CAPÍTULO 17

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Nunca imaginei que estar realizando o sonho mais almejado por mim fosse ser tão desolador

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Nunca imaginei que estar realizando o sonho mais almejado por mim fosse ser tão desolador. Nem mesmo a mudança da paisagem de acordo com o passar dos dias é capaz de me dar qualquer faísca de ânimo. A ardência em minha garganta aumenta na mesma medida que meu incômodo por causa dela. O mais grave para mim é não sentir vontade de fotografar qualquer uma das vistas que vi uma única vez sequer. Se bem que também não seria possível, uma vez que deixei câmera, celular, tudo para trás em meio a minha turbulenta partida. As únicas coisas constantes durante toda essa viagem é o sentimento de solidão que sinto em meu peito e o cara da outra fileira de cadeira que não para de olhar para mim. Não sei explicar o motivo, porém assim que seu olhar encontrou com um meu senti um arrepio. Talvez seja o fato que quando os olhos dele me viram tenham se tornado incrivelmente brilhantes, pois até então seu semblante era sério. Mas junto do olhar logo veio um sorriso de canto.

O cara me passou a impressão de ser o clássico caso de homem esquisito. O que me chama atenção logo no início em seu rosto é a cicatriz que ele carrega em sua bochecha esquerda, pois é um filete rosado em meio a uma pele branca, que faz minha barriga doer. Alguns fios loiros escapam do capuz do seu sobretudo preto. Outra peculiaridade dele, suas roupas são todas pretas, e assim como eu, ele possui pouca bagagem.

Durante toda a viagem a dinâmica que se estabelece entre nós é bem semelhante à de Tom e Jerry ou Piu-Piu e Frajola. Ele se esforça em chamar minha atenção, enquanto eu me esforço em ignorar ele de todas as maneiras possíveis.

 Ele se esforça em chamar minha atenção, enquanto eu me esforço em ignorar ele de todas as maneiras possíveis

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Quando por fim o ônibus chega no destino a noite já se instala no céu. Assim que o ônibus para, sinto uma enorme vontade de pegar minhas coisas e sair dele o mais rápido possível. Contudo, devido às inúmeras pessoas presentes sou impossibilitada por alguns minutos. Fico longos minutos à espera do ônibus esvaziar. O cara estranho de sobretudo preto próximo a mim não é tão persistente quanto eu. Vê-lo partir me traz um abundante alívio.

E só quando restam apenas pouquíssimas pessoas ainda para sair é que começo a me movimentar em direção a saída. Quando estou na porta do ônibus prestes a descer as escadas é que um delicioso vento gélido bate em mim. E quando desço as escadas sinto que o clima mudou. Embora não sinta mais frio ou calor, pelo que percebi nos últimos dias, acho melhor seguir como se sentisse. Isso me faz sair do ônibus direto para um banheiro.

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