01 | welcome to hell

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O nervosismo insiste em tomar meu corpo, mesmo minha respiração estando controlada. Minha perna não para de tremer enquanto penso na importância do dia de hoje. É a final do Campeonato Regional de Vôlei, que vai acontecer no meu colégio. Consegue imaginar?
O ônibus escolar está virando a esquina da rua da escola, e sinto meu coração palpitando de ansiedade. Meus fones tocam Youngblood, do 5 Seconds of Summer, e minha mente pulsa na batida da música enquanto um sorriso involuntário brota no meu rosto. Realmente cheguei até aqui!
Honestamente, estou confiante. Meu time é muito bom, não querendo subestimar as garotas do colégio rival, mas já ganhamos delas na oitava série e sei que podemos fazê-lo novamente.
O ônibus para com um chiado. Agarro minha mochila com força e vou até o vestiário feminino, quase correndo.

(...)

Meu time está a um pontos de vantagem à frente do time adversário. Mais um ponto, e fechamos o segundo set. A movimentação da bola agora está do outro lado da rede, a bola será sacada em minha direção. Me preparo e flexiono os joelhos pronta para atacar, mas quando a bola chega mais perto de mim, sinto uma dor atordoante do lado esquerdo da minha cabeça, nas têmporas.
A dor me faz cambalear e cair no chão. A areia arranha meu braço direito. Sinto meu cérebro chacoalhando e girando e girando. Pisco repetidas vezes, tentando fazer a visão focar em algo. Vejo um borrão se tornar vários, imagino que sejam pessoas vindo me ajudar.

— Sarah, meu Deus, desculpa! — escuto alguém falar, um pouco distante. — Eu pensei que você não ia pegar a bola, desculpa mesmo! — agora reconheço a voz, Hannah, que estava bem ao meu lado antes.

Quero dizer para ela que entendo, que sei que foi sem querer, mas minha cabeça lateja tanto que acho que meu cérebro desceu e meu coração tomou seu lugar.
Alguns segundos a mais piscando repetidamente e volto a enxergar com mais clareza. As garotas estão me ajudando a levantar e a equipe de paramédicos está chegando com uma maca. Tudo isso é tão necessário assim?

— Eu tô bem, só... — tento me levantar sozinha, mas falho. — Minha cabeça nem tá doendo tanto.

Fico em pé com ajuda, mas assim que me soltam, minhas vista escurece e quase caio de novo. Uma paramédica com um sorriso simpático me ajuda a subir na maca. Hannah sussurra um pedido de desculpas novamente, e digo a ela que não tem problema.
Entro na ambulância que já estava de prontidão desde o começo do campeonato. Sinto minha pressão cair demasiadamente, e me agarro aos ferros gelados da maca quando tudo gira de novo.

— Como está se sentindo? Consegue me ouvir bem? — a moça simpática está colocando uma lanterna nos meus olhos, checando a reação de minha pupilas à luz.

— Consigo. Mas está tudo girando. Acho que vou desmaiar. — tento levar a mão até a testa, mas minhas veias parecem preenchidas com chumbo.

A paramédica então levanta minhas pernas, ajudando minha pressão a subir.

— Não dá para ter certeza de que está tudo em ordem, então vamos te levar ao hospital só por precaução, tudo bem? — ela diz, e eu assinto discretamente. — Tem alguém que eu possa ligar? Sua mãe?

— Meu pai. — consigo dizer em um suspiro. — Ele já vai chegar aqui.

— Certo, por enquanto, vou te dar um medicamento para a dor e algo gelado para colocar aí. — me entrega um comprimido redondo e um pouco de água. — Ele pode te dar uma certa sonolência, então não se preocupe em tirar um cochilo, certo? — ela me oferece um sorriso simpático e acaricia minha mão. Logo recebo uma bolsa de gelo, que deixo na minha têmpora esquerda.
Ela sai da ambulância por alguns minutos e logo retorna, me avisando que os dois hospitais mais próximos estão com a emergência completamente lotada, algum tipo de virose, por isso vou ter que esperar, talvez por tempo demais. Estou com muito sono para respondê-la, então apenas balanço a cabeça, tentando não ceder à sonolência.

RUMO AO CAOS - apocalipse zumbiOnde histórias criam vida. Descubra agora