Bônus - Todo o Tempo do Mundo

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AVISO: no Spirit, essa fanfic está como +16. Por isso não há lemon. Esse é somente um bônus fofinho que fiz em momento de carência pessoal. Espero que aproveitem!

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Acho que já era de manhã. Eu não digo isso pela pouca luz do sol que se infiltrava pelas cortinas do quarto, mas sim pelo meu celular vibrando perto de onde estávamos. O que arrancou um resmungo irritado do ômega abaixo de mim e um rosnado de minha parte. Depois de mais uma longa noite com Kacchan e seu cio, acordar cedo era o menos desejado por nós dois.
 
– Dekuuu... – o loiro resmungou abafado por meu peito, esfregando o rosto contra ele e me apertando mais em seu abraço, suas garras fincadas em minhas costas nuas. – Desliga.
 
– Tsc. Vou matar esse despertador idiota. – me ergui e me estiquei para alcançar o celular largado em cima de um travesseiro. – Quem pensa que é, acordando meu ômega. – resmunguei, meu lobo raivoso pelo maldito aparelho ter despertado nosso companheiro.
 
Assim que desliguei o despertador, a tela brilhante com a imagem de All Might me atingiu, incomodando meus olhos. Os quais pisquei várias vezes para me acostumar com a luz artificial logo cedo. Aproveitei para olhar a hora: era meio-dia. Ok. Talvez não fosse tão de manhã como havia pensando. Além da hora, havia notificações de Iida. Algo sobre ter deixado uma caixa com suprimentos na porta do quarto de Kacchan.
 
– Dekuu. Desliga. Idiota. – Bakugou voltou a choramingar e eu fiz o que foi mandado, esfregando minhas mãos em meu rosto para tentar acordar. Olhei em volta.
 
Estávamos no ninho de Kacchan, em seu quarto, no chão. Rodeados pelas roupas de ambos, travesseiros, cobertas e alguns preservativos que eu precisava urgentemente jogar fora. Kacchan estava embaixo de mim, seu rosto em meu peito, enquanto eu provavelmente dormi abraçando seu travesseiro. Era o que? Seu segundo dia de cio? Ou seria o terceiro?
Bem, não importa. Quando me afastei para dar uma boa olhada no meu ômega, meu lobo ronronou orgulhoso ao ver a mordida entre seu ombro e pescoço. Sim. Eu marquei Kacchan na nossa primeira noite juntos. E baseado na dor lancinante no meu pescoço, ele fez o mesmo comigo. Marcados. Juntos. Perfeito. Eu pertencia a Kacchan e Kacchan me pertencia. Não podia pedir coisa melhor!
 
– Tsc. Seu cheiro está forte. No que está pensando com esse seu sorrisinho? – o loiro questionou, olhar sonolento, mas atento ao meu rosto. Sorri para ele, me ajustando para deitar ao seu lado e o puxar para um abraço. Nossos corpos nus estavam suados e uma nojeira total, mas nada que um banho posteriormente não resolvesse. Por enquanto, ficar abraçado com Kacchan era incrível.
 
– Estou feliz de estar com você. Só isso. – respondi sincero, meus dedos deslizando pela marca da mordida, simplesmente amando a cor rosada que se apossou do rosto do meu parceiro.
 
– I-Idiota... Você disse a mesma coisa ontem e anteontem. – Katsuki bufou, se aconchegando em meus braços e afundando o rosto em meu peito novamente. Ele inalou fundo meu aroma de hortelã e menta, e eu fiz o mesmo, afundando meu rosto em seus cabelos loiros e sentindo o cheiro de caramelo queimado e café. Na verdade, nossos aromas estavam misturados pelo quarto. Uma combinação diferente, mas perfeita para nós dois.
 
– E vou continuar dizendo. Sempre. – murmurei contra seus fios que faziam cócegas em meu nariz. Em resposta, um ronronado que inflou meu peito de orgulho. Beijei o topo de sua cabeça antes de me afastar e tomar o lugar em cima de seu corpo novamente.
 
Uni meus lábios à sua testa – retirando um pouco do cabelo loiro da frente – e distribui mais beijos abaixo de seus olhos, bochechas e nariz, até chegar em seus lábios vermelhos e inchados da noite passada. Meu polegar deslizou pela carne macia de sua boca, me fazendo sorrir bobamente.
 
– Você é lindo. – sussurrei, com toda atenção dos olhos vermelhos em mim.
 
– Por que está sussurrando o óbvio? – ele sussurrou de volta, um sorriso de canto surgindo em sua bela face.
 
