Inexplicable Attraction - Jikook

Capítulo 6

Jungkook

— Você tem certeza de que está bem? — perguntou Jimin, sem perceber que tinha ultrapassado todos os limites com suas idas ao hospital. 

Ele foi até lá todos os dias nas duas últimas semanas para ver como Eun e eu estávamos.

Cada dia que passava, eu ficava mais irritado com a persistência dele. 

Eu não queria que ele estivesse ali, e agora era óbvio que a minha ida à floricultura para procurar Minji tinha sido uma péssima ideia.

O pior de tudo? 

Jimin nunca ficava calado.

Ele nunca parava de falar. 

Era como se todos os seus pensamentos precisassem passar pela sua boca. 

E, o que era ainda pior, cada palavra vinha repleta dessas bobagens hippies, positividade... 

Quando ele falava, só faltavam o baseado, os cristais e um tapete de ioga.

— Posso ficar se você precisar — ofereceu ele mais uma vez. O tubo de alimentação de Eun-ha logo seria retirado, e os médicos estavam confiantes de que ela seria capaz de começar a se alimentar sozinha, o que era um passo na direção certa depois de meses de incertezas. — Sério, Jungkook. Não tem problema se eu ficar por mais algumas horas.

— Não. Pode ir.

Ele assentiu e finalmente se levantou.

— Tudo bem. Volto amanhã.

— Não.

— Jungkook, você não precisa passar por isso sozinho — insistiu Jimin. — Posso ficar aqui e ajudar se...

— Você não percebe? Não quero você aqui. Vá incomodar outra pessoa com a sua piedade.

Ele ficou boquiaberto e deu alguns passos para trás.

— Não tenho pena de você.

— Então deve ter pena de si mesmo por não ter vida própria — murmurei, sem fazer contato visual, mas ainda assim pude notar o olhar pesaroso no rosto dele.

— Há momentos em que eu entendo você, sabe? Em que percebo o quanto você está machucado, em que vejo sua dor e sua preocupação... mas você logo arruína tudo com a sua grosseria.

— Pare de agir como se me conhecesse.

— Pare de agir como se não tivesse um coração. — Jimin mexeu na bolsa, pegou um papel e uma caneta e anotou o número do seu telefone. — Aqui, pegue isso, caso você precise de mim ou mude de ideia. Já trabalhei como babá e posso ajudar se precisar.

— Por que você não consegue entender? Não preciso de nada que venha de você.

— Acha que isso diz respeito a você? — Ele riu com desdém, balançando a cabeça. Seus dedos foram até o pingente em formato de coração. — Parece que o seu ego está impedindo você de entender as coisas. Não estou aqui por você. Eu mal te conheço. A última coisa que a minha mãe me pediu foi que eu cuidasse das minhas irmãs, e como a Minzy não está aqui, acho importante que eu cuide da filha dela.

— Eun-ha não é sua responsabilidade.

— Talvez não, mas você gostando ou não, ela é da minha família, então, por favor, não deixe que o seu orgulho e sua raiva te impeçam de me procurar se você precisar.

— Não vou precisar de você. Não preciso de ninguém — explodi, sentindo-me irritado com a personalidade bondosa dele. 

Era ridículo como ele era capaz de se doar tanto, tão livremente.