboroso meu alfa poderia ser, mas do que eu imaginava que ele seria. Somente despertei quando senti meu corpo cair e um grito saiu da boca contra a minha. Por sorte minhas costas caíram em alguma coisa macia e quando Deku se afastou, eu retornei a mim, percebendo onde havíamos caído.
 
– Kacchan, isso é... – ele pegou uma de suas camisas que estava ao lado. – Minhas roupas? – me encarou com dúvida.
 
Eu corei imensamente. Tanto por ter Deku em cima de mim com seu corpo quente, forte e agradável, quanto por ter caído com ele logo em cima de todas as coisas que pertenciam a ele. Lado bom, vou ficar cheirando à Deku por um longo tempo. Lado ruim, Deku pode me achar um esquisitão que coleciona roupas dele.
 
– E-Eu... – gaguejei. Que merda! Respira, Bakugou! Seja homem, droga!

De repente ele riu. Uma risada gostosa e contagiante. Eu ri um pouco também, mas de nervoso pelo o que ele estava pensando.

– Kacchan, se você queria minhas roupas era só dizer. Eu posso te dar o guarda-roupa inteiro que não vou me incomodar. – ele se abaixou, beijando a lateral da minha cabeça. Suspirei.

– Jura? – perguntei receoso. A verdade é que odeio o estilo de moda de Deku, mas não resisto às roupas impregnadas com seu cheiro.

– Com toda certeza, Kacchan. Ficaria feliz em te dar todas que quiser, mesmo que isso significasse andar sem roupa. – comentou divertido, me irritando, é claro.

– Olha aqui, Izuku, nem pense em aparecer sem roupa na frente de outra pessoa sem ser eu, entendeu?? – o puxei para perto pela camisa.

Vi seus olhos esmeraldinos arregalaram e eu logo os acompanhei. Meu ALL MIGHT DO CÉU! O que eu acabei de dizer? Eu sou um ômega possessivo?

– Kacchan... Você é tão fofo! – ele riu, me dando um beijo de esquimó antes de me beijar na boca novamente.

Minha raiva se foi, minha mão o soltando para abraça-lo mais próximo de mim. Afundamos mais em suas roupas e eu me senti coberto de Deku por todos os lados. Com sua língua em minha boca e suas mãos pelo meu corpo. Eu sabia que quando ele pudesse, seria um alfa pervertido. Mas não o culpo, tudo que mais quero agora é Deku e somente Deku. Ou seja, mal posso esperar para meu próximo cio!!

FIM!!!

__________EXTRA DO EXTRA__________

– Wow! FICO MUITO FELIZ POR VOCÊ, BAKUBRO!! – Kirishima gritou, irritando-me. Mas não por seu grito, e sim pela imensa distância que ele estava de mim. Estávamos no corredor e ele estava praticamente fugindo de mim, há uns dez metros de distância. Tive que contar meu relacionamento com Deku aos gritos para ele. Agora provavelmente toda a escola sabe.

– FICA FELIZ, MAS ESTÁ LONGE PRA CARALHO! VEM AQUI, CABELO DE MERDA!! – o chamei novamente.

– NÃO DÁ, BAKUBRO! – ele tampou o nariz – VOCÊ CHEIRA COMPLETAMENTE AO MIDORIYA E É MUITO FORTE. ACHEI ATÉ QUE FOSSE ELE!!

– COMO ÉÉÉ??? – gritei envergonhado e zangado. Não pode ser tão ruim assim. Eu estou achando ótimo na verdade, até estou usando o moletom favorito dele, e Deku deixou de bom grado, até insistiu. O que isso poderia significar?

– ACHO QUE ELE ESTÁ TENTANDO MARCAR TERRITÓRIO ATÉ CONSEGUIR TE MARCAR DEVIDAMENTE. ENTÃO VOU RESPEITAR E MANTER DISTÂNCIA!! – novamente o ruivo gritou.

– MANTER DISTÂNCIA O CARALHO! VEM AQUI KIRISHIMA!! – comecei a correr atrás dele. Não me importo com Deku querendo seu cheiro em mim, por tanto que o oposto aconteça também.

E aconteceu. Enquanto eu corria atrás de Kirishima, passei por Cara de Bolacha, Maluca dos bebês e Pavê correndo na direção contrária.

– PESSOAL, ESPERA! O CHEIRO DO KACCHAN É ÓTIMO, NÃO FUJAM! – Deku vinha logo depois correndo. Acho que nem me notou ao que passou por mim, mas não importava. Deku ficava lindo usando minha camisa do uniforme.

FIM²!!!

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