Suspirei apaixonado, juntando minha testa à dele, ambas minhas mãos segurando seu rosto com gentileza.
 
– Porque sinto que meu coração vai sair pela boca se eu falar mais alto. – respondi, vendo de camarote a coloração vermelha nas bochechas, ouvidos e chegando até o pescoço do meu ômega. Logo após, uma careta e um bico fofo. Sorri orgulhoso mais uma vez. Feliz por ser o único a ver e proporcionar essa gama de expressões de Kacchan Midoriya-Bakugou.
 
– Brega. – murmurou e eu não me segurei mais, tomando seus doces lábios para mim.
 
Um beijo doce e lento após vários brutos e famintos. Não que eu não goste das nossas caricias durante o cio, mas costumam ser tão animalescos com nossos lobos no controle, que as vezes é bom pensar somente em ter Kacchan em meus braços, e não nos pensamentos pervertidos da noite anterior. Arrancar gemidos e ronronares manhosos do meu loiro somente em mordiscar seus lábios sensíveis ou afagar seus cabelos, é o melhor jeito de começar o dia. Ou o resto dele.
 
– Quer banhar ou comer primeiro? – questionei após nos afastar.
 
– Hum. – ele parou para pensar por um instante, e quando parecia que ia responder que queria um banho, o roncar de sua barriga o entregou, deixando rubro mais uma vez. – Tsc. C-Comida. Droga, Deku!
 
Eu rir, ganhando alguns tapas no peito, antes de me afastar para vestir pelo menos uma cueca para pegar a caixa de suprimentos que Iida havia deixado. É bom que nossos amigos tenham pensado em deixar algumas coisas para nós. É difícil sair do quarto quando eu e Kacchan estávamos loucamente entregues um ao outro. Não demorei em pegar a caixa e traze-la para dentro.
Havia garrafas d’água, comida de micro-ondas, toalhas limpas e cobertores limpos. Por sorte, Sato nos havia emprestado seu micro-ondas, então não demorei em colocar dois pacotes de macarrão para esquentar. Enquanto isso, vi Kacchan vagar pelo quarto com um moletom meu – esse que o deixava muito fofo e precioso – e ligando o ar-condicionado do quarto.
 
– Quer abrir a porta? – apontei para a sacada e ele negou com um simples balançar de cabeça, voltando a se jogar no ninho, esticando-se e me distraindo com o moletom se levantando e revelando o resto de seu corpo nu. – Poxa, Kacchan. Isso é maldade. – comentei sentindo minhas bochechas coradas. O ouvi rir maldosamente, ao que apoiava as mãos atrás da cabeça. – Tsc. – voltei a prestar atenção na nossa comida. Kacchan passou a ser muito malvado e provocativo após a terceira vez que fizemos amor. Ninguém imaginando que na primeira vez ele agiria todo dengoso e choroso. Fofo demais para descrever.
 
Após o aparelho apitar, eu retirei os alimentos e peguei duas garrafas d’água que felizmente estavam geladas. Retornei para nosso ninho e sentei no chão contra a cama. Kacchan não demorou muito para engatinhar até mim e se deitar contra meu peito, pegando sua comida e a devorando com pressa, enquanto eu comia a minha mais lentamente, com cuidado para não o queimar por acidente.
Quando terminou – primeiro que eu – Kacchan bebeu toda sua garrafa d’água e parte da minha. Depois, se alinhou entre minhas pernas e contra meu peito, pegando um cobertor para se cobrir. Terminei de comer com o loiro fazendo desenhos imaginários em meu abdômen. Bebi o que sobrou da minha água e deixei os pacotes de comida vazios de lado junto com as garrafas, abraçando o corpo de Kacchan contra o meu logo em seguida.
Quando suas ondas de calor não apareciam, era assim que ficávamos. Abraçados em um confortável silêncio. Inicialmente conversamos, sobre como foi ou como poderia ter sido e como poderíamos tentar fazer na próxima vez. Foi vergonhoso, mas agora era normal. Passou-se somente um dia – ou dois, ainda não sei –, mas parecia que passávamos os cios juntos a mais tempo.
Eu acabei entrando na minha rotina também, não me segurando com o forte aroma de Kacchan, então quando não era ele que começava, as vezes era eu. A rotina dos alfas durava quatro dias. Um dia à mais que os ômegas. Então se depender disso, podemos ficar esse tempo trancados no quarto. Se minhas contas estiverem meio certas, então passou-se dois dias. E depois ainda teria os dias de carência de Kacchan. Porém, graças a marca, não seriam tão fortes ou perigosos. Assim como o cio não estava sendo doloroso. Ou será que estava?
 
