três

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O toque do celulares era insuportável. Os aparelhos queimavam depois de tocar durante a noite inteira nos bolsos do jeans de Allyson. Twitter, Instagram... Tudo fazia barulho demais.

Os olhos de Dinah abriam lentamente, sentindo a ardência por conta dos raios solares que invadiam o quarto pela manhã de sábado. Sua cabeça doía, seu corpo estava mole. Ainda com a visão embaçada, conseguia vizualisar o corpo que estava em seus braços. Allyson. A garota sorriu. Fazia tanto tempo que não tinha essa visão. Sua garota em seus braços, em uma manhã ensolarada, depois de passarem a noite juntas.

Ao mesmo tempo, sentia sua cabeça doer. Não conseguia acreditar no que haviam feito. Mesmo que tivesse esperado muito por aquele momento do reencontro, Dinah sabia que haveriam suas consequências.

O celular tocou.

— Porra. — Sussurrou, se levantando lentamente sem fazer muitos movimentos bruscos.

Caminhou lentamente até a calça de Allyson e pegou o celular. Um número desconhecido estava ligando. Dinah não atendeu. Apenas riu. Eram exatamente 07h15, estava cedo demais. A loira foi até o banheiro e lavou o rosto, escovou os dentes... Outro celular toca. 

— Que inferno... — Ouviu Allyson resmungar.

Dinah viu a garota pelo espelho, rolava pela cama e dormia de novo. Um vago sorriso aparece no rosto de Dinah, que dá uma corridinha para pegar logo o aparelho que tremia e fazia barulho.

Desta vez era sua mãe, Milika.

— Dinah. Jane. Hansen.

— Mamãe... Bom dia. — Falava baixo enquanto se sentava na beira da cama.

— Não se faça de cínica. Onde você está? Allyson está ai com você?

Olhou para Allyson por cima do ombro.

— Estou em casa, e, ela está aqui sim... — Respondeu quase em um sussurro.

— Você por um acaso está ficando louca? Ou melhor, vocês. Saem por ai, fazem notícia para todos os jornais possíveis e você, Dinah, age como se nada tivesse acontecido. Você já leu algo ao menos? Sabe o que estão falando?

Dinah passava a mão por seus cabelos. Sabia que sua mãe estava a ponto de surtar e não queria nem ver aquilo acontecer.

— Mamãe, relaxa, ok? Está tudo bem, eu e Allyson vamos resolver isso. — Tentou acalmar a senhora Milika.

— Resolver isso? Onde está Allyson? Quero falar com ela agora.

— Ela está dormindo, não vou acordar. — Sorriu enquanto encarava o chão. — Mais tarde te ligo, love u. — Desligou a chamada.

Sabia que Milika provavelmente sentiu vontade de jogar o celular na parede assim que Dinah encerrou a chamada.

Sua mãe sempre foi muito protetora, mas todo esse cuidado aumentou depois de ver a filha ficar cada vez mais famosa. O Fifth Harmony foi onde Milika atingiu o ápice de sua preocupação com Dinah. Não suportava ver a garota virando noites, em clubes, saíndo com pessoas estranhas, sendo observada e admirada por olhos desconhecidos. Tudo aquilo deixava a senhora Hansen enjoada.

Quando Dinah começou a se relacionar com Allyson, Milika pode ter seus momentos de sossego. Se sentia em paz sempre que as duas estavam juntas, pois sabia que a responsabilidade de Ally era a única que sua filha não iria contrariar. Ao mesmo tempo, tinha suas dúvidas sobre o futuro das duas. Entendia perfeitamente como funcionavam as regras que as garotas precisavam seguir, mesmo que doesse em sua própria filha.

— Ela surtou, não é? — A voz lenta de Allyson preencheu o quarto, fazendo com que Dinah se virasse rapidamente para observa-la.

Os olhos castanhos brigavam com o sol, mas brilhavam.

Red Wine • DinallyOnde histórias criam vida. Descubra agora