– Kacchan, o cio está sendo-
 
– Não. – ele logo me interrompeu, bufando contra meu peito. Provavelmente eu estava murmurando como sempre. – A marca e sua presença tornaram essa merda de período mil vezes melhor, nerd. Não se preocupe.
 
– J-Jura? – corei só em ouvir isso. Meu alfa chega pulou animado por estar sendo útil ao nosso parceiro. Esse é o verdadeiro destino de um alfa: ser útil para seu ômega. Deixa-lo feliz e seguro. Porém, a marca também compartilhava sentimentos, e eu podia sentir uma pequena quantidade de frustração vindo do loiro. – Kacchan, o que foi? Está chateado? – perguntei preocupado, encarando os cabelos loiros, macios e bagunçados.
 
Novamente Kacchan bufou e levantou o rosto para nossos olhos se encontrarem. Ele estava incrivelmente com pupilas grandes e brilhantes, como a foca mais fofa que você poderia avistar indo até um aquário ou ao mar. Corei novamente. Meu namorado é majestoso e fofo. Ele é... Fofotoso. Sim. Gostei de como isso soa, combinando até com gostoso, o que Kacchan também é.
 
– É meu ômega... – ele resmungou, atraindo minha atenção para suas palavras.
 
– Seu ômega? – questionei de volta. Ele acenou com a cabeça.
 
– Ele quer... filhotes... – murmurou bem baixo. Envergonhado. Senti meu corpo inteiro esquentar e ficar vermelho.
 
 F-Filhotes? – repeti no mesmo tom.
 
– Agora que você está aqui, é como se finalmente pudéssemos ter, além do prazer, uma família. – suas sobrancelhas se juntaram em uma carranca – Mas não quero uma família, ainda. Somos novos demais. Ele não parece entender isso, como se dissesse que estivesse ficando tarde.
 
Suspirei, compreendendo o que o loiro queria dizer. Nossos lobos eram como uma segunda alma em nossos corpos, assim como eram subgêneros. E as vezes, eles tinham vida própria e influência em nossas escolhas. Já havia lido uma pesquisa que dizia que eles tinham seus próprios nomes e idades. Era estranho, e ao mesmo tempo, curioso.
 
– Já ouviu falar da teoria da Vida dos Subgêneros: Os Lobos Vivem? – perguntei, tentando distraí-lo e continuar nossa conversa. Kacchan negou com um olhar confuso. – É uma teoria muito interessante. Diz que nossos lobos tem sua própria vida, e por isso interferem em nossas escolhas. Sabe... – ri nervosamente – Meu lobo te escolheu antes de mim.
 
– Sério? – seus olhos brilharam.
 
– Sim. Foi quando éramos pequenos. Mesmo sem termos nossos subgêneros confirmados. Havia uma voz dentro de mim, ou um uivo no caso, que sempre ficava mais alto quando estava perto de você. Somente depois eu percebi o que era e o que significava. E sinceramente? Eu amei que tínhamos a mesma opinião e bom gosto. – sorri brilhantemente, ganhando um rosto corado em resposta.
 
– Tsc. Deku de merda, o que isso tem a ver com meu ômega querendo filhos? – resmungou emburrado e eu não pude deixar de rir suavemente, segurando seu rosto entre minhas mãos.
 
– A teoria também diz, que nossos lobos tem suas próprias idades. Diferentes de nós. Você disse que seu ômega queria filhos porque estava ficando tarde, certo? – Kacchan assentiu. – Talvez seja porque seu lobo é mais velho que nós, e acha que já está na hora. Mas, escute meu ômega... – direcionei minhas palavras para o lobo de Kacchan, os olhos carmesins brilhando intensamente. – Eu e Kacchan temos todo o tempo do mundo. Nada vai nos separar e eu jamais vou deixá-los. E não é somente eu que penso assim, mas meu lobo também. Amamos vocês. – disse em alto e bom som, sorrindo em seguida.
 
Foi gratificante ver os olhos marejados de Kacchan e o ronronar alto vindo de seu corpo, assim como tê-lo se soltando das minhas mãos e esfregando o rosto contra meu peito todo dengoso, seus braços me apertando em um abraço, assim como na nossa primeira vez. Afaguei seus cabelos, bagunçando-os ainda mais, antes de descer até a marca em seu pescoço e acaricia-la com cuidado. Debrucei-me sobre ele e beijei o topo de sua cabeça novamente, inalando seu aroma contente e calmo. O ômega dele havia entendido. Teríamos tempo para filhotes. Teríamos tempo para uma família. Teríamos, todo o tempo, para nos amarmos.
 

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